ONG parceira da Semana Move inspira a troca do carro pelo tênis para mobilidade em São Paulo

27/09/2019

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Foto: Léu Britto/Agência Mural

Por Cleber Arruda, da Agência Mural*

Instituto Corrida Amiga tem 65 voluntários aptos a multiplicar o incentivo da caminhada e de formas alternativas de mobilidade

Quando fraturou o pé há cerca de quatro anos, a administradora de empresas Mity Hori Kato precisou ficar sem dirigir por três meses e descobriu um novo prazer que mudou sua rotina: andar a pé pela cidade. “Ia para o meu trabalho sempre de carro. Na época não existia aplicativo e táxi estava fora do orçamento; comecei a usar o transporte público e a caminhar, mesmo com muletas, vi que era mais rápido e econômico”, conta.

Mity, que adora contemplar a natureza, diz que passou a perceber melhor a cidade, suas belezas e problemas. “Andar mudou toda minha visão do bairro, da cidade. Adoro árvores, plantas, como agora, época dos ipês, que é linda. Mas vejo que São Paulo ainda precisa ter mais acessibilidade e ser mais inclusiva, especialmente, para os cadeirantes, idosos, crianças”, avalia.

Engajada, ela participou do conselho de mobilidade e transportes de São Paulo e, depois, conheceu a ONG Instituto Corrida Amiga, na qual é voluntária atualmente. A ONG tem como objetivo inspirar as pessoas de diversas idades a substituírem o carro pelo tênis e o transporte coletivo.

A gestora ambiental Silvia Stuchi, fundadora do Corrida Amiga, conta que a ideia de criar o instituto veio após um intercâmbio de doutorado, em 2014. “Sempre tive o transporte ativo comigo, e vivenciei outras cidades que valorizam esses deslocamentos, do transporte a pé e do transporte público coletivo. Quando voltei ao Brasil, quis criar algo que incentivasse as pessoas e multiplicasse, assim como também fizesse uma pressão por melhorias na cidade”, conta.

Silvia encontrou no empresário Renato Mello um parceiro para colocar a ideia em prática. Ele conta que caminhar e correr já eram atividades cotidianas e o projeto deu continuidade com novos ideais.  “Descobri que dava para motivar mais pessoas a colocar atividade física no dia a dia, deixarem o carro em casa, economizar dinheiro, ficar menos estressados, ganhar qualidade de vida e começou a crescer por aí”, conta Renato.


A voluntária Mity Hori Kato (de azul) conversa com os fundadores do instituto, Renato Mello e Silvia Stuchi. Foto: Léu Britto/Agência Mural


Atualmente, a instituição conta com 65 voluntários, treinados, espalhados pela Grande São Paulo, e desenvolve campanhas como a “Calçada Cilada”, que mapeou este ano 1571 ciladas ao pedestre em calçadas brasileiras, e o “Dia de ir #aPéAoTrabalho”, que ocorre anualmente na primeira sexta-feira de julho e estimula a população a caminhar até o trabalho.

Por conta da variedade do público atingido com a caminhada, o nome da ONG que tinha como ideia inicial incentivar a prática da corrida não mudou. “Começou com a ideia da corrida mesmo, mas fui vendo que isso era limitante e poderia ser algo muito maior. Como fomos ampliando o escopo e o nome já tinha ficado muito forte, não mudamos”, conta Silvia.

Renato complementa essa explicação: “As pessoas faziam o cadastro pedindo uma corrida amiga, íamos até o trabalho e corríamos até a casa delas, mas queríamos ampliar a questão da acessibilidade e óbvio que caminhando a gente consegue pegar um número infinito de pessoas; correndo não”.



“Não somos contra os carros, mas somos a favor do uso inteligente deles”, argumenta Renato Mello, co-fundador do Corrida Amiga. Foto: Léu Britto/Agência Mural 

Silvia enfatiza a importância da missão do Corrida Amiga. “Não é uma performance e nem, uma corrida, na verdade. A gente estimula o transporte a pé, independente da velocidade. Aproximar o cidadão do espaço que ele vive, para observar cada detalhe da cidade. Ter uma visão que dentro do carro ele não consegue ter”, e complementa: “Temos que melhorar a questão das calçadas, das travessias, semáforos, das velocidades dos carros, do respeito. Mas tem muita coisa boa envolvida.

Além das campanhas, a ONG promove um leque de ações para contemplar os diferentes públicos. “Queremos incorporar as nossas metodologias como conteúdo pedagógico nas escolas. Fazer a criança, desde pequena, olhar para o bairro e se apropriar do local; querer torná-lo melhor, além de também combater o sedentarismo infantil e chamar atenção para questão ambiental, porque com o transporte ativo você não polui, só gasta calorias”, diz Silvia.

A Corrida Amiga é movedora desde 2015, quando acontecia a MOVE Brasil, campanha que deu início à Semana MOVE. Em sua 7ª edição a Semana MOVE conta com mais de 800 atividades em unidades do Sesc de todo o Brasil, além de ter a parceria de mais de 80 parceiros movedores, entre escolas, CEUs, instituições, empresas, grupos e pessoas distribuídas por 13 países da América Latina

Acompanhe as novidades no site internacional da Semana MOVE.

*Série de reportagens produzida pela Agência Mural de Jornalismo das Periferias, que tem como missão minimizar as lacunas de informação e contribuir para a desconstrução de estereótipos sobre as periferias da Grande São Paulo. 

CLIQUE AQUI e acesse a versão em ESPANHOL. 

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