
“Exu como uma força ligada à comunicação entre deuses e homens e metáfora da vida como uma grande encruzilhada.”
— Dione Carlos
No dia 10 de julho, estreia no Teatro Raul Cortez (Sesc 14 Bis) o novo espetáculo da Companhia de Teatro Heliópolis: A Boca que Tudo Come Tem Fome (Do Cárcere às Ruas). Com dramaturgia de Dione Carlos e direção de Miguel Rocha, a peça parte das trajetórias de seis pessoas egressas do sistema prisional brasileiro para propor um mergulho sensível e provocador sobre liberdade, estigma e reconstrução.
No palco, Exu — o orixá das encruzilhadas — guia a cena como símbolo de transformação e comunicação. O espetáculo traz um olhar coletivo e poético sobre a experiência do pós-cárcere, um tempo de desequilíbrio, em que o mundo lá fora parece novo, distante e hostil. “Criei a imagem do desaguar”, explica o diretor Miguel Rocha. “No íntimo do egresso, existem muitas emoções aprisionadas e, na saída do cárcere, elas também se liberam. Como encarar o que foi e imaginar aquilo que será?”
O texto, a música, o corpo, a luz e as imagens se entrelaçam para compor uma encenação híbrida, sem hierarquia entre os elementos cênicos. O público é convidado a vivenciar esse limbo entre grades e ruas — um território instável onde o preconceito continua operando como prisão simbólica. O Brasil, que tem 135,6% de ocupação carcerária e onde 70% das pessoas presas são negras, é denunciado em cena como um país que naturalizou o encarceramento como política pública e a exclusão como norma.
Com 25 anos de trajetória, a Companhia de Teatro Heliópolis é um dos mais importantes grupos de teatro da cidade de São Paulo. Fundada em 2000 dentro da favela Heliópolis, zona sul da capital, a companhia mantém desde 2009 sua sede no Ipiranga — a Casa de Teatro Maria José de Carvalho — onde desenvolve um trabalho contínuo de criação colaborativa. Suas obras refletem as dores, os saberes e as lutas da periferia, cruzando ancestralidade negra, performance e denúncia social. Com prêmios como o Shell e a APCA, o grupo vem circulando por festivais nacionais e internacionais com uma produção artística profundamente conectada ao território.

Estreia: 10 de julho de 2025 (quinta-feira), às 20h
Temporada: de 10 de julho a 3 de agosto
Horários: quintas, sextas e sábados às 20h | domingos às 18h
Ingressos: R$ 60 (inteira) | R$ 30 (meia) | R$ 18 (Credencial Sesc)
Local: Teatro Raul Cortez – Sesc 14 Bis
Sessões com libras: 24 e 25/7. Quinta e sexta, às 20h.
Sessões com libras e audiodescrição: 26 e 27/7. Sábado, às 20h. Domingo, às 18h.
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Um encontro entre memória, arte e potência coletiva
Além da peça, compareça ao bate-papo de lançamento do livro Cárcere ou porque as mulheres viram búfalos, com a autora Dione Carlos, no dia 16 de julho, das 19h às 21h, na biblioteca do Sesc 14 Bis (térreo). O encontro gratuito contará com leitura de trechos da obra encenados pela Companhia de Teatro Heliópolis. Publicado com fotos de cena e textos críticos, o livro registra a montagem do espetáculo homônimo, criado em 2022 pela companhia a partir da dramaturgia de Dione. Entrada gratuita.
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