Chegou o Sesc Jazz 2025!

02/10/2025

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De 14 de outubro a 2 de novembro acontece a 6ª edição do Sesc Jazz. Com 27 artistas nacionais e internacionais, o Festival apresenta shows e atividades formativas que celebram o jazz em sua dimensão afrodiaspórica, baseada na improvisação, na partilha e no fazer coletivo, destacando as expressões culturais do Atlântico Negro e de outros territórios do Sul Global. 

A programação ocupa nove unidades do Sesc no estado de São Paulo: Pompeia, 14 Bis, Franca, São José dos Campos, Rio Preto, Centros de Música do Sesc Consolação, Guarulhos, Vila Mariana e Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo. Conheça a programação completa em sescsp.org.br/sescjazz.

Dominique Fils - Foto: Jetro Emilcar
Dominique Fils – Foto: Jetro Emilcar

Jazz global, afrodiaspórico, contemporâneo, expandido

O Sesc Jazz 2025 apresenta um panorama da cena jazzística mundial contemporânea, promovendo encontros inéditos, diálogos entre tradição e vanguarda, homenagens à memória de mestres, suas obras, legados e renovações, valorizando a diversidade de estilos, instrumentos e vertentes do gênero e suas fusões com ritmos como cúmbia, salsa, soul, R&B, funk, gospel, frevo, candombe, rock, punk e rap.

O conceito de Sul Global, que permeia a curadoria do festival, valoriza o protagonismo de artistas da América Latina, África e diáspora africana, ratificando o jazz como uma tecnologia de resistência e contracultura frente à herança colonial. Essa perspectiva, firmada nas últimas edições, é o eixo que orienta as discussões e os encontros artísticos do evento, que também aumentou a participação de mulheres, não só intérpretes, mas também musicistas, compositoras, bandleaders, mediadoras e profissionais de backstage no festival.

Para além dos espetáculos, o Sesc Jazz oferece uma experiência expandida com ações formativas que aproximam artistas brasileiros e internacionais, acadêmicos e jornalistas do meio ao público em geral. Estão previstas oficinas teóricas e práticas de composição, canto e percussão, cursos, masterclasses, aulas-show, conversas, workshops e audições comentadas que pretendem estreitar o intercâmbio de conhecimentos e culturas entre todos os participantes.

Programação

  • O Brasil no Sesc Jazz

O festival oferece uma safra de apresentações brasileiras inéditas, entre elas: o encontro histórico de gerações entre os pianistas Amaro Freitas e Dom Salvador, que transformaram o jazz brasileiro em épocas diferentes. Pioneiro do samba-jazz, Dom Salvador se une ao pianista pernambucano reconhecido internacionalmente, com show e bate-papo com o público. Evinha, ex-integrante do Trio Esperança, radicada há mais de 40 anos na França e redescoberta por jovens ouvintes via samples de BK e Alok, faz show especial com Marcos Valle, revisitando as canções que ele escreveu para ela no final dos anos 1960 e início dos 1970, consolidando um diálogo artístico e afetivo que atravessa seis décadas. Indiana Nomma, Rosa Marya Colin e Eliana Pittman fazem uma homenagem à diva do samba-jazz Leny Andrade (1943–2023), enquanto os mestres de Olinda Carlos Rodrigues, Lúcio Henrique, Oséas Leão e Maestrina Lourdinha Nobrega se reúnem no show Abafo, Coqueiro, Rua e Ventania para mostrar a riqueza rítmica do frevo ao universo da improvisação com arranjos preparados exclusivamente para o Sesc Jazz.

Evinha, Luedji Luna, e Dom Salvador

Criado pelo percussionista e ogã Luizinho do Jêje, o grupo baiano Aguidavi do Jêje é outro destaque brasileiro, preservando a tradição oral e percussiva em saudação a ancestrais, pretos-velhos, juremeiros, orixás, voduns e sambadeiras, além de Virgínia Rodrigues revisitando seu disco de estreia, Sol Negro, lançado em 1997 e que a projetou internacionalmente, e Luedji Luna, com participação de Alaíde Costa, na turnê de seu recente projeto duplo Um mar pra cada um, Antes que a terra acabe.

Outro encontro, este de intercâmbio internacional, será apresentado pelo grupo Diáspora Lyannaj, resultado artístico do projeto Résidence Croisée França-Brasil, este ano formado pelos brasileiros Fábio Leandro, pianista, compositor e arranjador e pela contrabaixista Vanessa Ferreira em integração com os franceses Boris Reine-Adélaïde (percussionista, especialista no tambor Bèlè da Martinica), e o saxofonista Samy Thiebault. “Lyannaj”, palavra do criolo antilhano, significa “aliança”, “elo”, “união”.

  • Acesso gratuito

Parte da programação de shows será em um palco externo e gratuito, na área do Deck do Sesc Pompeia. Nele acontecerão, aos domingos, os shows do grupo paulistano Aláfia em uma homenagem ao grupo Parliament, coletivo que marcou a música negra estadunidense nos anos 1970, o projeto Coisas supremas: Conexão entre Coisas e A Love Supreme, com Allan Abbadia, um tributo às obras de Moacir Santos e John Coltrane e  o Trio Mocotó tocando o clássico Força Bruta (Jorge Ben), com a participação especial de Ellen Oléria. O grupo, pioneiro na fusão entre samba e soul, também participa de uma audição comentada com o público para contar sobre os bastidores e o legado do disco, gravado por eles em 1970.

  • O mundo no Sesc Jazz

A América Central está representada pela haitiana Moonlight Benjamin, cantora e sacerdotisa que mistura os ritmos cerimoniais do vodu haitiano com blues, rock psicodélico e guitarras elétricas, criando um som potente e espiritual, e pela cantora e pianista cubana Aymée Nuviola,  que apresenta um mergulho no filin, no bolero e na tradição noturna de Havana das décadas de 1950 e 1960.

Da América Latina, o festival recebe artistas que traduzem a riqueza e a pluralidade do jazz contemporâneo em diálogo com suas raízes afro-indígenas. A colombiana Lido Pimienta, indicada ao Grammy Latino e ao Grammy Awards, combina synthpop e música eletrônica com influências tradicionais afro-colombianas. Já o lendário Fruko & La Bonita celebra a colaboração entre gerações em um espetáculo que une salsa, psicodelia tropical e cumbia. O coletivo De Mar Y Río traz a força das vozes e percussões ancestrais da costa pacífica colombiana e conduz uma oficina dedicada à música de marimba, reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade — título também concedido ao candombe, ritmo afro-uruguaio defendido pelo mestre Hugo Fattoruso, que participa do festival com show e com a atividade formativa Candombe do Sul.

Aymée Nuviola, Lido Pimienta e Baaba Maal

A Europa aporta no Sesc Jazz com nomes que exploram diferentes caminhos do jazz contemporâneo. A contrabaixista e cantora franco-caribenha Sélène Saint-Aimé apresenta um som que une tradição e modernidade; do Reino Unido, Bryony Jarman-Pinto destaca-se pela fusão de jazz, soul e folk com letras de tom social. O pianista Tigran Hamasyan, da Armênia, completa o bloco europeu, unindo improvisação, rock progressivo e melodias do folclore de seu país.

Da música afro-norte-americana, três referências de Chicago (EUA) reforçam a tradição e a inovação do gênero: o percussionista Kahil El’Zabar, comemorando os 50 anos de formação de seu grupo; a pianista e educadora Amina Claudine Myers, figura marcante do jazz e do gospel. De Montreal (Canadá), Dominique Fils-Aimé,  expoente do jazz vocal com letras que refletem sobre as realidades sociais que moldaram o blues, o jazz e o soul.

Com repertório voltado a temas de política global, estudos negros e espiritualidade, a sul-africana Gabi Motuba traz um trabalho que reflete sobre identidade e resistência. Também do continente africano, o ganês Alogte Oho mostra a força do Frafra Gospel, o grupo Etran de L’Aïr apresenta o rock do Saara e o cantor, guitarrista, ativista e embaixador cultural senegalês Baaba Maal mescla tradições da África Ocidental com sonoridades eletrônicas em composições que refletem sobre os desafios tecnológicos, políticos e ambientais do continente africano. O artista, cuja voz já ecoou em produções icônicas como A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese, e na trilha dos filmes Pantera Negra, ambientados na fictícia Wakanda, abre o festival com show naunidade Pompeia.

Acompanhe a programação em:

  • Experiências ampliadas

Além dos espetáculos e das atividades formativas, o Sesc Jazz contará com um menu gastronômico exclusivo criado por algumas unidades para o festival. Programe-se para experimentar um cardápio de aperitivos, pratos e drinks inspirado na atmosfera do festival.

  • Artes visuais

A  artista visual multidisciplinar Negana é a ilustradora convidada desta edição. Sua pesquisa é centrada na figura da mulher negra como corpoterritório — portador de memória, espiritualidade e potência. Nascida em João Pessoa e filha de costureira, a artista aprendeu desde cedo a confiar no gesto e na criação manual. Da costura à arte, transformou o fazer em escuta e em trama de afetos, produzindo em bordado, pintura e ilustração narrativas que entrelaçam ancestralidade, memória e transformação.

  • O Sesc Jazz

Evolução dos projetos Jazz na Fábrica e Sesc Jazz &  Blues, o Sesc Jazz chega à sua sexta edição focando seu desenvolvimento curatorial em um campo  distinto de outros festivais do gênero em um ponto fundamental: pela concepção de jazz de pensamento vanguardista, que o considera não uma manifestação afro-americana,  mas sim afrodiaspórica. Destaca-se a pluralidade de vertentes do gênero e também de instrumentos abarcados,  assim como a diversidade de corpos e a valorização da relação entre artista,  instrumento e performance. O conceito de sul global ganhou força nas últimas três edições do festival e se firmou como base para as discussões, tendo referências  geográficas periféricas. 

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