Jongo da Serrinha – A alegria como resistência

25/07/2019

Compartilhe:

Foto: Matheus José Maria

Também conhecido por caxambu, o jongo é uma dança de matriz africana, da região do Congo e Angola. Chegou ao Brasil-Colônia por meio dos negros de origem bantu, escravizados e trazidos para o trabalho forçado nas fazendas de café do Vale do Rio Paraíba, no interior dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.

Praticado por homens e mulheres que cantam, tocam e dançam para se divertirem, o jongo é uma dança de roda, onde um casal por vez dirige-se ao centro da roda girando em sentido contrário ao dos ponteiros do relógio e de vez em quando aproximam-se para dar uma umbigada de longe. A umbigada à distância pode representar uma reverência, um desafio ou até mesmo um desacato de um para o outro.

O jongo é um ritmo envolvente. Suas festas, além de contarem com muita música, danças e tambores, têm fogueira, comidas, bebidas e costumam ir até o nascer do sol do outro dia, quando todos saúdam o amanhecer. Dança-se o jongo no dia 13 de maio, consagrado aos pretos-velhos, nos dias de santos católicos de devoção da comunidade, nas festas juninas, nos casamentos e em apresentações públicas.

Não apenas para diversão, mas também para momentos de reflexão e oração por meio da música, o jongo é uma forma de falar sobre a abolição que nunca houve, de se pensar numa reparação histórica necessária, de transmitir sabedorias ancestrais e de se tentar recontar a história do Brasil sobre o olhar dos oprimidos.

Trazendo a cultura ancestral e o passo tabiá, o grupo Jongo da Serrinha se apresenta nas unidades do Sesc São Paulo, dentro do ciclo Percursos da Tradição. Criado no final da década de 60 pelo mestre Darcy e pela mestra Tia Maria do Jongo, que faleceu este ano, com 98 anos, o grupo vem do morro da Serrinha, que fica no subúrbio da comunidade de Madureira, no Rio de Janeiro.

Solista, versos livres, improvisos, refrão por todos respondidos… Colocando as mãos no couro do tambor e gritando a palavra “machado”, o jongueiro interrompe um ponto de jongo para que outro possa começar.

Curiosidades sobre a expressão cultural

  • Antes de abrir a roda, os jongueiros pedem proteção aos ancestrais se benzendo nos tambores.
  • Antigamente, além da dança, era utilizado como uma linguagem metafórica, principalmente quando queriam falar sobre assuntos que nem todos podiam saber.
  • Por meio dos pontos do jongo os negros escravizados tentavam combinar a fuga.
  • Pensando na importância da tradição do jongo para as outras gerações, passou a ser ensinado para as crianças.
  • A força e a presença das mulheres foi fundamental para a permanência do jongo na Serrinha.
  • Influenciou o nascimento do samba no Rio de Janeiro.
  • O jongo é considerado um dos patrimônios imateriais do Brasil.

Atente-se a agenda:

02/08 – Sesc Catanduva
04/08 – Sesc São José dos Campos
15/08 – Sesc Consolação
16/08 – Sesc Santana
17/08 – São Caetano (Parque da Juventude – Mauá, SP)
18/08 – Sesc Taubaté

Homenagem a tia Maria do Jongo: Rosário de Maria – Jongo da Serrinha

Bendito louvado seja ( é o rosário de maria)

Bendito louvado seja ( é o rosário de maria)

Jongueiro bendito louvado seja ( é o rosário de maria)

louvado seja ( é o rosário de maria)

Bemdito pra Santo Antonio

Bemdito pra São João

Senhora Sant’anna

Sarava meu zirimao

Sarava ongoma quita

Sarava meu candongueiro

Abre Caxambu

Sarava Jongueiro

Machado!

Conteúdo relacionado

Utilizamos cookies essenciais para personalizar e aprimorar sua experiência neste site. Ao continuar navegando você concorda com estas condições, detalhadas na nossa Política de Cookies de acordo com a nossa Política de Privacidade.