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Editorial

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No ano em que se inaugura o terceiro milênio, a humanidade se encontra apreensiva diante da onda de atentados terroristas que vem assolando várias partes do mundo. Se, por um lado, atos desse tipo são condenáveis sob qualquer ótica pela qual sejam analisados, por outro, é forçoso reconhecer que as políticas econômicas, fomentadas pelos países desenvolvidos em relação ao Terceiro Mundo, têm favorecido a eclosão de revoltas em populações excluídas do direito às mínimas condições de uma vida digna. Sabemos que a extrema carência material, somada à inexistência de acesso à informação e à cultura, formam uma explosiva mistura, que pode desaguar no fanatismo religioso, cuja marca é a intolerância.

Todavia, a intolerância não é privilégio dos pobres e dos incultos. Na sociedade norte-americana, assim como na comunidade européia, persiste uma histórica discriminação a várias etnias. Tais constatações inevitavelmente provocam em nós uma reflexão sobre a natureza humana. Será o nosso psiquismo repositório imanente de perversidades a serem implacavelmente vigiadas, ou será originalmente bom e a sociedade é que o deforma? Com a palavra os psicólogos, filósofos e cientistas sociais.

Seja como for, o fato é que o investimento na educação que promove o respeito às diferenças e a luta contra as desigualdades é o caminho mais eficaz para a edificação de uma sociedade mais justa e mais humana. Sem dúvida, trata-se da única alternativa à barbárie. Portanto, as mensagens de solidariedade e fraternidade devem permear todos os discursos pedagógicos.

Exatamente nessa perspectiva é que nossa instituição, o Serviço Social do Comércio, tem balizado suas ações. A educação para a cidadania prevê não apenas a consciência dos direitos de cada um, mas também a sensibilização para as necessidades do outro, independentemente de sua raça, religião ou faixa etária.

Em todo esse contexto mundial de intolerância situa-se a discriminação aos velhos. A Terceira Idade é ainda percebida como uma fase decadente da vida e, por isso, alvo de preconceitos, tanto em países avançados quanto nos subdesenvolvidos. Sem dúvida é preciso concordar que o inevitável envelhecimento físico provoca limitações ao exercício de várias tarefas, sobretudo as que exigem vigor ou destreza. Fato que não invalida, ao contrário, justifica o estímulo às atividades corporais na Terceira Idade, na intenção de prolongar ao máximo satisfatórias condições físicas. O mesmo se dá em relação ao psiquismo do idoso. Temos constatado que os idosos com oportunidades de desenvolverem seu intelecto, sua criatividade e suas relações afetivas tendem a manter uma satisfatória qualidade de vida. Aliás, muitos declaram ser essa a melhor fase de suas vidas.

Nas unidades operacionais do SESC milhares de idosos, organizados em Grupos de Convivência e em Escolas Abertas para a Terceira Idade, participam de atividades culturais como forma de explorar e manifestar o rico potencial que o tempo lapidou em seus espíritos. Além das práticas de lazer, desenvolvem o sentido da participação comunitária, convivendo e colaborando com outros idosos, ensinando e aprendendo com outras gerações.

Danilo Santos de Miranda - Diretor Regional do Sesc de São Paulo