
O projeto Questões Centrais, realizado pelo Canto Baobá em parceria com o Sesc Carmo, convida o público a pensar sobre quem pode circular com segurança pelo centro de São Paulo — e de que forma isso acontece. A proposta é promover encontros que misturam espaços físicos, digitais e subjetivos para falar sobre pertencimento, violência, saúde mental e diversidade.
São Paulo tem mais de 12 milhões de habitantes. Em meio a tanta gente, quais corpos conseguem ocupar a cidade de maneira segura? Essa é a pergunta que guia o projeto.

Os números mostram que esse debate é urgente:
Em 2024, o estado de São Paulo registrou 14.579 casos de estupro — mais de 11 mil contra pessoas em situação de vulnerabilidade. Também houve um aumento de 14% nos casos de feminicídio em relação a 2023.
Na capital, mais de 103 mil atendimentos a mulheres vítimas de violência foram realizados entre janeiro e novembro de 2024 — quase o dobro do registrado no ano anterior.
A violência racial também é um problema grave. Em 2024, o Brasil teve um aumento de 64% nos processos por racismo. Uma pesquisa do Datafolha mostrou que 79% das pessoas acreditam que a polícia é mais violenta com pessoas negras. Em São Paulo, 62% das vítimas de abordagens violentas pela polícia eram negras — e nenhum policial foi responsabilizado nos últimos seis anos.
Outro dado preocupante vem de um estudo do Insper: a polícia paulista classificou 31 mil pessoas negras como traficantes em situações semelhantes às de pessoas brancas que foram tratadas como usuárias. Além disso, a maioria dos paulistanos afirma perceber racismo em escolas (75%), espaços públicos (70%) e locais de trabalho (68%).
A cidade também concentra 25% da população em situação de rua de todo o país — pessoas que enfrentam todos os dias violências físicas, simbólicas e institucionais, como racismo e assédio.
Diante desse cenário, o projeto Questões Centrais propõe encontros para escuta, troca de ideias e formação. Confira a programação:




As atividades começam em julho e acontecem tanto presencialmente quanto online. A programação é voltada a pessoas diversas que estão construindo novas formas de viver, circular e pertencer à cidade.
Texto de Juliana Ribeiro, gerente de planejamento estratégico, no espaço Canto Baobá.
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