Malba Oliveira
Coordenação Educativa
Artista do corpo e educadora, desenvolve pesquisas em performance a partir do universo feminino, com foco na maternidade e nas sabedorias ancestrais. Na gestão de equipes educativas, propõe dinâmicas integrativas que entrelaçam pedagogias da mediação com técnicas de percepção e conscientização dos corpos e da presença. Propõe a costura das memórias pessoais ao cotidiano do fazer educativo, tecendo atravessamentos sensíveis entre corpo, educação e arte. Tem como mestres os livros, as crianças e as ervas!
Stéfanie Queiroz
Supervisão
Educadora, fotógrafa e fundadora da Dobra Duo, empresa especializada em espaços culturais e artistas. Seu trabalho concentra-se na gestão de equipes e em práticas de mediação, enquanto sua pesquisa acadêmica investiga os desdobramentos do registro fotográfico de acervos museológicos no limiar entre documento e arte.
Affonso Malagutti
Supervisão
Tem 32 anos; é artista visual, expógrafo, educador e atua em Ribeirão Preto/SP. Sua prática artística investiga as relações entre corpo e a casa por meio de diferentes técnicas, como o bordado, a fotografia e a criação de objetos. A arte, o cotidiano e o espontâneo o inspiram.
Bianca Zechinato
Material Educativo e Registro
Mestra em Processos e Procedimentos Artísticos pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2016, graduou-se em Artes Visuais, pela mesma universidade, em 2013. Atua como artista educadora, desde 2010, pela Fundação Bienal de São Paulo e a rede Sesc, com destaque da mostra: Terra Comunal: Marina Abramovic+ (2015) e o projeto: Residência Educativa e Visitas Patrimoniais à Unidade Sesc Pompéia (2017). Cofundadora da empresa KA Gestão em arte e cultura (2018).
Carolina Velasquez
Consultoria Educativa
Artista plástica e pesquisadora. Atua como mediadora decolonial em instituições culturais, explorando a ressignificação de saberes ancestrais por meio de sua prática artística. Natural de Piracicaba/SP, é filha de família boliviana, com raízes nos povos indígenas Quechua e Aymara. Graduada em Artes pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), em 2003, e pós-graduada pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em 2019. Formou-se mestre pela Unesp em 2021.
Lorraine Pereira
Educadora
Estudante de Biblioteconomia e apaixonada por boas histórias, busca conforto em personagens fictícios e não vive sem um fone de ouvido para acompanhá-la. Seu espírito animal? Ela mesma, quando vai aos shows dos seus artistas favoritos!
Victor Augusto Moreira
Educador
É educador na 31a MAJ no Sesc de Ribeirão Preto/SP. Nascido em Ribeirão Preto/SP, é também graduando do curso de Bacharelado em Biblioteconomia e Ciência da Informação na Universidade de São Paulo (USP). Gosta de livros, caminhadas, chá e aprender mais sobre História e outras culturas.
Beatriz Teclo Marques
Educadora
Acha interessantíssimas as pessoas interessadas. O curso de Jornalismo foi só um pretexto para se aprofundar no vasto mundo da Comunicação; a ponte que faz com que os diversos mundos interiores e exteriores possam se encontrar. Não há quase nada que uma boa conversa num bar de esquina não possa resolver ou melhorar.
Maísa Fabrega
Educadora
Estudante da informação; amante de livros que exploram os pequenos absurdos da existência; busca, em seu tempo livre, explorar a pintura em aquarela. Entre uma leitura e outra, navega por álbuns que transitam do pop ao rock.
Marihá Souto
Educadora
Apaixonada por moda, música, cultura pop e fotografia. Fã da Selena Gomez desde os 8 anos, seu hobby favorito é ir a shows. Ama cozinhar e está sempre se arriscando a aprender coisas novas.
Jennifer Santos
Educadora
Viciada em universos fantásticos, porque o mundo real é bom, mas ainda faltam um dragão e uma bruxa. Defensora das causas feministas e do direito de ouvir pop dos anos 2000 num dia e rock triste no outro, tudo depende do humor e da playlist aleatória das músicas curtidas.
Bruno Gomes
Educador
Um millenial apaixonado por séries e filmes, especialmente nos gêneros de ficção científica, suspense psicológico e dramas, com boas doses de crítica social.
Jaqueline Figueredo
Oficineira
Bibliotecária formada pela Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto (USP/RP). Atua na cena cultural como arte-educadora, realizando oficinas e mediações com grupos escolares e público espontâneo, em exposições de arte. Já trabalhou em biblioteca escolar e biblioteca em espaço cultural. Atualmente, exerce a função de oficineira na MAJ no Sesc de Ribeirão Preto/SP.
Nathallya Faria
Oficineira
Artista plástica e pedagoga na missão de deixar o mundo mais colorido, com as cores que vive. Viciada em cor, queijos e músicas brasileiras. Djavan a faz arrepiar-se, mas o grave de um funk também. Vive entre as ruas, os pincéis e as ideias, sempre pintando o que a atravessa e sendo atravessada pelo que pinta.
A equipe educativa foi a força motriz por trás das ações pedagógicas da MAJ, por meio da elaboração de propostas de visitas mediadas, espontâneas ou agendadas, até as atividades cotidianas, ocupações dos espaços expositivo, educativo, e da própria unidade, bem como da programação paralela, esses(as) foram os(as) profissionais que deram corpo e vida a cada encontro com os públicos.
As ações educativas carregaram em si potencialidades ativadas pela poética de cada integrante da equipe, que, a partir de seus processos artísticos, elaboraram modos de fruição e atravessamentos possíveis.
Esse processo desenvolveu-se ao longo do percurso educativo, por meio do convívio com as obras, refletindo e construindo, coletivamente, propostas que emergem do fazer educativo cotidiano. Tudo começa com uma ideia inicial e através de orientação, incentivo e apoio, nascem as experiências. Nesse território é que se cruzam mundos diversos, coabitando com as vozes de 46 jovens artistas vindos de diferentes estados do Brasil.
A ação educativa vai muito além da transmissão de informações. Trata-se de ativar percepções; criar estados sensíveis de aprendizagem; promover estímulos para uma relação crítica e afetiva com as obras. É uma prática intencional, que considera as bagagens e os desejos de quem promove o encontro e de quem realiza a visita.
Esse fazer não se limita às palavras, na 31a MAJ, os acontecimentos também se deram por meio de objetos, jogos, sons, desafios, imagens, gestos, histórias, e diferentes materialidades, com recursos que ampliam os modos de estar com a arte e com o outro. Educadores são também criadores de percursos e atmosferas que ressoam desse corpo coletivo e singular e, como pedras lançadas em um lago, reverberam em ondas que expandem sentidos e abrem caminhos possíveis.
As formações, os materiais e conteúdos oferecidos foram sementes. Cada educador(a) acolheu o que fez sentido, transformando-as em experiências vivas, ativações que, mais do que resultados, estabeleceram processos germinados, contínuos.
Aqui, poderão ser encontrados fragmentos desses movimentos, criados com o intuito de convocar ações relacionais e reverberantes.
Sejam bem-vindas, bem-vindos, bem-vindes!
Malba Oliveira – Coordenação educativa
Para tornar a visita à 31a MAJ mais interativa e lúdica, especialmente para crianças, foram criadas ativações que estimulam a observação e o engajamento com as obras. A iniciativa surgiu a partir de conversas e formações educativas, que resultaram na criação de jogos e materiais acessíveis, alinhados ao conceito da exposição e expografia. Esses recursos foram disponibilizados pelo espaço expositivo, sobre os módulos dispostos, ou na mesa do espaço educativo. Essas propostas buscaram estimular o olhar atento; promover experiências significativas com a arte; e abrir espaço para novos olhares e sensações sobre as obras e o ambiente expositivo.
Caça-Detalhe
Material elaborado contendo seis cartas com recortes de obras para serem localizadas no espaço expositivo. Objetivo: Estimular o olhar atento.
Jogo da Memória
Material construído com recurso adesivo contendo imagens das 46 obras da exposição para promover o reconhecimento visual de forma divertida.
Quebra-Cabeça
Três quebra-cabeças foram desenvolvidos a partir de imagens extraídas da Revista Sesc (edição de janeiro de 2025):
“Me agarro ao pouco que ficou: Memórias de um Receptáculo” de Isabella Motta apresentou peças inspiradas no formato do jogo Tetris, para estimular a observação de detalhes e a interação espontânea.
“Amar, cuidar e admirar” de Mavinus trouxe peças com formas triangulares, para que o público pudesse se aproximar da obra e observar detalhes que poderiam passar despercebidos numa visita rápida.
“Versatilidade” de Donatinho, com peças em formas retangulares verticais objetivou estimular reflexões sobre movimentos do corpo, questões sociais, periféricas e raciais, conectando a prática lúdica a debates mais profundos.
Olha a Lupa!
A educadora Lorraine Pereira dispôs uma Lupa com estímulos de uso, inicialmente, para o público relacionar-se com a obra “Herdades”, de Mar Yamanoi, mas o objeto foi utilizado em todas as obras, tanto para olhar mais profundamente os detalhes, a materialidade, os escritos, quanto para brincar com o processo de ampliação das imagens.
Óculos Coloridos
As educadoras Maísa Fabrega e Marihá Souto construíram óculos com papel cartão e celofane, com o intuito de convidar o público a perceber as alterações de cor no espaço e em relação a cada obra; e identificar como esse estímulo alterava a percepção do entorno ou as sensações implicadas nessa relação.
Adivinhe a Obra
Com o seguinte desafio: Você consegue descobrir a obra antes de virar a última página? esse jogo, criado pela educadora Maísa Fábrega, desperta a curiosidade dos públicos e conta com dez cartas que consistem em enigmas para adivinhação. As obras base foram: “De mão em mão”, de Amauri; “Sonhar ou sobreviver”, de Cícero Costa; “Das tripas nuvens”, de Felipe Rezende; “Sociedade Perfeita”, de Hanatsuki; “Passeio”, de Isabelle Baiocco; “Ritual de criação do menino caranguejo”, de Pedro Mishima; “-23,5431585, -46,6597120”, de Rayane Gomes; “Lista de conexões (redux)”, de Murilo Marques; “Memórias de um receptáculo”, de Isabela Motta; “Comunhão”; de Vitor Alves.
Xadrez Sonhar/Sobreviver
Essa ativação nasceu da relação tecida entre o jogo de xadrez circular, como metáfora para o formato e as cores utilizados na obra “Sonhar ou sobreviver”, de Cícero Costa. Com interesse em associar as discussões possíveis que giram em torno da obra, aos conceitos elaborados acerca das personalidades das peças do Jogo de xadrez, o educador Victor Moreira construiu um tabuleiro circular com tecido de algodão cru, e, por meio da montagem do jogo no espaço expositivo, convidava os visitantes a realizarem uma partida mediada e refletirem sobre a dualidade da obra de Cícero.
Placas Táteis
Consistem em um conjunto de seis amostras de materiais utilizados na produção de diferentes obras apresentadas na exposição. Reunindo superfícies como látex, papelão, papel térmico, bandeja de papel, alumínio e papiro, essas placas foram disponibilizadas no espaço expositivo, para uso espontâneo do público, e/ou empregadas de diversas formas em visitas mediadas. O objetivo foi ampliar a experiência sensorial de visitantes, promovendo uma compreensão mais profunda das obras por meio do toque.
Mapa Tátil
Representação reduzida do espaço expositivo e impresso a partir de uma impressora 3D, é parecido com uma maquete. Apresenta relevos que permitem às pessoas não-videntes tateá-lo e perceber a maneira como a sala expositiva se configurava. Foi disposto no espaço e utilizado para dinâmicas diversas nos encontros entre a equipe educativa e os visitantes.
Tanto as Placas Táteis quanto o Mapa Tátil foram elaborados por Affonso Malagutti, que realizou a expografia da 31a MAJ e foi um dos supervisores da equipe educativa.
Bandeira de Retalhos
Apresentada nas semanas finais de maio até a última semana de exposição, a intervenção “Bandeira de Retalhos” surgiu com a ideia de criar uma grande bandeira, a partir da junção de várias bandeirinhas produzidas na oficina “A Bandeira Parte de Mim”. As confecções ocorreram em diferentes dias e com diversos públicos agendados na exposição. Cada retalho possuía um significado único e expunha um processo de representação por meio de desenhos, símbolos e cores.
Como forma de interagir com a Parede Educativa, localizada ao lado da exposição, foi exposto o que os visitantes confeccionaram, como bandeirinhas utilizando tecido de algodão cru e giz pastel. As possibilidades foram várias, e a mensagem transmitida também.
A Parede Educativa contou com fotos do processo de produção das bandeirinhas, além de frases, pensamentos e comentários de visitantes e oficineiras, que surgiram das práticas. A exibição também conteve perguntas relacionadas à identidade e representação de si para os públicos que estavam de passagem pelo local.
Segredos do Olhar que Passa
Em um mundo formado a partir da lógica colonialista, a livre expressão dos afetos é um tipo de revolução. Assim, a expressividade pôde ser entendida como uma forma de mediação entre o mundo interior e o mundo exterior.
“Segredos do Olhar que Passa” foi o nome dado aos nove cadernos costurados à mão, com 12 folhas cada, e que, ao final, foram unidos em um único caderno de 108 folhas. A numerologia não foi por acaso: nove é o número da gestação; 12 representa a estrutura que organiza o caos; e 108 é o poderoso número da reconexão com o Todo – aquele que une o divino (1) ao material (8) através do vazio fecundo (0). A simbologia fornece estrutura material para a intenção primordial da proposta: criar um espaço de escuta genuinamente transformador.
Durante a confecção, os cadernos foram enriquecidos com referências cuidadosamente selecionadas – poemas, reflexões e músicas – além de tiras decorativas nas cores vermelho e roxo.
A ativação dos cadernos foi concebida de formas estratégica e inclusiva. Um caderno foi destinado ao educativo; outro, a visitantes recorrentes; o terceiro, ao público espontâneo (complementado por uma caneta e uma plaquinha com o convite “Escreva se Quiser, Leia Devagar”): outro direcionado especificamente a jovens com idades de 15 a 30 anos (faixa etária dos artistas que expuseram na MAJ); e um quinto foi mantido em aberto para experimentações livres da equipe educativa. Os três cadernos restantes permaneceram como reserva para eventuais reposições.
Com a pesquisa por trás dessa ação buscou-se compreender:
Contação de História – Árvore da Vida
A partir da obra “-23,5431585, -46,6597120”, de Rayane Gomes, foi desenvolvido um roteiro centrado na contação de histórias, uma vez que essa tradição oral estimula a socialização, a formação crítica e o desenvolvimento do sentido simbólico, alcançando diferentes camadas de consciência e níveis de significação.
Para acompanhar a história, foi utilizado um vaso de kokedama feito com tronco real e um longo pano azul banhado em óleo essencial de ervas, simbolizando a copa de uma árvore que, ao longo da narrativa, se transforma em um rio.
A história foi criada com uma narrativa inspirada nos contos do livro “Mulheres que Correm com os Lobos”, de Clarissa Pinkola Estés, e no conceito da Árvore da Vida, utilizado em diversas culturas e cosmologias. A Yggdrasil, elemento central da mitologia nórdica, é o exemplo mais marcante.
O trecho do enredo utilizado na atividade é reproduzido a seguir:
Era uma vez a primeira árvore do mundo. Dentro dela, corria o Rio da Sabedoria. O primeiro ser humano do mundo, se sentindo só, quis cortar o tronco da Árvore da Vida para alcançar o Rio da Sabedoria e dele beber. […] O Rio da Sabedoria transbordou e inundou todo o planeta, fertilizando o solo que deu luz a todas as matas e florestas da Terra.
Ao final do conto, foi proposta uma experiência sensorial, que ocorreu da seguinte forma: os objetos que compuseram a contação foram passados de mão em mão entre o público, intensificando a conexão por meio de outros sentidos que extrapolam o visual. Através do tato, olfato e da roda de conversa, criou-se uma rede de memórias coletivas que despertaram a reflexão sobre como nós, seres humanos, nos relacionamos com a paisagem.
Diferentes grupos e comunidades intervêm de maneiras distintas no mundo à sua volta, e as maneiras como fazem refletem os valores daquela sociedade – a colonização, por exemplo, cultua a exploração, atividade que permeia todos os tipos de relações, não apenas as sociais, como também as materiais.
Parede Educativa
O uso de uma parede educativa na 31a MAJ foi pensado com o objetivo de promover o engajamento do público tanto com a mostra quanto com o espaço expositivo. Localizada na parte externa da exposição, a parede apresentava propostas elaboradas pela equipe educativa, que foram atualizadas semanal ou quinzenalmente. Essas propostas envolveram atividades interativas, ou jogos, relacionados, de alguma forma, à exposição e às obras, permitindo que os visitantes interagissem com o espaço e conhecessem a MAJ.
Uma das atividades propostas pelos educadores Lorraine e Victor estabeleceu conexão com a obra “Herdades”, de Mar Yamanoi, exposta na 31a MAJ.
Na parede, havia um convite escrito com letras bem grandes: “Bora procurar?”, seguido da frase: “Dentro da exposição, na mesa do educativo, tem um saquinho te esperando! Vai lá e depois volta pra escrever aqui o que você encontrou”. No espaço educativo, era possível encontrar um saquinho de tecido rosa, preenchido com grãos de arroz. Dentro, havia quatro haicais com um sabor enigmático, pensados para incitar o público no processo de identificação da obra. Foram eles:
O processo de composição dos materiais para as proposições na parede educativa percorriam diversos atravessamentos e possibilidades de experimentações. Na atividade, os principais combustíveis foram: o desejo de aproximar o público do arroz, elemento que compunha a obra; a liberdade criativa proporcionada pela composição de haicais; a rima visual gerada entre as cores dos papéis utilizados e as cores da obra original; a criação de uma dinâmica que funcionasse como extensão da parede educativa para dentro da exposição; além da possibilidade de aguçar a curiosidade do público através de algo enigmático e com caráter tátil.
Playlist 31a MAJ
A música proporciona ao ser humano uma experiência sensorial capaz de criar paisagens emocionais com maestria. De forma sutil e, ao mesmo tempo, impactante, interfere em diversos campos da percepção, e, inclusive, pode moldar a maneira como percebemos os estímulos visuais, além de aprofundar ou relativizar narrativas.
A proposta da Playlist da MAJ surgiu a partir desse entendimento da música como um campo de expansão e possibilidades. Por meio da criação de um texto-convite, cada artista foi estimulado a relacionar sua obra a uma canção. A partir dessas recomendações, a playlist foi montada no Spotify.
Em determinados momentos, as músicas foram tocadas, no espaço, por meio de uma caixa de som. Na mesa do espaço educativo e na parede educativa, foram inseridas plaquinhas com QR Codes, acompanhadas de um convite à interação por parte do público. Com um QR Code maior, disponibilizado no ambiente, a proposta foi ampliada para ser ativada conforme o entendimento ou a intenção dos demais educadores da equipe.
Acesse a Playlist da 31a MAJ no Spotify
O projeto da playlist foi concebido para ser versátil. Além de sua ativação com o público espontâneo, também foi utilizado durante as mediações de visitas agendadas.
A seguir, constam duas propostas aplicadas nas ativações:
Trecho da música: “Sempre fui um sonhador, é isso que me mantém vivo, quando pivete queria ser jogador de futebol, vai vendo, mas o sistema limita nossa vida de tal forma que tive que fazer uma escolha, sonhar ou sobreviver”.
Peças do Coração
A 31a MAJ carregou consigo temas que nos convidaram a ocupar locais nunca antes explorados; a assumir posturas diferentes e interpretar novos sentidos dentro de sua experiência. Em meio a esse processo, surgiram os materiais de apoio desenvolvidos pelos educadores, para atuarem como ferramentas que propiciaram diferentes experimentações e perspectivas da exposição. Foram materiais que transformaram e potencializaram o ambiente artístico, gerando inúmeras possibilidades dentro dele.
Pensando em novas formas de construir narrativas, a partir de utilização da materialidade simbólica, o quebra-cabeça 3D em formato de corvo buscou acessar um estado de reflexão e provocar questionamentos: “O que faz algo ou alguém ser importante para nós?”; “O que guardamos em nosso coração?”. O material foi desenvolvido pela educadora Maisa, com base na obra “Um corvo de acordo com meu coração”, da artista Livia Kaori.
Durante o processo de mediação, foi proposto que o coração poderia ser visto como um quebra-cabeça composto por várias peças, e que cada uma delas seria importante para sua totalidade, pois, sem todas, ele não se completaria. Assim, o corvo foi montado simbolizando um coração coletivo, a partir do que cada pessoa participante considerava importante para si. Os temas abordados a partir de sua construção e interpretação da obra permearam questões relacionadas a memórias, afetos e relações, refletindo o interior de cada pessoa.
Com isso, foi explorada a reflexão de que aquilo que é especial para um, nem sempre segue o padrão ou é exato, mas, sim, pode ser envolto por sentimentos e significados, indo além da materialidade. O corvo representado na obra não possuía as medidas reais, pois foi criado a partir da memória e do coração da artista. Assim, com as peças compartilhadas por todos, foi construído não só algo real e palpável, mas um sentido coletivo de afeto livre de moldes e imposições.
Direitos Humanos e sua Importância para uma vida Digna
Público Destinado:
Alunos do Ensino Fundamental II
Necessidades/Materiais:
Folha sulfite, post-it, canetas, ou lápis
Objetivo(s):
Os visitantes deveriam, ao final da visita, compreender os direitos humanos fundamentais dos cidadãos e entender a importância desses direitos para o cotidiano e uma vida digna.
Acolhimento inicial:
o início da visita, foi feita a pergunta: “O que é um direito humano para você?”. Coletivamente, todos refletiram sobre o significado dos direitos humanos e identificaram quais eram esses direitos. Como exemplo, foram citados: liberdade de expressão, direito à educação, transporte, saúde, igualdade de gênero, dentre outros.
Desenvolvimento:
Reunidos no espaço expositivo, foi proposta a criação de um quadro visual dos direitos humanos. Esse quadro consistia em uma folha sulfite com a frase: “Qual direito humano é mais importante para você hoje?”. E, por meio de post-its e canetas, a turma respondeu à pergunta de acordo com suas vivências. Em seguida, foi realizada uma curta discussão sobre as respostas.
Partindo da ideia de que os direitos humanos são inerentes a todos os seres humanos, e da sua importância para nós, a obra do artista Gu da Cei, da série “Vai pra Onde?”, foi discutida pela turma. A obra é composta por quatro fotografias lenticulares, que trazem reflexões sobre questões de mobilidade urbana, e como o transporte, como direito básico, também promove o acesso a outros direitos, como lazer, saúde, educação, cultura, e lugares diversos de uma cidade.
Esse momento promoveu reflexões dentre os visitantes e permitiu que se enxergassem nesse lugar de cidadãos que, de fato, precisam desses direitos básicos para manterem uma vida digna. Em seguida, propôs-se que refletissem se esses direitos mencionados estão sendo respeitados e cumpridos no dia a dia ou não.
Conclusão:
A partir dessa conversa, foi possível observar o estímulo ao pensamento crítico posto em prática. Dessa forma, os assuntos da obra da série “Vai pra Onde?” tornaram-se mais latentes, quando observada a partir da conversa inicial, e compreendido que discutir sobre direitos humanos é tão importante quanto garantir esses direitos na prática.
Seu Olhar na 31a MAJ
A ativação “Seu Olhar” convidou o público para que, dentro da exposição, não fosse apenas espectador, mas também criador. Entre tantas obras que contavam histórias pessoais e coletivas, havia um espaço vivo, no qual as mãos se tornam extensão do olhar. Uma experimentação para o público espontâneo das oficinas oferecidas para o público agendado, convidou cada pessoa a experimentar o espaço educativo da MAJ, deixando seu olhar e sua marca na exposição; primeiramente em nosso varal, e, posteriormente, em nosso caderno educativo.
Foi um convite ao olhar sensível, ao gesto intuitivo, à construção de algo que nasce do encontro: do encontro consigo, com a matéria e a arte. Aqui, o olhar não foi apenas contemplativo, mas se transformou em forma, cor, textura, através da prática das oficinas.
Em cada oficina, o público passou a fazer parte da exposição, a partir do contato com uma ou mais obras que eram referências na elaboração das práticas propostas.
Cada criação feita carregava a impressão única de quem a fez. E, ao somar-se às outras, tornou-se parte desse grande organismo coletivo que é a exposição. Foram fragmentos de olhares que permaneceram, contaram outras histórias, expandiram os sentidos da própria mostra.
Nesse espaço, arte não era só aquilo que se via, mas também aquilo que se fez, se sentiu e se compartilhou.
As visitas mediadas na 31a MAJ foram organizadas a partir de roteiros elaborados pela equipe de educadores, com abordagens que dialogavam com os temas e conceitos das obras. Nessas visitas, os(as) educadores(as) conduziram os grupos propondo reflexões, práticas sensíveis e trocas horizontais com os visitantes.
A mediação ocorreu de duas maneiras: com grupos agendados e visitantes espontâneos. As visitas agendadas envolveram, principalmente, grupos escolares e instituições sociais. Após o agendamento, a equipe educativa era avisada previamente e podia se preparar para a mediação, adaptando a abordagem conforme a faixa etária e o perfil de cada grupo. Esse modelo favoreceu o diálogo com escolas públicas e Organizações Não Governamentais (ONGs), além de programas socioeducativos, ampliando o alcance da mostra e fortalecendo a articulação entre arte e educação. As visitas tiveram duração de 1h30 e podiam atender até 40 pessoas por grupo. Eram realizadas em dois horários pela manhã; dois à tarde, de terça-feira a sexta-feira; e um agendamento no período noturno, às terças e quartas-feiras. Essas visitas incluíam tanto o momento de mediação com os arte-educadores quanto uma atividade prática em oficina.
É importante ressaltar que, nesta exposição, foi possível receber um grande número de funcionários(as), de diferentes setores da instituição, para vivenciar a mostra de forma coletiva, e articulando equipes variadas, como: limpeza, segurança, programação, orientação de público, Mesa Brasil, e administração. Pensou-se primeiramente em quem teve o contato diário com o espaço expositivo e nos vínculos entre times e setores.
Já a mediação com grupos espontâneos, como o próprio nome indica, não requereu agendamento prévio, pois aconteceu de forma livre e autônoma, com o público que acessava a exposição, sem necessariamente exigir um roteiro estabelecido. Nesse contexto, os educadores permaneciam no espaço expositivo, disponíveis para tirar dúvidas, conversar sobre as obras, realizar a ativação de materiais, ou propostas educativas, e acolher o interesse dos visitantes.
O álbum reuniu registros de diferentes momentos da 31a MAJ. As fotos mostravam a equipe educativa em ação, as atividades com o público, o espaço expositivo, as formações e conversas realizadas ao longo do projeto. Trouxe um panorama visual das ações desenvolvidas durante a caminhada.
Arte Contemporânea | Educação Antirracista e Decolonial
A formação inicial contou com dois encontros conduzidos pela artista plástica e pesquisadora Carolina Velásquez. Nesses momentos, a equipe foi instigada a refletir profundamente sobre as temáticas centrais da mostra, com foco em arte contemporânea; educação antirracista e decolonial; por meio de materiais teóricos, práticos e visuais, que contribuíram significativamente para a imersão no universo das ações educativas.
Com escuta sensível e condução atenta, Carol fomentou a construção de uma prática educativa ancorada em perspectivas críticas e reflexivas, destacando a importância da responsabilidade coletiva na elaboração e vivência das práticas pedagógicas do cotidiano.
Além dos encontros formativos, a pesquisadora acompanhou todo o percurso de desenvolvimento do projeto educativo idealizado e implementado pela coordenação educativa, oferecendo consultoria especializada que fortaleceu e orientou os processos, ao longo de sua execução.
Ao longo da 31a MAJ, a equipe educativa participou de encontros formativos com alguns artistas da mostra, possibilitando trocas sobre processos criativos e estratégias de mediação. Com Victor Alves, o grupo conversou sobre sua prática artística e trajetória nas artes visuais, além de compartilhar as reações do público diante da obra “Comunhão”, uma serigrafia sobre papiro. No encontro com Janaína Vieira, foram discutidas experiências de mediação da obra “Com as Próprias Mãos”, escultura produzida com cerâmica fria, durepox e blocos plásticos. Bruno Benedicto apresentou um panorama de sua produção anterior, compartilhando experiências relacionadas à sua vivência no bairro Ribeirão Verde, em Ribeirão Preto/SP, e esclarecendo dúvidas sobre as obras “Sobremesa I” e “Sobremesa II”. A presença do artista O Tal do Alê proporcionou trocas sobre sua trajetória, seus interesses e os temas que orientam sua pesquisa, com foco na obra “Quatro Mola”, escultura feita em papelão. Por fim, no encontro com Diez, a equipe discutiu sua pesquisa em performance e compartilhou como o público recebeu a obra “Me leve com você”. Esses encontros contribuíram para o aprofundamento das mediações, ampliando o diálogo entre artistas e equipe educativa.
Sob a coordenação de Malba Oliveira, os encontros semanais com a equipe educativa da 31a MAJ configuraram-se como espaços fundamentais de escuta, pesquisa, alinhamento e construção coletiva. Mais do que momentos operacionais, essas vivências propiciaram o fortalecimento dos vínculos entre toda a equipe, assim como o aprofundamento das possibilidades em mediação e das proposições realizadas com o apoio de ferramentas pedagógicas, como a Parede Educativa, o Tapete Educativo e os demais materiais elaborados para promover a interação entre equipe e públicos.
Durante os encontros, foram abordadas questões centrais sobre arte-educação; estratégias de mediação e acessibilidade; além de discussões em torno das temáticas apresentadas nas obras e dos atravessamentos do fazer educativo. Temas sociais, implícitos nas vivências cotidianas dos atendimentos e nas trajetórias de cada integrante da equipe, também foram mobilizados como parte de um processo formativo crítico e sensível.
As reuniões integraram, ainda, práticas corporais e exercícios de autoescuta, voltados à construção da presença e ao reconhecimento do corpo como ferramenta de mediação. Essas experiências contribuíram significativamente para a autopercepção e o desenvolvimento dos processos individuais e criativos de cada educador(a), articulando teoria e prática na atuação diária.
Durante todo o processo de atuação da equipe educativa, a supervisão foi mantida de forma constante, por meio do acompanhamento diário e contínuo da evolução das mediações; do desenvolvimento de propostas; e da escuta atenta às dúvidas e dificuldades enfrentadas pelos educadores. Além das formações destacadas a seguir, foram realizados exercícios formativos e direcionamentos específicos, como, por exemplo, no desenvolvimento das oficinas temáticas. Também houve acompanhamento da organização semanal, gestão do recebimento de instituições agendadas, e cuidado com o espaço expositivo.
Expografia com Affonso Malagutti
A formação explorou o processo de concepção da expografia da 31a MAJ, trazendo as inspirações, o processo de concepção e implementação do projeto. Foram apresentadas as referências conceituais que nortearam a criação do espaço expositivo e que influenciaram na disposição das obras.
Durante o encontro, a equipe educativa também pôde acessar as etapas de entrega do projeto expográfico, por meio do estudo de plantas impressas e documentos técnicos, compreendendo melhor os desafios práticos envolvidos na montagem da mostra, e que pautam a atuação profissional de um arquiteto de exposições.
Além disso, o encontro possibilitou o diálogo sobre a construção de narrativas no espaço expositivo, e a reflexão sobre como as relações entre as obras, sua disposição e a disposição do mobiliário contribuem para a experiência dos diversos públicos ao circularem e permanecerem no espaço.
História da Arte com Stéfanie Queiroz
A formação com a equipe educativa da 31a MAJ teve como foco traçar um panorama introdutório entre arte moderna e arte contemporânea. Na atividade, foram abordadas as principais transformações históricas e estéticas que marcaram o surgimento da arte moderna, passando pelas vanguardas, até chegar ao contexto do pós-Segunda Guerra Mundial, momento-chave para se compreender o que hoje se entende como Arte Contemporânea. Foram discutidos o afastamento dos suportes tradicionais, a valorização dos processos, o uso de materiais híbridos e a participação do público. A formação teve como objetivo ampliar o repertório conceitual da equipe para as mediações realizadas durante a mostra.
Material Educativo e de Registro – Bianca Zechinato
Por meio de encontros presenciais e on-line, a artista e educadora, Bianca Zechinato, acompanhou o percurso da equipe educativa ao longo da realização da MAJ, em um processo formativo que teve como objetivo valorizar os projetos pessoais de cada um. Esse acompanhamento resultou em uma publicação educativa, ao final da exposição, reunindo propostas diversas criadas pela equipe, que expandem a mostra para diferentes contextos de educação formal e não formal. Esta publicação está disponível no site, para acesso e download, na área “Material para Professores”.
Leticia Maciel e Lara Magalhães – Produtora Cenas Independentes
Esta atividade formativa propôs um espaço de reflexão e prática sobre os registros na Ação Educativa da Mostra. A partir de referências, elaboração de ideias e reflexões, que alimentaram os exercícios práticos, a equipe foi estimulada a desenvolver um olhar sensível para documentar suas experiências, explorando diferentes formatos e linguagens. O objetivo da formação foi disponibilizar ferramentas para que as(os) educadoras(es) criassem registros significativos, contribuindo para a reflexão e construção coletiva da mostra. Além disso, as profissionais acompanharam todo o projeto educativo, ao longo da mostra, fazendo os registros fotográficos e audiovisuais; traçando uma relação contínua de troca com toda a equipe e desenvolvendo estratégias colaborativas para captar os movimentos e as experiências geradas nesse percurso.
Orientação e Mobilidade – Márcio Evangelista – Visita Mediada com Adevirp
Como parte da formação, a equipe educativa recebeu Marcio Evangelista, especialista em Orientação e Mobilidade. Em seus encontros com as(os) educadoras(es), Marcio compartilhou sua experiência no trabalho com pessoas cegas e com baixa visão, e propôs treinamentos práticos de mobilidade, contribuindo para a capacitação da equipe no acolhimento de públicos com deficiência visual. Posteriormente, a equipe educativa recebeu pessoas da Associação dos Deficientes Visuais de Ribeirão Preto (Adevirp) para desenvolver uma visita mediada e uma oficina que exploraram os conceitos e técnicas aprendidos na formação. Essas ações foram articuladas com o trabalho já desenvolvido em arte-educação, ampliando o alcance das práticas inclusivas.
Desenvolvido pela coordenadora do educativo, Malba Oliveira, o fôlder educativo da 31a MAJ foi pensado para ampliar a experiência dos visitantes no decorrer da exposição. Disponível ao longo de todo o período expositivo, o material pôde ser retirado tanto por visitantes espontâneos quanto por grupos agendados, funcionando como instrumento acessível de aproximação autônoma dos visitantes com as obras.
O fôlder foi concebido com propostas de atividades que incentivavam a observação atenta, interpretação crítica e expressão criativa. As ações propostas podiam ser realizadas no próprio espaço expositivo, em especial, na Mesa do Educativo, que contava com lápis grafite e lápis de cor, ou levadas para casa, permitindo que a experiência da visita se desdobrasse para além do espaço físico do Sesc Ribeirão.
Entre as propostas, destacam-se atividades como a criação de rotas e trajetos a partir da obra “Vai pra Onde?”, de Gu da Cei; a elaboração de bandeiras que representassem territórios pessoais, em diálogo com o trabalho de Bárbara Savannah; reflexões sobre maternagem, a partir das obras de Leid Ane e Yanaki Herrera; e exercícios de imaginação e corporeidade, inspirados na instalação “A Noite de Meu Bem”, de Yan Nicolas. Também foram abordadas questões relacionadas às culturas indígenas, à arte contemporânea e à função das instalações artísticas, promovendo o contato com diferentes linguagens e contextos. Além de contar com um mapa, que indicava de quais regiões do país vieram os artistas que estavam expondo nessa edição.
Como parte dos resultados que reverberam as ações educativas da 31a MAJ, foram criados três planos de aula, direcionados às três etapas da Educação Básica: Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e Ensino Médio.
O material, desenvolvido pelas(os) educadoras(es) Jennifer Santos, Lorraine Pereira e Victor de Paula, foi inspirado na Parede Educativa – uma proposta conjunta entre a expografia e a coordenação educativa da MAJ – que foi apresentada durante todo o período da mostra, em uma das paredes externas da sala expositiva, em um ponto de grande circulação na instituição. Semanal ou quinzenalmente, a Parede recebeu diferentes ativações propostas pela equipe, que convidavam o público a interagir com a exposição de forma ativa e criativa.
O material contendo os três planos de aula pode ser baixado gratuitamente para ser utilizado em atividades pedagógicas diversas, dentro e fora da sala de aula e em espaços de arte.
A programação paralela da 31a MAJ ofereceu atividades diversificadas, que convidaram o público a experiências sensoriais, reflexivas e criativas, em diálogo com as obras expostas. Com visitas temáticas mediadas pela equipe educativa e pelos(as) artistas e oficinas práticas que exploraram técnicas variadas, desde a criação de bandeiras, papiro e serigrafia, até a escultura e a performance, o público foi estimulado a vivenciar a arte por múltiplas perspectivas, relacionando corpo, identidade, território, história e cultura. Complementando essa imersão, bate-papos e um curso aprofundaram debates sobre estética, prática artística e processos criativos, enquanto visitas guiadas revelaram os bastidores da expografia, ampliando o entendimento do espaço expositivo e das narrativas apresentadas na MAJ.
Oficina Temática: A Bandeira Parte de Mim
Para a realizar a oficina, surgiu a reflexão inicial de como a prática poderia estar relacionada com a exposição. Com essa intenção, as oficineiras selecionaram a obra da artista paraense Bárbara Savannah, intitulada “A Bandeira”, por trazer diversidade de materiais, cores e formatos, além da proposta de pensar sobre identidade, tanto de um povo como de um território. A partir dessa percepção, a oficina foi elaborada refletindo sobre a representação de si e como essa mesma representação pode ocorrer através de símbolos, cores e desenhos. A criação do nome foi parte importante do processo para o reconhecimento e a conexão entre público e oficina.
No preparo da atividade, também foram realizados estudos práticos para elaborar a sua melhor aplicação. Tudo começou com a ideia inicial de gravura, até chegar em uma técnica diferente, que resultou na impressão sobre tecido, utilizando materiais como: lixa de madeira, giz, algodão cru e ferro de passar.
O passo seguinte foi elaborar uma ação mediadora e um roteiro como um complemento para a aplicação da prática, já que o diálogo sobre a obra, assim como as indagações sobre possíveis referências da artista, além da ativação do olhar crítico sobre as diversas temáticas que rodeiam a obra, ajudariam na compreensão, autonomia e imaginação dos visitantes para criarem bandeiras que falassem ou fizessem parte de suas características, personalidades e histórias de vida.
A oficina temática ocorreu durante um final de semana, no mês de abril, com o público espontâneo de todas as idades. Essa mesma oficina foi aplicada durante as visitas com público agendado, no mês de março, porém, o formato e a técnica variaram para atender a um maior número de pessoas por visita, assim como fluxo ampliado no espaço educativo.
Um Convite à Observação não Convencional e Olhar de Bicho
As propostas surgiram ao ser observada a relação entre corpo, obra e espaço. Pensando no movimento necessário para a observação das obras e nas formas do espaço expositivo da 31a MAJ, a educadora criou duas visitas temáticas, que exploraram o olhar e a movimentação dos visitantes. Ao identificar a visão como ponto-chave da experiência, foram elaboradas dinâmicas que exigissem novas formas de observar. Na primeira visita, “Convite à Observação não Convencional”, foram utilizados objetos reciclados e cotidianos (como caixas de leite, espelhos e botões), estimulando uma exploração incomum, com apoio de cartas de ação e movimento. Já a segunda, chamada “Olhar de Bicho”, contou com uma oficina durante a qual os visitantes construíram óculos inspirados na visão de animais contidos nas obras da exposição (caranguejo, peixe e jacaré), usando EVA, óculos de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e cola instantânea. Em seguida, os participantes seguiram experimentando como era observar as obras com seus olhos de bicho. Ambas as atividades duraram cerca de 1 hora e incluíram momentos de conversa, criação, exploração e mediação. Crianças, adultos, e uma pessoa idosa, participaram ativamente, demonstrando engajamento e curiosidade. Ambas as experiências foram divertidas, sensíveis e cumpriram seu propósito: promover uma vivência artística por meio do corpo em movimento e do olhar ampliado.
Explorando a Serigrafia e o Conceito de Rótulo, na MAJ – O que os Rótulos Dizem sobre Mim?
Adesivos de fruta: como um rótulo tão pequeno e simples pode comunicar algo? Foi com esse questionamento que a visita temática foi proposta. O interesse pela obra “Forbidden Fruit”, de Ítalo Carajá, surgiu a partir da observação do uso dos adesivos como figura central da obra, atrelados ao mito de Adão e Eva. A partir disso, a educadora passou a pensar no significado de um rótulo de produto, e qual seria a diferença entre esse tipo de rótulo e os rótulos sociais, por exemplo.
A visita foi dividida em dois momentos. O primeiro foi a mediação, na qual discutimos os rótulos sociais e entendemos de que forma acabam sendo inseridos na sociedade. Também debatemos noções de certo e errado e o que seria o “fruto proibido” dentro do contexto capitalista em que vivemos. No segundo momento, foi proposta uma oficina prática, utilizando a técnica de serigrafia empregada pelo artista, além de experimentarmos outras técnicas de gravura, como o uso de carimbos. Ao final, os visitantes puderam levar para casa suas criações e experimentações.
Foi incrível e gratificante ver a visita tomando forma, e foi possível observar o engajamento do público, tanto na conversa quanto na oficina prática, em que puderam fazer experimentações e conversar sobre suas percepções de mundo de forma coletiva.
Riscar a Própria Vida: Território e Identidade na 31a MAJ
A ideia para essa ação nasceu após uma atividade formativa realizada para explorar as experimentações de diferentes materiais na construção da Parede Educativa. Durante o encontro, surgiu o estalo: Por que não usar bandejas? Assim foram imaginados os caminhos para dar vida a essa proposta.
Assim é que surgiu a visita temática, que convida o público a mergulhar nas obras “Sobremesa I” e “Sobremesa II”, da série “Cria do RV”, do artista Bruno Benedicto. A atividade teve a duração de 1 hora e meia: com 45 minutos de mediação e mais 45 de oficina prática.
Pensada para maiores de 14 anos, a visita teve recepção super positiva. O grupo participou com curiosidade e interesse, nas duas etapas. A experiência foi leve, divertida e, mais importante, atingiu seu objetivo: analisar os materiais utilizados e discutir juntos os temas do trabalho do artista que reside na cidade, como território, memória e identidade.
Na oficina, propôs-se uma experimentação com as técnicas e materiais utilizados por Bruno, que esteve presente durante toda a atividade, e orientou a oficina com a educadora, convidando o público a colocar a mão na massa e criar a partir de referências das suas obras.
Uma Visita à Expografia da 31a MAJ
Nessa visita, guiada por Affonso Malagutti, expógrafo da mostra, e Mariana Abreu, assistente de projeto, o público foi conduzido pela exposição em uma conversa sobre o processo de concepção do espaço e as relações estabelecidas a partir da disposição das obras. Ambos compartilharam suas perspectivas e experiências, enriquecendo a visita com reflexões sobre os bastidores da montagem e a construção do percurso expositivo.
Bate-papo: Estética do Funk: O Poder Versus a Precariedade
No dia 21 de maio, foi realizado o bate-papo Estética do Funk: O Poder Versus a Precariedade, proposto pelo artista O Tal do Alê, com mediação de Malba Oliveira. Com a presença de estudantes do Ensino Médio da rede estadual de ensino e do público espontâneo, a atividade trouxe reflexões sobre a pesquisa do artista em torno da estética do funk, explorando como esse universo visual e sonoro dialoga com símbolos de poder e condições de precariedade. Além disso, o artista compartilhou aspectos de seu processo criativo e experiências como educador, aprofundando o debate sobre arte, território e resistência.
Agradecimentos a toda a equipe educativa que colaborou para a produção dos conteúdos aqui disponibilizados.
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