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Samba pede passagem

Foto: Divulgação
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Samba pede passagem

Símbolo de identidade nacional, samba completa 100 anos de sua primeira gravação


Ele está presente nas festas familiares, no encontro entre amigos, nas comemorações. É o protagonista dos Carnavais e, com seu ritmo e cadência, constitui parte da própria identidade cultural brasileira. Neste ano comemoram-se 100 anos da música “Pelo telefone”, de autoria de Donga em parceria com Mauro de Almeida. Primeiro samba gravado, a canção é considerada um marco da história do gênero musical – trajetória que começou  no Brasil com os batuques trazidos pelos negros ainda na época da escravidão e se estende até hoje como uma das mais expressivas manifestações culturais do país.

“A história do samba e a história do Brasil se misturam, e o entendimento de uma contribui para o entendimento da outra”, afirma Antonio Nóbrega, que em agosto e setembro esteve no Sesc Pinheiros com um ciclo de atividades dedicado ao samba. “O samba nasce rural, com batuques trazidos pelos negros vindos da África que se juntavam na chamada umbigada, ou semba, reminiscência de um procedimento que existia nos casamentos de famílias de bantos. Nesses primeiros momentos, a característica principal era uma roda de músicos que tocavam tambores de mão enquanto, no centro, dançarinos homens e mulheres se entrechocavam pelo umbigo”, explica. “Já no século 19 e na primeira e segunda década do século 20, no Rio de Janeiro, começa a se formalizar o gênero samba, a partir daquele caldeirão de batuques trazidos pelos negros.”

O músico ressalta que a palavra “samba” sempre foi repleta de significados e usada tanto para se referir ao gênero musical quanto em referência a festas, reuniões musicais e brincadeiras. “No início, samba era apenas a tradução de semba, que era a umbigada em banto. No Rio de Janeiro, quando se dá forma ao samba urbano, carioca, ele se institucionaliza em um gênero, mas, até hoje, é uma palavra muito viva.”

Como gênero musical, a potência do samba gerou subgêneros e estilos, diz o sambista e pesquisador Nei Lopes. “Entre algumas das principais transformações nestes 100 anos estão o fenômeno das escolas de samba, no final da década de 1920, a transformação nas mãos de artistas das classes mais favorecidas para fazer nascer o estilo bossa nova, e o resgate de sua tradição, modernizada, no estilo ‘pagode de fundo de quintal’ ou simplesmente ‘pagode’, na década de 1980”, elenca. Segundo ele, dentro desses marcos o samba viu nascer ainda dezenas de novas formas. “Isso continua acontecendo e afirmando o gênero como o que mais se renova em todo o cenário musical mundial. Nem o jazz gerou tantas variantes.”

No centenário de seu primeiro registro gravado, o samba ultrapassa a mera definição como um “ritmo”. “O samba é toda uma cultura, que se manifesta em um modo de vida. E aí estou falando de ‘sambista’, de quem efetivamente vive o ‘mundo do samba’, e não de artistas que ocasionalmente se expressem através do samba”, aponta Nei. De acordo com o pesquisador, ser sambista é mais do que compor, cantar, tocar ou dançar samba. “O samba, como cultura, tem os seus fundamentos, os seus rituais, e por isso se mantém vivo, apesar de tudo o que se coloca ao contrário, como o racismo, o preconceito etário, as distinções de classe e o colonialismo cultural”, completa.


Som brasileiro

Programação de shows, espetáculos, aulas abertas e saraus traz à tona diferentes facetas do samba

Do Semba ao samba
Sesc Pinheiros
Realizada em agosto e setembro, a programação comandada por Antonio Nóbrega celebrou o centenário do gênero, com sambadas, aulas-espetáculo, oficinas, mesas de conversa e o espetáculo inédito Semba.

Mais informações no portal Sesc em São Paulo.

Rodas de Samba
Sesc São Caetano | 1º, 8 e 15/10, às 16h
Em encontros informais, músicos, público, pesquisadores e admiradores do gênero interagem resgatando e valorizando as origens do samba em shows musicais.

Mais informações no portal Sesc em São Paulo.

Salve Samba!
Sesc Belenzinho | 30/10, às 18h
Como parte do projeto Salve Samba!, em outubro acontece o show Márcio Prata canta Monarco, homenagem ao sambista Monarco da Portela, com participação do próprio.

Mais informações no portal Sesc em São Paulo.

Samba de Roda Nega Duda
Sesc Interlagos | 8/10, 16h
Ducineia Cardoso, conhecida como Nega Duda, é referência do samba de roda baiano na capital paulista. O show integra a Feira de Criadoras em Moda, que acontece no final de semana de 8 e 9 de outubro.

Mais informações no portal Sesc em São Paulo.

Aula Aberta Samba e Pagode
Sesc Vila Mariana | 9 a 30/10, domingos, das 16h às 17h30
Nas aulas com Mônica Steinvascher e Théo Mazzini, o público pode aprender passos e movimentos característicos do samba e do pagode, de forma individual e em dupla.

Mais informações no portal Sesc em São Paulo.

Sarau dançante – Gafieira
Sesc Carmo | 28/10, 17h
O sarau traz como temática o samba de gafieira, que surgiu nos anos 1940 e tem como característica principal a levada malemolente, rítmica e sincopada dos bailarinos e músicos.

Mais informações no portal Sesc em São Paulo.

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