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Competir, a sina da indústria

Em 23 de outubro de 1906, em Paris, Santos-Dumont elevou às alturas uma máquina mais pesada que o ar, o 14-Bis, depois de tantas outras tentativas e experiências com dirigíveis. O avião estava inventado. Acontece que basicamente apenas o Brasil e alguns franceses reconhecem o pioneirismo do Pai da Aviação, como nos referimos a Santos-Dumont. Na visão do restante do mundo, coube aos irmãos Wright, americanos, tamanha proeza, mesmo que seu feito tenha sido documentado dois anos após a conquista histórica do brasileiro. Assim está nos livros, assim se ensina lá fora.

Importa saber, no entanto, que a iniciativa do inventor pátrio contribuiu para o surgimento do setor aeronáutico e assim, anos mais tarde, para o nascimento de uma das mais importantes e destacadas indústrias de aviões do mundo, a brasileira Embraer, esta, sim, respeitada e reverenciada como tal em todas as partes. Assunto de capa desta edição, a Empresa Brasileira de Aeronáutica, como foi oficialmente constituída em agosto de 1969, hoje lidera o mercado internacional de jatos comerciais de até 120 assentos, caminha para obter o mesmo êxito com seus jatos executivos e vê crescer o interesse das forças aéreas pelo turboélice Super Tucano. Avião de treinamento militar e próprio para ataques aéreos leves, vigilância, interceptação aérea e contrainsurgência, o Super Tucano foi o vencedor de uma concorrência recentemente aberta pela Força Aérea dos Estados Unidos e que prevê a encomenda de 20 unidades a ser utilizadas em missões no Afeganistão.

A Embraer compete lá fora e faz sucesso. Há empresas, porém, que, além de enfrentar forte concorrência no exterior, estão tendo de disputar palmo a palmo o mercado interno com produtos estrangeiros que ingressam no país a preços inferiores. A reportagem “A Passos Lentos” mostra os transtornos da indústria calçadista brasileira, que há anos amarga maus pedaços por conta da competição com o calçado asiático. Os fabricantes dizem que a feroz concorrência dos orientais não se limita a sandálias, sapatos e tênis, estendendo-se também a partes e peças. E que a competição travada no plano externo tem prejudicado de tal modo seus negócios que as exportações do ano passado – de 113 milhões de pares – corresponderam a uma queda de 100 milhões em relação a 2004.

Ainda no campo da economia, Problemas Brasileiros traz em suas páginas a experiência de empresas brasileiras com mais de cem anos de vida (“Centenárias, Mas Não Parece”) e a crescente industrialização da Bahia, do Ceará e de Pernambuco (“A Hora e a Vez do Nordeste”).

Abram Szajman
Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo
e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac