Foto: @GUMA
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Tambor de Crioula

Da comunidade quilombola de São Benedito Juçaral dos Pretos, no Maranhão

Inspira

Consolação

AL

atividade presencial

Grátis

Local: Convivência (térreo)

Sem retirada de ingressos

Data e horário

De 15/04 a 22/04

Sábado

16h30 às 17h30

Foto: @GUMA
Foto: @GUMA

O grupo nasceu na região de Alcântara, no estado do Maranhão, na comunidade quilombola Juçaral dos Pretos, e hoje possui representantes e parte dessa comunidade residindo na cidade de São Paulo.  
 
De branco, saias coloridas, renda branca, as mulheres de turbantes e os homens de chapéu de palha fazem o chão da terra tremer ao som do couro do roncador, do chamador e do crivador, quando tocados e aquecidos no calor da fogueira, magnetizando na dança o sagrado feminino da punga (umbigada). 
 
O tambor é esse instrumento que junta, que repercute e que ÂNIMO ao mesmo tempo. Ele tem o poder de ajuntar, de aglomerar, de resistir. Anima corações e corpos para a resistência. A luta se faz necessária no dia a dia. Quando falamos de comunidades quilombolas, o tambor se faz presente na resistência. Por tudo isso, o som do tambor é um elemento simbólico e concreto a partir do momento em que ele consegue ajuntar, aglomerar e resistir.  
 
Partindo desse entendimento, o tambor também produz saúde. Saúde aqui é um conceito definido em seu sentido coletivo, como produto do encontro e da valorização da culturaseja da música, da dança, das tradições. Saúde em sua relação com o tambor também é sentimento de pertencimento e anima a vida a continuar e a lutarmos por equidade do direito de todes a existir. 
 
Mais sobre o Tambor de Crioula: 
 
Quando pensamos na história do Brasil, nas estruturas e nos meandros políticos que fundaram e articulam o pensamento que tentou construir uma nação hegemônica, cunhada no embranquecimento, imaginar territórios distantes nos quais as políticas públicas e os compromissos do Estado são escassos e muitas vezes remotos, e em tempos mais agudos, inexistentes; esses territórios e comunidades preservam saberes seculares, saberes que não estão nos livros oficiais de ensino, não estão atrelados apenas a um meio de expressão sonoro, mas à experiência corpórea através da dança e do encontro. 
 
Essas territorialidades criam comunidades sonoras que reorganizam nossos sentidos de africanidades, ressignificam e fortalecem as lutas coletivas. Embora lutem no cotidiano pelo direito de existir em seus territórios (urbanos-periféricos, quilombolas, ribeirinhas e indígenas), preservam secularmente a manifestação do Tambor. 
 
Nascida na região de Alcântara, no Maranhão, território quilombola que vive sob a disputa de terras com o Estado brasileiro, a comunidade de Juçaral dos Pretos salvaguarda o Tambor de Crioula e os saberes dos mestres. Devotos de São Benedito, padroeiro da festa que torna a pseudo fronteira entre sagrado e profano intangível. Nas palavras de Mestre Militão “o Tambor de Crioula não se dispensa. É raiz. Assim que é, é porque a gente gosta“. 
 
De saias coloridas, pulseiras, blusa rendada e turbantes, as coreiras dão a punga (a umbigada), convidando a outra mulher para girar e fazendo a roda girar: no anti-horário, no não tempo da cronologia colonizada, mas no tempo do ancestral: o Tambor, cuja tríade percussiva será nomeada de roncador, chamador e crivador.

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