Por Carime Elmor

Abertura é nesta quinta-feira, 6 de julho, às 19h; visitação segue até dezembro.

Gilberto Mendes tinha orgulho de ser santista e trabalhava com o Madrigal Ars Viva de forma inventiva, sempre com o desejo de tirar o canto coral e a música das salas de concerto. Ele também fez parte do Partido Comunista (PCO), foi professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo, e foi diretor artístico do festival Música Nova, que se desdobrou em um manifesto de mesmo nome um ano mais tarde, em 1963. 

Mendes foi um vanguardista e para isso é preciso coragem, sobretudo em um contexto de intensa discussão política e cultural. Nacionalismo e cosmopolitismo conviviam neste cenário paradoxal em que o músico, professor e militante atuava para a criação de novas linguagens de interação entre música e artes cênicas — o teatro-musical —, música e poesia concreta e música e cinema. 

Entre 1962 e 1968, Gilberto Mendes frequentou anualmente o curso de férias Ferienkurse fuer Neue Musik, em Darmstadt, na Alemanha. A Neue Musik é a inspiração máxima do Festival Música Nova de Santos, que seguiu sendo dirigido por ele até 2010. Esse contato com o que acontecia na Alemanha modifica radicalmente seu pensamento. Mendes torna-se o pioneiro da música concreta e aleatória no Brasil e fica marcado por esta fase vanguardista, período em que as críticas dos jornais adjetivavam suas experiências como “barbaridade” ou “loucura”. 

ABERTURA 

Depois de uma estreia no Sesc Santos, a exposição “Gilberto Mendes – 100”, que foi motivada pelo centenário do compositor, vem para o Sesc Consolação. A abertura é nesta quinta-feira, 6 de julho, às 19h. A curadoria é de Lorenzo Mammi, com consultoria de desenho de som de Livio Tragtenberg. A cenografia é de Carmela Rocha. 

Além de dar início à visitação, a proposta da primeira noite será uma vivência de cartazes em serigrafia de partituras visuais. Junto ao Alcides Rodrigues Neto, da Amarelo Gráfico, o público produzirá lambe-lambe com imagens das partituras e dos poemas musicados pelo maestro e compositor Gilberto Mendes, evidenciando a beleza gráfica de suas notações. 

Por se tratar de um artista múltiplo, e que atuou na fronteira de diversos campos das artes, a cenografia visa proporcionar ao público imersões em “ilhas” desenhadas no formato de notas musicais. Assim, ao caminhar pela exposição, as pessoas percorrem uma partitura tridimensional. À medida que interagem com as obras e as muitas frases penduradas no topo do espaço, vão compondo junto a Gilberto Mendes um pensamento novo sobre as linguagens musicais contemporâneas do Brasil.  

“Gilberto Mendes – 100” se subdivide em “Santos”, fragmento biográfico que apresenta sua atuação na cidade natal; “Cinema do som”, uma sala dedicada à audição de trechos de filmes e trilhas, como: Ulysses em Copacabana… Surfando com James Joyce e Dorothy Lamour; já em “Teatro”, o público é apresentado ao conceito de Teatro-Musical por meio da obra Último tango em Vila Parisi. Ao fundo, “Música Nova e Poesia Concreta” exibe Beba Coca Cola, um clássico do repertório coral do século XX. Também estão expostas peças gráficas e documentos que dão conta de mostrar as experimentações de Mendes com a poesia concreta, o canto coral e as partituras visuais. Por fim, uma das estruturas é focada no “Santos Football Music”, obra para orquestra, público, cena e três fitas magnéticas.  

PROGRAMAÇÃO PARALELA 

A exposição segue aberta para visitação até dezembro de 2023. Ao longo deste segundo semestre, atividades complementares à obra de Gilberto Mendes serão oferecidas no Sesc Consolação.  

Em julho, além da abertura com “Partituras Visuais: cartazes em serigrafia”, também estão programadas uma oficina de criação de “loops” em fitas magnéticas, uma experimentação sonora de música concreta e exercícios de improvisação para “esculpir a voz”. 

Confira a programação do mês: 

• Partituras Visuais: cartazes em serigrafia, com Alcides Rodrigues Neto, da Amarelo Gráfico. Dia 06 de julho, quinta-feira, das 19h às 21h, no Espaço de Tecnologias e Artes (1º andar) – Sem retirada de ingressos. 

• Vai e Vem: loops em fita cassete, com Marcelo Ozorio, Giovanni Manzi e Danilo Sansão. Dia 22 de julho, sábado, das 13h30 às 17h30, na Convivência – Sem retirada de ingressos. 

• Esculpir a Voz, com Inés Terra. De 18 a 21 de julho, terça a sexta-feira, das 19h às 21h, no Centro de Música (1º andar) – Inscrições antecipadas pelo aplicativo Credencial Sesc SP ou pelo site centralrelacionamento.sescsp.org.br de 6 a 18/7 ou enquanto houver vagas. Vagas limitadas. 

• Experimentações Sonoras – Música Concreta, com Mauricio Perez. De 25 a 28 de julho, terça a sexta-feira, das 19h às 21h, no Espaço de Tecnologias e Artes (1º andar) – Inscrições gratuitas de 11 a 18 de julho. 

Exposição “Gilberto Mendes – 100” 

Horário de visitação 
De 7/7 a 3/12 
terça a sexta, das 10h às 21h 
sábados, das 10h às 20h 
domingos e feriados, das 10h às 18h