ZONA SUL ME ALIMENTA: Diálogo entre a Cultura e a Produção Agroecológica em São Paulo 

17/11/2023

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Na efervescente Zona Sul de São Paulo, onde a multiplicidade socioambiental se entrelaça, surge a edição 2023 do evento “ZONA SUL ME ALIMENTA” que acontece nos dias 18, 19 e 20/11, no Sesc Interlagos.  

A iniciativa, originada em 2017 no Sesc Interlagos como parte do projeto Ideias e Ações para um Novo Tempo, ganhou vida como resposta às transformações socioambientais identificadas no território e com a proposta de divulgar a zona sul da cidade como produtora de alimentos no sentido literal, sobretudo os orgânicos e agroecológicos de base familiar, com a produção de alimentos simbólicos, em seu âmbito cultural e artístico. 

Desde então, o “Zona Sul Me Alimenta” se tornou um catalisador de experiências, promovendo uma interação sinérgica entre agricultores(as) e agentes culturais locais. Diante disso, neste ano, a mostra foi construída em parceria com a Rede Nóis por Nóis, uma iniciativa que também está no distrito do Grajaú e que atua como articuladora e mobilizadora da economia e da ação cultural local, buscando, deste modo, evidenciar a região como produtora de alimentos, e ao mesmo tempo celebrar a riqueza cultural que pulsa nas veias do Extremo Sul paulistano. 

Feira Agroecológica e Empreendedora: O Palco da Sustentabilidade 

O projeto “Zona Sul Me Alimenta” visa fortalecer a área de Educação para Sustentabilidade na regional São Paulo do Sesc, fomentando ações programáticas que emergem de projetos socioambientais identificados no território. Além disso, a iniciativa busca promover o diálogo com o público espontâneo do Sesc Interlagos e a comunidade local, proporcionando reflexões sobre sustentabilidade e fortalecendo a discussão. 

Em sua essência, o evento traz à tona a urgência da transição para modelos sustentáveis de produção de alimentos. Agricultores da Zona Sul, movidos pelo desejo comum de preservar a natureza e a saúde, exploram práticas como a agricultura orgânica e agroecológica. O encurtamento da cadeia de comercialização é uma estratégia adotada, fortalecendo os laços entre produtoras/es e consumidoras/es. 

Diversidade na Feira: Produtoras e Produtores Locais em Destaque 

A Feira Agroecológica e de Empreendedores é o ponto alto do evento, apresentando expositores provenientes de diversos bairros da Zona Sul de São Paulo. Cada um traz consigo uma história única e uma proposta inovadora com produtos frescos, processados artesanais e culturais. Neste ano, a participação de iniciativas como Sítio Plenitude, Amara, Sítio Nossa Fazenda, Instituto Biguá – Horta Ecoestudantil, Mondury, Frutilha, Sabores Divinos, Isác Luisa, Miúda e o Grande Tambor e Ateliê Aguila enriquecem a oferta e promovem a diversidade local. 

Confira: 

1. Sítio Plenitude – Chácara Santo Amaro: Selma, originária do bairro Chácara Santo Amaro, junto com Emerson, seu esposo, decidiu adquirir o Sítio Plenitude, que hoje abriga o Núcleo Agroecológico Periférico Plenitude. Membros ativos na plantação de produtos agroecológicos, possuem uma cozinha comunitária liderada pelo projeto “O Que Cabe no Meu Prato,” promovendo sustentabilidade e acessibilidade alimentar. 

Sítio Plenitude – Foto: Acervo pessoal

2. Amara e Nossa Fazenda – Parelheiros: Amara, termo que significa amor e misericórdia no idioma Igbo (Nigéria), remete ao amor e acolhimento de uma mãe a um filho. Vânia fundou a cozinha Amara com o propósito de gerar renda, autonomia e empoderamento feminino. Juntamente com a Nossa Fazenda, uma propriedade rural focada em produção orgânica e sustentabilidade, buscam superar desafios, especialmente aqueles relacionados à violência contra as mulheres. 

Amara e Nossa Fazenda – Foto: Acervo pessoal

3. Instituto Biguá e Horta Ecoestudantil – Parque Colonial: O Instituto Biguá, localizado no bairro Parque Colonial, destaca-se por sua educação ambiental crítica e emancipadora. Desde 2005, mantêm a Horta Ecoestudantil, uma iniciativa comunitária e agroecológica, criada a partir da revitalização de um terreno baldio. Voluntários dedicam-se à manutenção do espaço, realizando atividades de educação ambiental periodicamente. 

Instituto Biguá e Horta Ecoestudantil – Foto: Olga Balboni

4. Mondury – Parelheiros: Pamela e Junior, meliponicultores e apicultores, são os produtores por trás da Mondury. Criando abelhas sem ferrão nativas da Mata Atlântica, destacam-se na produção de mel, própolis, cera e cosméticos medicinais. Sua missão é chamar a atenção para a importância das abelhas em nossas vidas e a necessidade de proteção da natureza. 

Mondury – Foto: Arquivo pessoal

5. Frutilha – Ilha do Bororé: A Frutilha nasceu da ideia de aproveitar frutos cultivados no quintal da família. Iniciada para consumo próprio e presentear amigos, a produção evoluiu para se tornar um empreendimento que busca trazer benefícios econômicos para todos os envolvidos. Sua concepção destaca-se pela valorização da produção local e do consumo consciente. 

Frutilha – Foto: José Henrique Ribeiro

6. Sabores Divinos – BNH-Grajaú: Sabores Divinos, iniciado na mesa de casa por Mara, tem como propósito promover a alimentação como prática cultural. Desde 2015, a iniciativa formalizada como Sabores Divinos tem oferecido serviços de alimentação e produção de eventos culturais, partilhando receitas, músicas e memórias de infância e juventude. 

Sabores Divinos – Foto: Andréa D’Amato

7. Isác Luisa – Parque América: O artista educador Isác Luisa apresenta uma coleção de arte sustentável, utilizando técnicas como pintura, serigrafia, colagem e monotipia para criar obras de arte de baixo impacto ambiental. Seu trabalho destaca-se pela produção manual de tintas formuladas com pigmentos e substâncias 100% naturais e biodegradáveis. 

Isác Luisa – Arte Sustentável – Foto: Acervo pessoal

8. Miúda e o Grande Tambor – Ateliê Águila – Grajaú: O livro “Miúda e o Grande Tambor,” escrito por Paulo Henrique Sant’Anna e ilustrado por Jhenivan Águila, é uma obra que busca entender a voz ancestral que fala em nossos sonhos. O Ateliê Águila, localizado no bairro do Grajaú, é dedicado às artes visuais e oferece uma variedade de aulas e workshops ministrados por artistas locais. 

Miúda e o Grande Tambor – Ateliê Águila – Foto: Douglas Fontes

Programação Cultural: Alimento Simbólico que Nutre a Alma 

Durante os dias de evento, a Praça Pau-brasil será o cenário de atividades diversas. Desde oficinas de geleia com flores comestíveis e descoberta de cores da natureza até vivências como a Kemetic Yoga e apresentações de Capoeira, o público terá a oportunidade de imergir na riqueza cultural e sustentável da Zona Sul. 

A poeta, compositora e cantora Kimani é a mestre de cerimônias do evento e a música também terá seu espaço, com a presença do DJ Hudson, Luana Bayô, Trio Fissura e Batucada Tamarindo + Terreiros de Quilombo. Cada apresentação é uma celebração da diversidade e do talento local, destacando a riqueza cultural que permeia a região. 

O evento reserva espaço para diálogos sobre alimentação saudável e seu impacto nas periferias de São Paulo. A Cozinha com Afeto e o Restaurante da Marlene compartilharão suas experiências, abrindo discussões sobre como a alimentação pode ser transformadora. 

Um Convite ao Diálogo e à Transformação 

“ZONA SUL ME ALIMENTA” não é apenas um evento, mas um convite à reflexão, à celebração da diversidade e ao fortalecimento de práticas sustentáveis. Ao unir a produção agroecológica ao cenário cultural vibrante da Zona Sul, o projeto destaca o potencial transformador que reside na interseção entre alimentação, cultura e sustentabilidade. Venha fazer parte desta experiência única, onde a Zona Sul se revela não apenas como uma região produtora de alimentos, mas como um celeiro de saberes e vivências que alimentam corpo, mente e alma. 

Consulte a programação completa do evento em https://www.sescsp.org.br/projetos/zona-sul-me-alimenta/

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