Curumim 30 anos – É um imenso prazer falar do programa

17/08/2017

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Beatriz à frente – esquerda, com cabelos castanhos escuros abaixo dos ombros | Foto: arquivo pessoal de Guta Araujo.

“…de todos esses conhecimentos e experiências, acredito que a herança mais rica que recebi foi a humanidade”. Beatriz Albuquerque

Experimentar, observar, tocar, sentir é a melhor forma de entrarmos em contato com o mundo, com o diferente, de nos percebermos e de nos expressarmos nele. O Curumim busca propor o contato com diferentes formas de expressão artística, corporal, social, para que as crianças possam criar seu repertório e se construir enquanto sujeitos autônomos, éticos e cidadãos.

Em homenagem ao programa Curumim que completa 30 anos em 2017, compartilhamos, a experiência de uma ex-curumim.

Por Beatriz Albuquerque e Castro*

Tenho inúmeras memórias e chega a ser difícil elencar a mais marcante ou relevante para minha vida hoje. Tenho certeza que este período que vivi no Curumim foi essencial para “abrir minha cabeça”. Foi um período muito rico em que tive oportunidade de experimentar muitas coisas: pintei, bordei, dancei, cantei, atuei, cozinhei, desenhei, escrevi (desde jornal a roteiro de peça de teatro), pratiquei diversos esportes (até basebol), aprendi sobre história da arte e literatura, me voluntariei em instituições filantrópicas, conheci museus, viajei, aprendi a montar uma tomada, a tirar fotografia com uma lata de metal, a fazer meu próprio desenho animado, a cuidar de uma horta, a mexer com marcenaria, a jogar diversos jogos, a enfrentar meu medo de altura, enfim, tive contato com pessoas, histórias, técnicas e ideias.

Mas, de todos esses conhecimentos e experiências, acredito que a herança mais rica que recebi foi a humanidade. Isso porque lá convivi com crianças de diversas classes sociais, com variadas bagagens culturais, com deficiências, com famílias estruturadas a com as sem família, com meninos e meninas, e era como se eu não soubesse que essas diferenças existiam. Éramos todos iguais, todos tratados com respeito e ensinados a respeitar. As “panelinhas” eram continuamente desestimuladas, assim, essa troca era constante. De certo modo, a riqueza de conteúdo e conhecimento se refletiam na riqueza de humanidade.

Foi uma época muito feliz e acredito que me proporcionou uma vivência à frente de meu tempo. Se hoje está em pauta a discussão de igualdades – de gêneros e afins – naquele tempo todo mundo bordava, mexia com martelo e sabia cooperar. Me orgulho muito desta fase da minha vida e também tenho a agradecer aos instrutores (Márcio, Raquel, Guta e Luci) que nos ensinavam tudo isso por meio de seus exemplos.

* Beatriz é ex-curumim, tem 27 anos e frequentou o programa no Sesc Bauru de 1997 a 2002.

Clique aqui para saber mais sobre o programa Curumim.

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