Restaurar o amanhã 

27/05/2025

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Em cidades e florestas, iniciativas comunitárias mitigam os impactos da ação humana sobre o meio ambiente e restauram os territórios e seres vivos (foto: Nilton Fukuda)

Leia a edição de JUNHO/25 da Revista E na íntegra

POR MARCEL VERRUMO

Quatorze anos se passaram desde que os moradores do Jardim Pantanal, em São Miguel Paulista, na zona Leste de São Paulo, começaram a promover uma mudança na realidade local. Instalados na várzea do Tietê, os moradores sofriam com enchentes que, ano após ano, invadiam suas casas, desabrigando famílias e provocando perdas materiais. Diante desse cenário de vulnerabilidade, agravado por problemas de infraestrutura e altos índices de criminalidade, decidiram se organizar. Em 2011, pelas mãos dessas pessoas, a maioria mulheres negras e nordestinas, a região passou a se transformar.  

Primeiro, os moradores do Fundão do Pantanal retiraram lixos e pedras de um terreno da região que era pouco iluminado e usado como ponto de descarte irregular, e passaram a plantar mudas de árvores frutíferas e ervas. “Semeamos uma agrofloresta. As ervas eram vendidas ou doadas para pessoas da comunidade”, lembra Vilma Martins, uma das fundadoras da iniciativa, que cresceu e se estruturou como um coletivo, recebendo o nome de Mulheres do GAU (Grupo de Agricultura Urbana)

Após seis anos, quando o solo já estava menos poluído, o grupo construiu uma horta urbana, plantando também legumes e verduras, além de expandir a produção de ervas e frutas. A colheita sem agrotóxicos passou a ser vendida a um preço justo a moradores locais, comercializada em feiras e distribuída a escolas de São Paulo. Também foi criado um espaço de educação ambiental para compartilhar saberes e experiências cultivados no projeto. Hoje, o Mulheres do GAU ocupa duas áreas de mais de dois mil metros quadrados cada: um Polo de Alimentação Saudável (horta urbana e cozinha coletiva) e um Polo de Educação Ambiental (espaço de produção e atividades educativas a grupos de visitantes). 

Em menos de duas décadas, o violento depósito de entulhos transformou-se em um local iluminado e verde, onde são cultivados alimentos saudáveis. “A região passou a ser mais habitável, com casa e comércio. Outras pessoas se inspiraram e replicaram a ideia em suas comunidades. Nossa população tem acesso a uma alimentação saudável e nós, mulheres participantes, encontramos um lugar de trabalho e cura”, orgulha-se Martins. 

Na periferia de São Paulo, o trabalho desenvolvido pelas Mulheres do GAU recuperou um espaço urbano e ajudou a reconstruir a vida de quem o habitava, alinhando-se  às propostas da Organização das Nações Unidas (ONU) para a promoção da sustentabilidade até 2030, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Promoveu, sobretudo, o ODS 11: cidades e comunidades sustentáveis, cujo propósito é tornar essas áreas “mais inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis”. Também dialoga com outra ação fomentada pelas Nações Unidas para alcançar as suas metas: a restauração. 

Década para recuperar 
Os seres humanos e as catástrofes naturais (tempestades, deslizamentos de terra, terremotos etc.) são agentes que podem causar a destruição de ecossistemas. Diante do impacto, alguns desses espaços têm a capacidade natural de suportar pressões e se regenerar, característica denominada resiliência. “Um sistema resiliente tem o potencial de voltar à sua condição inicial ou de se aproximar dela”, diz Laury Cullen Júnior, engenheiro florestal e pesquisador associado do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ). Como exemplo, o profissional cita áreas da região da Serra do Mar, no estado de São Paulo, que ficaram isoladas após um longo período de desmatamento e, sem a ação humana, começaram a recuperar seus traços originais.  

Iniciativa de recuperação das florestas, o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) conta com uma equipe de mais de 300 funcionários que atuam na pesquisa, conservação e restauração da sociobiodiversidade da Mata Atlântica, bem como na educação ambiental e desenvolvimento comunitário. A comunidade cultiva mudas de árvores para a criação de corredores ecológicos, interligações físicas para a preservação de espécies da fauna e da flora (foto: Diego Bresani)

Se podem destruir o ambiente, as pessoas também podem contribuir para a recuperação de áreas degradadas, seja no espaço urbano ou fora dele. Quando há resultado de contribuições humanas, essa recuperação é chamada de restauração. O tema é tão relevante nas discussões de sustentabilidade que, em 2021, a ONU batizou o período até 2030 como a Década de Restauração dos Ecossistemas, ou seja, como uma fase para a sociedade se engajar na recuperação do meio ambiente, passo fundamental para o alcance dos ODS. 

Na ocasião do lançamento, cientistas ligados às Nações Unidas informaram que cerca de um milhão de espécies da fauna e da flora do planeta correm o risco de extinção, muitas delas nas próximas décadas. Aproximadamente 60% dessas extinções poderiam ser evitadas se as comunidades restaurassem apenas 15% dos ecossistemas em regiões estratégicas. Além da preservação da biodiversidade, a medida também resultaria em impactos positivos no acesso à água potável e a alimentos, auxiliando no combate à fome e às desigualdades sociais. 

Na aldeia Tekoa Yvy Porã, uma das sete da Terra Indígena Jaraguá, na região norte da capital paulista, a atuação da comunidade indígena foi essencial para a restauração da floresta e da sua biodiversidade. Há mais de uma década, seus moradores identificaram a extinção de espécies de abelhas nativas presentes nas histórias contadas por anciões, algumas das quais pelo uso medicinal e relevância em cerimônias culturais. “Em 2014, iniciamos uma busca em outras áreas por espécies extintas e passamos a reintroduzi-las no território. Eram abelhas essenciais para nós, da etnia Guarani, como as uruçus amarelas, as mandaçaias, as borás e as manduris”, conta o cacique Márcio Verá Mirim. 

Liderança indígena, Marcio Verá Mirim, no Território Indígena Jaraguá, realiza junto à comunidade da aldeia Tekoa Yvy Porã um trabalho de restauração da biodiversidade a partir da reintrodução de abelhas nativas, algumas das quais produtoras de mel e cera usados em cerimônias culturais e tratamentos medicinais (foto: Nilton Fukuda)

De acordo com a liderança indígena, a reintrodução do inseto no ecossistema foi um processo gradual e contínuo. “Ao longo desses anos, a gente foi estudando as nossas espécies, que são muitas, e foi introduzindo aos poucos, sempre consultando os anciões para não forçar o território. Como algumas áreas não têm muita vegetação, a gente precisou reflorestar para ajudar na recuperação do espaço e reintroduzir as espécies”, relata. 

As abelhas contribuíram com a produção de mel, cera e medicamentos usados na aldeia. Práticas culturais também foram impactadas. Antes difíceis de serem produzidas, velas feitas a partir da cera e utilizadas no batismo de crianças Guarani voltaram a ser confeccionadas. “A gente vê tanta destruição da Mata Atlântica. Precisamos proteger o que restou, a biodiversidade dos nossos biomas, as nossas espécies da fauna e da flora. Assim, a floresta continua em pé e a gente tem mais qualidade de vida, tem um futuro melhor”, finaliza Mirim. 

Ações regeneradoras 
Embora o tema da restauração tenha ganhado destaque na agenda pública nos últimos anos, graças, entre outros fatores, à atuação da ONU, ele está há décadas presente nos instrumentos que orientam as políticas públicas brasileiras. Desde o Código Florestal de 1934, foi instituído o replantio imediato de vegetação da mesma espécie ou similar, adequada às condições locais, no caso de morte ou seca das árvores de florestas. A Constituição Federal de 1988, por sua vez, determina que cabe ao poder público preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e promover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas. 

Em 2017, outro avanço importante foi dado com a instituição da Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Proveg), principal instrumento brasileiro para a construção de políticas públicas de restauração no país. Mais do que um documento descritivo, a Proveg definiu que a restauração deve ser implementada por meio do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), que articula e promove ações de recuperação de florestas e outras formas de vegetação. 

No estado de São Paulo, uma iniciativa de recuperação das florestas é o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), organização não governamental fundada em 1982, que hoje conta com uma equipe de mais de 300 funcionários. A ONG atua na pesquisa, conservação e restauração da sociobiodiversidade, educação ambiental e desenvolvimento comunitário.  

O IPÊ recupera, especialmente, áreas da Mata Atlântica, bioma característico da maior parte do território paulista. Quando se analisa o que ainda resta da Mata, observam-se pontos isolados, separados por longos trechos desmatados – sem possibilidade de contato e cruzamento, suas espécies correm o risco de extinção. “Há 25 anos, por meio do projeto Corredores Ecológicos, trabalhamos no plantio de mudas entre as áreas que sobraram da Mata Atlântica, criando corredores de mata, interligações físicas entre esses espaços, e possibilitando o contato entre suas espécies”, conta o engenheiro florestal Laury Cullen Júnior, pesquisador associado da ONG. 

A organização articula investimentos de grandes empresas (que recebem créditos de carbono por investirem no reflorestamento) e a experiência da comunidade. “O nosso futuro precisa ser calcado em Soluções Baseadas na Natureza e nas Pessoas. Precisamos envolver a comunidade local no enfrentamento dos nossos problemas ambientais, na busca por soluções para nossos territórios”, defende Cullen Júnior. 

Adubar boas ideias 
Além de promover a recuperação dos ecossistemas naturais, como os terrestres (florestas, desertos, savanas, dentre outros) e os aquáticos (rios, lagos, oceanos, por exemplo), órgãos nacionais e internacionais também estão atentos à restauração dos chamados ecossistemas artificiais, como as cidades. Segundo relatório das Nações Unidas, embora a taxa de pessoas que moram em espaços urbanos seja pouco acima de 50%, esses ambientes são responsáveis por mais de 70% do consumo dos recursos naturais. No Brasil, 87% da população brasileira já vive em áreas urbanas segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o crescimento estimado da população vivendo em centros urbanos, os recursos naturais consumidos tendem a crescer, se for mantido o atual padrão de consumo. A recuperação das cidades passa, então, por iniciativas que transformem essa lógica. 

Na capital paulista, uma das ações para recuperação dos espaços – e mitigação do impacto humano – dedica-se a outro destino para o resíduo produzido. Na cidade, são geradas cerca de 20 mil toneladas de resíduos todos os dias, das quais 12 mil são oriundas da coleta domiciliar e oito mil, de varrição. O destino principal do material coletado são aterros sanitários – uma solução considerada por muitos como menos poluente do que os antigos lixões, mas que ainda oferece risco de contaminação do solo e de lençóis freáticos. 

Uma ação que contribui para minimizar a quantidade de resíduos destinada a esses locais é a iniciativa socioambiental Planta Feliz – Adubo Orgânico, criada pelo casal Marina Sierra de Camargo e Adriano Sgarbi. O negócio recolhe resíduos de origem animal e vegetal de casas e empresas que contratam o serviço e os leva a um sítio em Parelheiros, extremo sul da cidade. Lá, eles passam por um processo de compostagem termofílica, ou seja, o resíduo é depositado em leiras e decomposto pelas próprias bactérias, em um processo que gera calor. Ao final, é gerado adubo líquido e sólido, também sobram cerca de 5% de resíduos destinados a aterro (índice bem inferior ao inicial). O adubo gerado é utilizado em uma agrofloresta da empresa, que se tornou o primeiro pátio privado de compostagem da cidade de São Paulo.  

Ciente da contribuição desse processo ao meio ambiente, a cidade de São Paulo também possui cinco pátios públicos de compostagem, geridos pela prefeitura e estruturados pelo Projeto Feiras e Jardins Sustentáveis, localizados nos bairros da Sé, Lapa, Mooca, Ermelino Matarazzo e São Mateus.

Adriano Sgarbi e Marina Sierra de Camargo criaram o Planta Feliz – Adubo Orgânico, negócio de impacto socioambiental que recolhe resíduos de origem animal e vegetal de casas e empresas e os leva a um pátio de compostagem em um sítio em Parelheiros, extremo sul da cidade de São Paulo. Lá, geram o adubo utilizado em uma agrofloresta e comercializado (foto: Marina Goulart) 

Potência da periferia 
A restauração do ambiente urbano também pode ser vislumbrada no Jardim Ângela, distrito na zona Sul de São Paulo que, em 1996, foi considerado o lugar mais violento do mundo pela ONU. Na época, a região registrava, anualmente, 116 assassinatos a cada 100 mil habitantes. Com a articulação entre o trabalho do poder público, de empresas privadas e da comunidade, a população presenciou o índice reduzir para 64 homicídios por 100 mil habitantes em menos de uma década, no ano de 2004. De lá para cá, ações são realizadas para restaurar o espaço, desenvolvendo a região e oferecendo mais qualidade de vida aos moradores. 

Uma das iniciativas é o Instituto Favela da Paz, organização sem fins lucrativos criada em 2010 por moradores para fomentar o local por meio de projeto sociais. “Uma das nossas ações é o Periferia Sustentável, um laboratório de tecnologias sociais no meio da quebrada, que oferece soluções sustentáveis como gerenciamento de resíduos sólidos, energia renovável, captação de água de chuva, dentre outras”, conta o empreendedor social Fábio Miranda, conhecido como Professor Pardal da Quebrada [referência ao personagem inventor, presente nas animações dos estúdios Disney]. 

Para recuperar áreas da cidade e desenvolver pessoas, o Periferia Sustentável já desenvolveu trabalhos em diferentes frentes: implantou um sistema de iluminação movido a energia solar em um espaço comum, promovendo a segurança pública; criou um totem que iluminou e disponibilizou internet livre a jovens em uma praça, democratizando ferramentas de informação e comunicação; desenvolveu um sistema automatizado de captação de água de chuva para irrigação de hortas cultivadas por pequenos produtores, fomentando a agricultura familiar; implantou mais de cem painéis solares em residências periféricas, promovendo uma fonte de energia limpa e zerando o gasto com eletricidade.  

Ao refletir sobre a sua contribuição ao Jardim Ângela, Miranda sintetiza o impacto da restauração promovida pelo projeto comunitário no território: “Moro onde já foi o lugar mais violento do mundo, onde às vezes é mais fácil reclamar dos problemas. O que tentamos fazer aqui é, em vez de focar na escuridão, acender velas e iluminar outros caminhos”.  

(foto: Acervo Periferia Sustentável)

para ver no sesc / sustentabilidade 
Casa Comum 
Iniciativas comunitárias que restauram espaços e inspiram pessoas assumem protagonismo na programação do Sesc São Paulo 

Nessa edição do projeto Territórios do Comum, mais de 150 atividades,  entre bate-papos, feiras e palestras, discutem o tema “Resiliência e  Regeneração Para Cidades e Comunidades Sustentáveis”, dialogando  com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela ONU (foto: Diego Bressani)

De 4 a 15 de junho, o Sesc São Paulo realiza o projeto Territórios do Comum em 31 unidades da capital e grande São Paulo, interior e litoral, mapeando iniciativas que fomentam articulações comunitárias e transformações em seus territórios. A ação promove modos de viver sustentáveis, economicamente justos e acessíveis, bem como o fortalecimento da cidadania. 

Essa edição é composta por mais de 150 atividades, como bate-papos, feiras e palestras, que discutem o tema Resiliência e Regeneração Para Cidades e Comunidades Sustentáveis, dialogando com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), sobretudo com o ODS 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis), e com os desafios decorrentes das mudanças climáticas.  

“Em sua atuação permanente e em projetos, como o Territórios do Comum, o Sesc São Paulo realiza ações que promovem a construção de cidades e comunidades sustentáveis e resilientes, e a restauração de ecossistemas degradados. São iniciativas que contribuem para promover a sustentabilidade, a justiça social, a segurança alimentar e a cidadania, bem como erradicar a pobreza e mitigar as mudanças climáticas”, explica Alessandra Gonçalves da Silva, que integra a equipe da Gerência de Educação para Sustentabilidade e Cidadania do Sesc São Paulo.  

Confira destaques da programação: 

Avenida Paulista
Mostra Territórios de Saberes 
A feira reúne iniciativas com práticas e tecnologias sustentáveis. Seus produtos contribuem para a regeneração e a restauração das cidades e comunidades. Dia 5/6. Quinta, das 11h às 17h30. Grátis.

Carmo
Visita a Mulheres do GAU – Grupo de Agricultura Urbana 
O público é convidado a conhecer o Grupo de Agricultura Urbana em São Miguel Paulista, que atua para manutenção do espaço por meio do plantio, cultivo, colheita e manejo agroflorestal.  
Dia 9/6. Segunda, às 9h. Grátis.

Consolação
Confluência: Feira Agroecológica  
Apresenta expositores e agricultores que protegem nascentes em seus territórios, além de oficina de permacultura e debates relacionados à água, estratégias de conservação e desafios.  
Dias 7/6 e 8/6. Sábado e domingo, das 12h às 17h. Grátis.

Registro
II Seminário sobre Mudanças Climáticas no Vale do Ribeira   
Em parceria com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Ribeira de Iguape e Litoral Sul, a unidade fomenta reflexões sobre as mudanças climáticas e os impactos na região. Dia 11/6. Quarta, às 9h. Grátis.

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