Seminário de Saúde Mental: Arte e Sociedade

07/03/2023

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Com a proposta de criar reflexões e diálogos para discutir a saúde mental e sua correlação com a arte e sociedade, o Sesc São Paulo realiza, de 21 a 23 de março de 2023, no Sesc Belenzinho, o Seminário Saúde Mental: Arte e Sociedade, trazendo especialistas como a psicanalista e professora na área de psiquiatria transcultural Jaswant Guzder (Canadá), e a psicóloga Debbie-Ann Chambers (Jamaica), que atua com terapias decoloniais.

Especialistas indicam que a criação artística estimula a liberação de dopamina, neurotransmissor que é ativado quando fazemos algo que nos traz prazer e felicidade, beneficiando o corpo contra a depressão e a ansiedade. Também é notável como a arte em suas múltiplas linguagens, tem a capacidade de favorecer o equilíbrio e pode ocupar um lugar de promoção e prevenção em saúde.

Para debater essa relação entre saúde mental e qualidade de vida, a partir da arte, a programação contará com mesas, oficinas, rodas de conversa e atividades artísticas que permitem aos participantes uma reflexão mais profunda sobre os temas e o compartilhamento de conhecimentos.

“O Sesc entende a saúde de forma integral, conjugando corpo e mente para o bem-estar e bem viver individual e coletivo”, afirma Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc SP. “Ao realizar ações que fomentam a consciência crítica a respeito das condições e modos de vida, o Sesc cumpre sua missão institucional, criando oportunidades para que os indivíduos e as comunidades possam fazer as melhores escolhas possíveis dentro de sua realidade”, completa Miranda.

O Seminário terá a participação do psiquiatra, ator e médico comunitário Vitor Pordeus;  da arte educadora Regiane Mendes e do terapeuta Lula Wanderley, que farão um recorte histórico do trabalho de Nise da Silveira e Osório César; da artista Katia Canton e do diretor da ONG Sã Consciência Ed Otsuka, para uma discussão sobre lazer e qualidade de vida; da psiquiatra Carmen Santana, para abordar a arte como recurso terapêutico; de Vera Dantas, médica que atuou na equipe multidisciplinar de saúde indígena com a etnia Tapeba, no Ceará, para uma fala sobre projetos sociais na área de saúde mental; da psicóloga Gladys Schincariol, que fará uma imersão no trabalho de Nise da Silveira, entre outros.

No último dia, o Grupo XIX de Teatro, coletivo que nasceu no Centro de Artes Cênicas da Universidade de São Paulo – USP, apresenta na Vila Maria Zélia (entorno do Sesc Belenzinho), o espetáculo Hysteria e propõe uma reflexão sobre a saúde mental, arte e sociedade.

Dados da saúde mental no mundo e no Brasil

Índices da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 2019, indicam que quase um bilhão de pessoas – incluindo 14% dos adolescentes – viviam com um transtorno mental e mais de 300 milhões de pessoas no mundo foram afetadas pela depressão, que atingia cerca de 5,8% dos brasileiros. Nesse ranking, o Brasil foi apontado como o país com maior porcentagem de ansiedade (9,3%) e com maior prevalência de depressão na América Latina.

O suicídio foi responsável por mais de uma em cada 100 mortes no mundo e 58% deles ocorreram antes dos 50 anos de idade. Depois da pandemia de Covid-19 e com a insistência dos conflitos e guerras, esses números aumentaram.

PROGRAMAÇÃO

Dia 21/03 (terça-feira)

  • 19h30 – Abertura “A Arte na Promoção da Saúde”
    Com Jaswant Guzder (Universidade McGill / Canadá) e Debbie-Ann Chambers (Universidade das Índias Ocidentais / Jamaica). Mediação: Vitor Pordeus.

Dia 22/03 (quarta-feira)

  • 10h – Mesa 1 – “Nise da Silveira e Osório César: A História e Perspectivas Futuras da Arte como Terapia”. Com Regiane Mendes e Lula Wanderley. Mediação: André Nader.
  • 13h30 – Mesa 2 – “Arte e Lazer – Estímulos para o Bem-Estar”. Com Katia Canton e Ed Otsuka. Mediação: Jayme Paez.
  • 16h – Mesa 3 – “Saúde Mental: Projetos e Parcerias”. Com Vera Dantas, Vitor Nina e Carmen Santana. Mediação: Barbara Esmenia Pacheco da Silva.

Dia 23/03 (quinta-feira)

  • 10h – Palestra “A Importância do Autocuidado no Cotidiano”. Palestrante: Jaswant Guzder.

Processos Exploratórios

Dia 23/03 (quinta-feira)

  • 14h – Oficina 1: Narrativas que se Encontram. Com Debbie-Ann Chambers, Elidayana Alexandrino e Vitor Pordeus.
  • 14h – Oficina 2: Carregadas de Emoção – Imersão em Nise da Silveira. Com Gladys Schincariol.
  • 14h – Oficina 3: Arte na Promoção da Saúde Mental. Com Carmen Santana.
  • 14h – Espetáculo Debate: Hysteria. Com o Grupo XIX de Teatro.

Para mais informações acesse: https://www.sescsp.org.br/programacao/seminario-de-saude-mental-arte-e-sociedade/

Sobre os participantes:

André Nader
Psicólogo e mestre em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo. Autor do livro “O não ao manicômio: fronteiras, estratégias e perigos (2019). Pesquisador nas áreas de saúde pública, saúde mental, reforma psiquiátrica (brasil), psicanálise e psicanálise e política.

Barbara Esmenia Pacheco da Silva
Dramaturga, poeta e curinga de Teatro da/os Oprimida/os. Formada em Letras pelo Unifieo (Osasco/SP) pelo ProUni. Trabalha no núcleo socioeducativo do Sesc 24 de Maio, atuando com as áreas de Diversidade Cultural, Direitos Humanos e Valorização Social. 

Carmen Santana
Médica pós-graduada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, com doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo. Foi professora e supervisora do curso de especialização em Saúde Mental, Imigração e Interculturalidade na Escola Paulista de Medicina e coordenadora do Projeto de Extensão Universitária A Cor da Rua, na área de saúde e direitos humanos. Atualmente, é coordenadora Curso e Guia: Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Imigração e Refúgio (Organização Internacional para as Migrações OIM/ UNIFESP) e das disciplinas teórico práticas Arte, Cultura e Saúde Mental: Práticas de Arteterapia e Saúde Mental de Grupos Vulneráveis, na residência de enfermagem psiquiátrica e saúde mental do Departamento e Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP.

Debbie-Ann Chambers
PhD em Psicologia de Aconselhamento, Chefe do Serviço de Aconselhamento Universitário na University of The West Indies. Sua atuação é inspirada em modelos de terapia decoloniais e criativos. 

Dinho Lima Flor
Um dos fundadores da Cia do Tijolo, Companhia Teatral que inaugurou seus trabalhos com a vida e obra do poeta Patativa do Assaré, no espetáculo “Concerto de Ispinho e Fulô”. Dirigiu “O Avesso do Claustro”, inspirado na trajetória religiosa e política de Dom Helder Câmara e trabalhou, durante uma década, no Teatro Vento Forte. Atua no “Ledores no Breu”, com ideias e práticas de Paulo Freire.

Ed Otsuka
Doutor e mestre em ciências pela Universidade de São Paulo – USP. Atuação em Políticas Públicas de Saúde e Saúde Mental. Diretor-presidente da ONG Sã Consciência. Docente em Psicologia Social, Psicologia Comunitária, Saúde e Políticas Públicas. Atuação em entidades e movimentos de defesa dos Direitos Humanos. Idealizador da Copa da Inclusão realizada em parceria com o Sesc SP e professor de Psicologia da Universidade Paulista. 

Elidayana Alexandrino
Artista visual, educadora, pesquisadora e curadora independente, é graduada em Artes Plásticas, licenciada em Educação Artística pela Universidade Braz Cubas (UBC). Desde 2015, desenvolve a pesquisa artística “Narrativas que se encontram”. Na série, a artista cria um diálogo entre imagens, reunidas por meio de sua memória. A série compreende um processo que aproxima épocas, povos e realidades diferentes. exposição “Somos Muit+s: experimentos sobre coletividade” (2019). Ao lado de Aline Baliberdin, a artista fez a curadoria da exposição “Corpo que é meu outro” (2020).

Gladys Schincariol
Psicóloga pela PUC de Campinas. Iniciou seus estudos no campo da Saúde Mental, com a Dra. Nise da Silveira, nos ateliês terapêuticos do Museu de Imagens do Inconsciente no Centro Psiquiátrico Pedro II, no Rio de Janeiro. Trabalhou como pesquisadora do CNPq na Casa das Palmeiras, clínica de portas abertas destinada a egressos de hospitais psiquiátricos. Participou do movimento da Luta Antimanicomial e da Reforma Psiquiátrica brasileira. Desde 1979 coordena os projetos de pesquisa e preservação dos acervos do Museu de Imagens do Inconsciente e das atividades clínicas nos ateliês terapêuticos, supervisionando e orientando estagiários e estudiosos.

Jaswant Guzder
Professora no Departamento de Psiquiatria McGill, Chefe de Psiquiatria Infantil e Diretora do Hospital Dia de Distúrbios da Infância no Hospital Geral Judaico, Consultora Sênior e Ex-diretora do Serviço de Consulta Cultural do Hospital Geral Judaico e Associado da Faculdade McGill de Serviço Social. Psicanalista e supervisora do Programa de Mestrado em Arteterapia da Concordia University.

Jayme Paez
Graduado em Artes Cênicas pela UNICAMP, com especialização em Gestão Cultural pela Fundação Dom Cabral e formação em Psicanálise pelo Centro de Estudos Psicanalíticos – SP, onde atualmente integra o Núcleo de Formação Permanente – Psicanálise Infância e Adolescência. Há 11 anos atua como Gestor da Unidade do Sesc Santo André, estando na instituição há 23 anos. Além da carreira como artista, educador, programador e gestor cultural, atualmente atua também como psicanalista, na escuta de jovens e adultos.

Katia Canton
Artista visual, escritora, jornalista, professora e curadora. Estudou arquitetura, dança e formou-se jornalista pela ECA USP, em São Paulo. Sua pesquisa acadêmica é inter disciplinar e relaciona as artes e os contos de fadas, de várias épocas e culturas do mundo. Docente na Universidade de São Paulo, sendo professora associada do Museu de Arte Contemporânea (onde foi vice-diretora) e do programa de Pós-graduação Interinidades em Estética e História da Arte. Seu trabalho artístico é multimídia, incluindo desenho, pintura, fotografia e objetos, e conceitualmente se liga a questões sobre sonho, desejos e narrativas.

Lula Wanderley
Poeta experimental e terapeuta.  No Rio, desde 1976, trabalhou com Nise da Silveira e Mario Pedrosa no Museu de Imagens do Inconsciente e, colaborou com Lygia Clark em suas pesquisas sobre arte / corpo / psiquismo. Criou, com amigos, o Espaço Aberto ao Tempo – instituição voltada para a investigação da relação entre arte e sofrimento psíquico. Escreveu o livro “O Dragão Pousou no Espaço: arte contemporânea, sofrimento psíquico e o Objeto Relacional de Lygia Clark” (editora Rocco) e, “No silêncio que as palavras guardam: o sofrimento psíquico, o Objeto Relacional de Lygia Clark e as paixões do corpo” (N-1 Edições). Expõe, regularmente, em galerias de artes e museus.

Regiane Mendes
Arte-educadora, historiadora e pedagoga é mestre em História da Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação: História, Política, Sociedade pela PUC-SP; especialista em Linguagens Artísticas Contemporâneas: ensino-aprendizagem pela Faculdade Santa Marcelina. É formadora de educadores/professores (iniciais e continuados), facilitadores e mediadores. Cria e desenvolve recursos didáticos com temas sobre cidadania, Direitos Humanos, educação integral e profissional.

Vera Dantas
Médica, atuou na Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena, com a etnia Tapeba,  coordenou as Cirandas da Vida, estratégia de educação popular em saúde, na Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (2005 -2009). Atuou como coordenadora pedagógica do Sistema Municipal de Saúde Escola e do programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família na Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (2010-2013), integrante da equipe de coordenação do Curso de Especialização e Aperfeiçoamento em Educação Popular e Promoção a Saúde em Territórios Saudáveis na Convivência com o Semiárido (2019-2020).

Vitor Nina
Médico e ator de rua, graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA), mestrando do Programa de Pós Graduação em Saúde, Ambiente e Sociedade na Amazônia (PPGSAS) do Instituto de Ciências da Saúde da UFPA e membro fundador da Associação Viramundo, pesquisa e trabalha na intersecção entre Saúde e Arte, especialmente junto à populações em vulnerabilidade, tendo participado da implantação da estratégia Consultório na Rua em Belém e colaborador do Núcleo de Artes como Instrumento de Saúde (NARIS) da UFPA e com a Universidade Popular de Arte e Ciência (Upac). 

Vitor Pordeus
É médico comunitário, imunologista, psiquiatra transcultural e ator que vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil. Fundou o Hotel e Spa da Loucura, o Teatro DyoNises e a Universidade Popular de Arte e Ciência no mais antigo Hospício Público brasileiro, recentemente transformado em parque comunitário, o Parque Nise da Silveira. Atualmente se dedica a atender pacientes da comunidade carioca na Clínica Teatro DyoNises, um empreendimento coletivo de médicos, terapeutas e atores.

Sobre o Grupo XIX de Teatro
Coletivo nascido no Centro de Artes Cênicas da Universidade de São Paulo – USP, a partir de pesquisa acadêmicas. Seus espetáculos narram dramas sociais e políticos, apresentados em edifícios antigos, invariavelmente abandonados, aproveitando a arquitetura como cenografia e a luz natural como iluminação. A gênese do grupo segue a tendência dos chamados processos colaborativos na cena contemporânea brasileira da virada do milênio, com a afirmação do vínculo do teatro com a cidade e vice-versa.

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