TUDO ISSO É JAZZ? | Confira a cena musical contemporânea e feminina presente no Sesc Jazz

29/09/2023

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Conheça 5 mulheres que vêm se destacando na cena musical contemporânea – e que sobem aos palcos do Sesc JaZZ EM OUTUBRO E NOVEMBRO

POR LUNA D’ALAMA

Leia a edição de OUTUBRO/23 da Revista E na íntegra

O jazz é um dos gêneros resultantes da diáspora africana, assim como outros que surgiram nas Américas. Das comunidades negras, esse gênero musical ampliou sua liberdade rítmica e fundiu-se a diferentes tradições culturais. O jazz chega ao século 21 como sinônimo de música instrumental e improvisada, com repertório plural e inovador, consolidando-se como uma expressão transpassada por memórias, matrizes e experimentações. Para a cantora peruana Susana Baca, três vezes ganhadora do Grammy Latino, “o DNA do jazz está na busca de uma sonoridade de alforria, de libertação e também de rebelião” [Leia mais na reportagem Ecos do Jazz, publicada na Revista E de outubro de 2022].

A partir dessa noção expandida do gênero, o Sesc São Paulo realiza, entre os dias 18 de outubro e 5 de novembro, a quinta edição do Sesc Jazz. Ao todo, serão 22 atrações (14 internacionais, sete nacionais e uma híbrida), em 35 shows nas unidades paulistanas Pompeia e 14 Bis. Entre os nomes que sobem aos palcos do Sesc Jazz 2023, neste mês e no próximo, estão mulheres que vêm se destacando na cena musical.

Neste Almanaque, conheça cinco dessas cantoras e instrumentistas que, para além do virtuosismo musical, expressam, por meio de suas criações, mensagens de equidade racial e de gênero.

Confira a programação completa e valores dos ingressos: sescsp.org.br/sescjazz

THANDI NTULI (África do Sul)

Expoente do novo jazz sul-africano, a pianista e cantora (foto acima, de Ndumiso Sibanda) nasceu em 1987, na cidade de Soshanguve, a cerca de 30 quilômetros de Pretória. A artista vem de uma família de musicistas, incluindo uma tia que era cantora clássica, um tio que integrava uma banda de afro rock e um avô que incentivava seus descendentes a compor, tocar e cantar juntos. O primeiro álbum de Thandi, The Offers, foi lançado de forma independente em 2014, tendo recebido muitos elogios e conquistado prêmios. Thandi é vista como uma artista que valoriza e reforça suas origens, ao representar toda a potência das mulheres negras de seu país. A cantora também já atuou como diretora musical, no álbum Indaba Is (2021), que revelou novos nomes do cenário sul-africano. No Sesc Jazz 2023, ela se apresenta com uma banda formada por: Keenan Ahrends (guitarra), Sphelelo Mazibuko (bateria), Nompumelelo Nhlapo (percussão), Shane Cooper (baixo), Mthunzi Mvubu (saxofone alto e flauta) e Sthembiso Bhengu (trompete).

Pompeia. Dia 20/10, sexta, às 20h.

Rob O’Connor

SONA JABARTEH (Gâmbia)

Nascida em Londres, em 1983, a cantora, compositora e multi-instrumentista vem de uma família de griôs (contadores de histórias e guardiões da tradição oral) da África Ocidental. É a primeira mulher dentro dessa tradição ancestral a dominar a kora, instrumento de 21 cordas que mescla características da harpa com as do alaúde. Estudou violoncelo, piano, cravo, guitarra, baixo, percussão, composição e arranjo. A música de Sona combina o som tradicional de sua herança gambiana com elementos modernos do jazz, blues, soul e R&B. Desde 2011, a artista já se apresentou em mais de cinquenta países e em cinco continentes, esbanjando virtuosismo, performances, melodias e ritmos contagiantes. Seu mais recente álbum, o premiado Badinyaa Kumoo (2022), conta com a participação do filho adolescente de Sona, Sidiki Jobarteh-Codjoe, mestre griot que também canta e toca balafom (instrumento de percussão precursor do xilofone). Além dos shows, a artista confere palestras pelo mundo e, em 2022, compôs trilhas para o filme hollywoodiano A Fera, estrelado por Idris Elba. Há oito anos, fundou a Academia Gâmbia, instituição que oferece aulas de música e dança para jovens, com base em tradições, perspectivas e valores africanos.

14 Bis. Dias 26 e 27/10, quinta e sexta, às 19h30.

Foto: Rob O’Connor

Marcelo Castelo Branco

ROSA PASSOS (Brasil)

Aos 71 anos, a cantora, compositora e violonista baiana reinventa-se continuamente. Desde seu primeiro álbum, Recriação (1979), já lançou 17 discos e dedicou-se, além das faixas autorais, a interpretar clássicos da MPB e da bossa nova compostos por Tom Jobim, João Gilberto e Ary Barroso, entre outros. Com vasta experiência no exterior, Rosa já se apresentou ao lado de grandes nomes do jazz, como o estadunidense Ron Carter, o cubano Paquito D’Rivera e o franco-guienense Henri Salvador (1917-2008). Em 2006, subiu ao palco do icônico Carnegie Hall, em Nova York, para um espetáculo solo, de voz e violão. No ano seguinte, fez uma série de shows na tradicional casa Blue Note (NY) e ministrou oficinas de música na Berklee College Of Music, em Boston. Em 2013, lançou um álbum dedicado a Djavan. Seu disco mais recente, Sem Compromisso (2021), foi gravado a distância durante a pandemia, em parceria com Paulo Paulelli, responsável pelos arranjos e instrumentos. No repertório que será apresentado no Sesc Jazz 2023, Rosa revisita canções de Tom Jobim que João Gilberto transformou em verdadeiros hinos da bossa nova. A artista brilha jogando com acentos rítmicos, arranjos e outras divisões melódicas. Sucessos como Desafinado, Chega de Saudade, Eu Sei que Vou Te Amar, Samba de Uma Nota Só e Águas de Março estão no setlist. Rosa será acompanhada por um quarteto formado por Fabio Torres (piano), Paulo Paulelli (baixo), Celso de Almeida (bateria) e Lucas Andrade (sopros).

14 Bis. Dias 4 e 5/11, sábado, às 19h30, e domingo, às 18h.

Foto: Marcelo Castelo Branco

NOURA SEYMALI (Mauritânia)

Vinda de uma família de músicos, Noura é cantora, compositora, instrumentista e griotte (guardiã da palavra e responsável por preservar a tradição oral de sua cultura). Começou a compor e a se apresentar aos 13 anos, fazendo o vocal de apoio para sua madrasta, Dimi Mint Abba, uma das cantoras mais famosas da Mauritânia – conhecida como “Diva do Deserto”. Noura também aprendeu a dominar o ardin (harpa de nove cordas) e entrou no universo da performance. Após casar-se com o guitarrista Jeiche Chihighaly, começou a tocar em casamentos e, em 2004, formou uma banda. O primeiro álbum do grupo, Tzenni, foi lançado em 2014 e, desde então, os integrantes se apresentam em festivais e turnês ao redor do mundo. O som de Noura combina diferentes gêneros da música árabe com influências africanas (do Saara, do Magreb e da África Ocidental), além de incluir referências do pop e do rock psicodélico. Com sua destreza experimental, a artista mescla antigas tradições musicais com estéticas e ritmos contemporâneos, emergindo como uma poderosa voz de uma África em constante processo de tranformação.

Pompeia. Dia 2/11, quinta, às 17h.

Foto: Malika Diagana

Holly Whittaker

OUMOU SANGARÉ (Mali)

Artista de renome internacional, Oumou é considerada uma das mais importantes cantoras e compositoras africanas em atividade. É expoente do wassoulou, estilo tradicional do Mali, além de defensora dos direitos das mulheres e embaixadora da boa vontade da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Carismática e dona de um timbre elegante, Oumou se consagrou por suas interpretações cheias de emoção, suas composições refinadas e seu ativismo em prol dos novos papéis femininos na sociedade – o que está registrado em suas letras. As músicas que ela canta e compõe estão fortemente ligadas às suas raízes e à sua história pessoal. Em 2010, a artista recebeu o Grammy por melhor vocal pop colaborativo no disco Imagine, feito em parceria com Pink, India.Arie, Seal e Jeff Beck, entre outros. Em 2017, lançou o aclamado álbum Mogoya e, em 2022, foi a vez de Timbuktu, gravado no Mali, na França e nos Estados Unidos, com a proposta de fundir elementos do blues, folk e rock. O resultado, segundo a crítica, é um trabalho atemporal, livre de fronteiras e gêneros.

Pompeia. Dias 4 e 5/11, sábado, às 21h30, e domingo, às 18h30.

Foto: Holly Whittaker

Além das artistas citadas acima, há outras expoentes femininas que valem ser vistas no Sesc Jazz 2023, como Vanessa Moreno (BRA), Angel Bat Dawid (EUA), Irmandade Ensemble (BRA/FRA) e Silvia Pérez Cruz (ESP).

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