Saiba quais foram os acontecimentos políticos que inspiraram nomes de cinco ruas da capital paulista
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POR RACHEL SCIRÉ
FOTOS NILTON FUKUDA
Nas cidades, é comum encontrar ruas que recebem nomes relacionados a fatos históricos. Mas ao caminhar pela rua 7 de Abril, atravessar a avenida 23 de Maio ou fazer compras na 25 de Março, por exemplo, será que as pessoas se lembram do significado dessas datas?
Conheça, a seguir, a origem histórica dos nomes de cinco ruas da capital paulista. As informações sobre os logradouros da capital estão disponíveis no Dicionário de Ruas, portal do Núcleo de Memória Urbana (NMU), do Arquivo Histórico Municipal (AHM) de São Paulo.
7 de abril
Um fato relacionado à monarquia brasileira deu origem ao nome dessa rua que, curiosamente, termina na Praça da República. Foi em 7 de abril de 1831 que D. Pedro I (1798-1834) abdicou do trono, deixando-o para D. Pedro II (1825-1891), então com cinco anos de idade. O acontecimento marca o fim do Primeiro Reinado, que teve início em 7 de setembro de 1822, com a independência do Brasil de Portugal. O período pós-independência foi caracterizado por crises políticas, militares e econômicas, que agravaram o descontentamento em relação a D. Pedro I, desde o estabelecimento da Constituição de 1824, culminando na renúncia. A rua onde está localizada a atual 7 de Abril existe desde 1786 e já se chamou rua Nova da Ponte do Lorena, em referência ao governador da Capitania de São Paulo, capitão general Bernardo José de Lorena (1756-1818), Conde de Sarzedas, responsável pelo calçamento da cidade, alinhamento de ruas e construção de estradas. Também era conhecida como rua da Palha, por causa das habitações pobres instaladas ali. Um mês depois da abdicação, em maio de 1831, foi proposta a mudança para 7 de Abril, mas sem sucesso. Em 28 de novembro de 1865, por iniciativa do vereador Malaquias Rogério de Salles Guerra, a Câmara aprovou o nome de Largo 7 de Abril para o antigo Largo dos Curros, atual Praça da República. Depois, em 8 de maio de 1873, o vereador Alves Pereira sugeriu a mudança de rua da Palha para rua 7 de Abril, já que ela seguia em direção ao Largo.
Começa na rua Coronel Xavier de Toledo e termina na Praça da República, no Centro.
23 de maio
A história de São Paulo está inscrita em uma de suas principais avenidas que lembra o dia 23 de maio de 1932. Na ocasião, foi realizada uma manifestação diante da sede do Partido Popular Paulista, que apoiava o governo provisório de Getúlio Vargas. Várias pessoas foram alvejadas, entre elas, os jovens Euclides Miragaia (1911-1932), Antonio de Camargo Andrade (1901-1932), Mário Martins de Almeida (1907-1932) e Drausio Marcondes de Sousa (1917-1932), cujos nomes originaram a sigla MMDC, símbolo da revolução que aconteceria de 9 de julho (nome de outra avenida da capital paulista) até 2 de outubro de 1932, para pressionar o governo a convocar uma Constituinte que elaborasse uma nova Constituição, já que a anterior havia sido anulada em 1930, com a chegada de Vargas ao poder. Até o fim do século 19, o percurso da avenida 23 de Maio era conhecido como Vale do Itororó, que dividia os bairros da Liberdade e da Bela Vista, e por onde corria o Ribeirão do Anhangabaú. A partir de 1900, surge a rua Itororó, entre as atuais ruas Condessa de São Joaquim e Pedroso. A então avenida Itororó começou a ser delineada em 1928, desde a rua João Julião e até a rua Paraíso. Entre as décadas de 1930 e 1940, a via passou a ser conhecida como avenida Anhangabaú, entendida como um prolongamento do Parque do Anhangabaú. O nome atual da avenida foi proposto em 1954, mas somente em 1969 a avenida ficaria pronta para o tráfego.
Começa na Praça da Bandeira e termina na avenida Professor Ascendino Reis, no Centro.
24 de maio
Localizada na República, essa rua também poderia se chamar Batalha de Tuiuti, já que faz referência ao episódio que aconteceu em 24 de maio de 1866, durante a Guerra do Paraguai (1864-1870). Os pântanos na região do lago do Tuiuti, localizado no sudoeste do Paraguai, foram o cenário do combate, que entrou para a história como a maior e mais sangrenta batalha campal da América do Sul. Na ocasião, a ofensiva paraguaia foi vencida pelas tropas da Tríplice Aliança, formada por Brasil, Argentina e Uruguai, marcando o início da derrota do Paraguai no conflito.
No traçado urbano, a rua que seria chamada de 24 de Maio, em 1879, começou a ser aberta ainda em 1863, com a desapropriação de terrenos que permitiram o acesso ao antigo Largo dos Curros (atual Praça da República) e ao Morro do Chá, na região do Viaduto do Chá. Só em 1974 foram inaugurados os famosos calçadões da rua que, entre outros destaques, abriga o Centro Comercial Grandes Galerias, mais conhecido como Galeria do Rock, e o Sesc 24 de Maio, inaugurado em 2017.
Começa na Praça Ramos de Azevedo e termina na Praça da República, no Centro.
25 de março
A data marca o Dia Nacional da Constituição, quando a primeira Carta Magna brasileira foi imposta por D. Pedro I (1798-1834), em 25 de março de 1824. Isso porque, depois da independência, D. Pedro I não aceitou a proposta da Assembleia Constituinte de 1823 de uma constituição que limitava seus poderes. O imperador dissolveu a Constituinte e formou um conselho de pessoas próximas para redigir o texto de 1824, que estabeleceu quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador, sendo o último mais forte do que os demais e exercido pelo próprio monarca. Em 2025, completaram-se 160 anos de batismo da rua 25 de Março, iniciativa do vereador Malaquias Rogério de Salles Guerra. Mas o local já existia com outros nomes e sempre manteve uma vocação comercial. No século 18, a rua se formou nas margens do Rio Tamanduateí, chamada Beco das Sete Voltas, em referência às curvas do rio, onde as mercadorias eram transportadas e desembarcadas no Porto São Bento, conhecido como Porto Geral (denominação atual da ladeira que desemboca na 25 de Março). Com a retificação do rio, no século 19, foi aberta uma rua para ligar a Ponte do Carmo ao Porto São Bento, e a rua passou a se chamar Baixa de São Bento, por estar localizada abaixo do Mosteiro de São Bento, popularmente, conhecida como rua de Baixo.
Começa na rua Paula Souza e termina na rua Frederico Alvarenga, no Centro.
15 de novembro
O Brasil só se tornou uma república em 15 de novembro de 1889, sob a liderança do Marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892), comandante das tropas que depuseram Dom Pedro II e que se tornaria o primeiro presidente da República (1889-1891). Mas em São Paulo, a rua que, depois, daria origem à 15 de Novembro começou a ser aberta ainda no século 16, para facilitar o acesso entre o Pátio do Colégio e o Largo de São Bento. Em 1668, o logradouro era conhecido como rua de Manoel Paes Linhares, nome de um bandeirante que residia ali. A partir de 1715, com a construção da Igreja do Rosário dos Homens Pretos, na atual Praça Antonio Prado, a rua ficou conhecida como rua do Rosário. A denominação permaneceu até 1846, quando São Paulo recebeu a visita da família imperial brasileira e o local foi alterado para rua da Imperatriz. Com a Proclamação da República, os vereadores paulistanos alteraram o nome de várias ruas e praças da cidade que lembravam o antigo regime, e assim tornou-se definitivamente a rua 15 de Novembro, embora tenha sofrido alterações em seu traçado no fim do século 19, tornando-se mais reta.
Começa na rua Direita e termina na Praça Antonio Prado, no Centro.
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