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Estreia de O Novelo reacende a discussão sobre representatividade no audiovisual brasileiro

Premiado no Festival de Gramado, filme é um exemplo de representatividade ao centralizar sua trama em uma família  negra sem perpetuar estereótipos

 

No mês em que se comemora o Dia da Consciência Negra, o lançamento de um filme como “O Novelo” reacende a discussão sobre representatividade no audiovisual brasileiro. O drama é a adaptação da peça teatral homônima escrita por Nanna de Castro – que também assina o roteiro para o cinema. Nos palcos, a mesma história reunia um elenco de atores brancos; já para as telonas, “O Novelo” é encenado por cinco talentosos protagonistas negros – Nando Cunha, Rocco Pitanga, Sérgio Menezes, Rogério Brito e Sidney Santiago Kuanza. Nesta mudança, é interessante observar que o núcleo elementar da trama, sobre o reencontro familiar de cinco irmãos, não sofre alterações. “O Novelo” é um filme sobre pessoas comuns, independentemente da cor da pele de seus personagens.

Ainda que temáticas como intolerância racial não sejam predominantes no roteiro, o texto original precisou passar por ajustes a fim de representar a realidade dos protagonistas. E assim, o público está diante de um emocionante e genuíno exemplar do cinema brasileiro que cumpre com a diversidade na tela sem focar a atenção nesta questão – e certamente não torna o projeto menos político por essa condição.

A história de “O Novelo” atravessa três décadas, alternando passagens entre a infância dos cinco irmãos e a fase adulta. É quando já estão mais velhos que eles se reencontram e recebem a notícia de que um homem em coma na UTI pode ser o pai que os abandonou. Além da omissão paterna, o quinteto precisou lidar na infância com a morte precoce da mãe, que sustentava a família com peças artesanais de tricô que ela produzia. Os garotos viraram seus “assistentes”, e a cultura do tricô repassada pela matriarca – participação especial e impactante da atriz Isabél Zuaa – se estabelece como o vínculo fraterno de uma família cicatrizada pelo tempo.

 

Foto: Divulgação

 

O filme propõe um retrato da masculinidade sem resvalar no senso comum, desenvolvendo com sensibilidade e um olhar aguçado temáticas de ordem complexa, como paternidade e o lugar do homem nas relações familiares. Em entrevista, a cineasta Claudia Pinheiro, que faz a sua estreia na direção de longas-metragens com “O Novelo”, comenta a importância de ampliar o universo masculino para situações cotidianas e que implicam questões comuns e decisivas enfrentadas dentro do seio familiar. Atrelado a essa condição, vêm à tona reflexões pertinentes sobre machismo, preconceito, sexualidade, vícios, traição, perdão e aceitação.

Candidato ao Kikito de Ouro no Festival de Gramado deste ano, “O Novelo” foi consagrado no tradicional evento da Serra Gaúcha com quatro prêmios: Melhor Filme pelo Júri Popular, Melhor Ator para Nando Cunha e duas Menções Honrosas para os demais atores do elenco.

“O Novelo” fica em cartaz no CineSesc até o dia 1º de dezembro, com exibições diárias às 14h, 17h e 20h. Para conferir a programação completa e adquirir os ingressos, acesse sescsp.org.br/cinesesc.