Palco Giratório traz espetáculos de 12 estados do Brasil para São Paulo

01/08/2023

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Provisoriamente Não Cantaremos o Amor, da Traço Cia. de Teatro (SC), em cartaz dia 4/8 no Sesc Avenida Paulista.

O Palco Giratório, um dos mais abrangentes projetos de circulação de Artes Cênicas do Departamento Nacional do Sesc, traz ao público de São Paulo, no período entre 4 e 27 de agosto, 14 espetáculos de três áreas cênicas (teatro, dança e circo), provenientes de 12 estados brasileiros: Distrito Federal, Ceará, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Pernambuco, Tocantins, Rio Grande do Sul, Piauí, Paraná, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e São Paulo.

A cena negra e a contínua busca por identidade e (re)valorização de ancestralidades e saberes, o teatro realizado por mulheres e as vozes e narrativas periféricas ou dos povos originárias serão partilhados com públicos variados em sete unidades da capital: 24 de Maio, Avenida Paulista, Belenzinho, Bom Retiro, Campo Limpo, Interlagos e Santana

O Palco Giratório deste ano marca a retomada das apresentações presenciais, além das comemorações dos 25 anos de existência, totalizando 238 apresentações e 129 atividades formativas, contemplando 73 cidades e empregando diretamente 464 artistas, pesquisadores e produtores culturais.

A primeira apresentação do circuito foi a do espetáculo Cartas para Mercedesssssss, em 27 de abril, no Sesc Copacabana.

Em São Paulo, o primeiro espetáculo será no dia 4 de agosto, sexta-feira, às 20h, no Sesc Avenida Paulista: o circense “Provisoriamente não cantaremos o amor”, da Traço Cia. de Teatro, de Santa Catarina.

Entre os trabalhos selecionados pela curadoria do projeto, seis representam o Sul e Sudeste, quatro o Centro-Oeste e cinco o Norte e Nordeste sendo seis obras de teatro adulto, um infantil, quatro de circo e quatro de dança. Cada espetáculo será apresentado em duas sessões, em dias seguidos e após algumas apresentações acontece o “Pensamento Giratório”, ações com o público que podem ser em formato de oficina ou bate-papo.

Estéticas negras

As estéticas negras estão representadas por quatro espetáculos; “Cartas para Mercedesssssssss” (RJ),Imalẹ̀ Inú Ìyágbà” (SP), “Preta Mina – O fim do silêncio, o eco do incômodo” (RS) e Cuidado com Neguin” (RJ).

 “Cartas para Mercedesssssssss” (RJ), do grupo Cia Étnica de Dança, que abriu as apresentações desse ano do Palco Giratório, imagina e propõe conversas abertas entre os universos biográficos e artísticos da bailarina, coreógrafa e professora negra-brasileira Mercedes Baptista e a vida e a dança de bailarinas e coreógrafas negras de diferentes gerações. A peça dá continuidade às pesquisas da diretora e coreógrafa Carmen Luz sobre a presença e a atuação de artistas negras, negros e negres na dança criada e produzida no Brasil.

“Imalẹ̀ Inú Ìyágbà” (SP) é um espetáculo que traz, na base de sua construção, a bibliografia e as simbologias ligadas ao matriarcado mítico yorubano. Imalè ecoa o sagrado: símbolo e local de perpetuação da ancestralidade. Inú, o interior, o íntimo ou as próprias vísceras, como o útero e o estômago. Já Ìyágbà significa mulher ancestral, matriarca.

O espetáculo “Cuidado com Neguin” (RJ) traz o contexto social da condição preta e mostra a visão crítica e artística do personagem negro, jovem, pobre e favelado que sai do morro para encarar a cidade diariamente tendo de lidar com diversas formas de racismo. A identidade de Neguin é múltipla, e ele usa mecanismos para conseguir se locomover na cidade, rebater aos ataques, e, muitas vezes, se encaixar no “quadrado branco” apenas para sobreviver.

Já a poesia é a tônica do espetáculo “O Preta Mina – O fim do silêncio, o eco do incômodo” (RS), da artista Preta Mina. Ela traz à cena de forma performática e poética a descoberta da sua voz e da sua história através de poemas autorais. A peça aborda as percepções da artista sobre o mundo, suas relações em comunidade, sua arte e sua ancestralidade.

A seleção das obras feita pela comissão curatorial, composta por 29 profissionais do Sesc atuantes em todo o país, é resultado de um longo e profundo processo de análise e discussões, o qual leva em conta a experiência única dos espetáculos, as trajetórias de seus criadores, além das demandas atuais e contemporâneas, como, por exemplo, a atenção a desigualdades estruturais agravadas pela Covid-19.

A comissão destaca ainda algumas temáticas comuns nas inúmeras manifestações da força criadora da cena brasileira como a contínua reinvenção da tradição, o enfrentamento de temas decisivos na contemporaneidade, o anseio por espaços de partilha e também de contestação.

Pensamento Giratório

O Pensamento Giratório é formado por debates antes ou após os espetáculos. O objetivo é construir um local seguro e sincero de compartilhamento entre artistas, coletivos e público.

Sesc Avenida Paulista

No Sesc Avenida Paulista, após a sessão de 17/8 do espetáculo “Cuidado Com Neguin” haverá um bate-papo com Érica Ribeiro, Maria Araujo e o autor da obra, Kelson Succi.

Sesc Santana

No Sesc Santana, haverá dois bate-papos, às 15h. No dia 11, com o grupo Carmin e no dia 25, com Adnã Ionara.

Carmin: 16 anos sobrevivendo em um Nordeste Inventado
Com Henrique Fontes, Pedro Fiuza e Daniel Torres (Grupo Carmin); Igor Fortunato e Rafa Guedes (atores convidados); Ana Carolina Marinho e Juão Nyn (Estopô Balaio)

Em 2023 o Grupo Carmin completa 16 anos de trabalho continuado e suas peças ultrapassam o total de 500 apresentações. Como tem sido possível? Que escolhas e estratégias de gestão foram necessárias? O que fazem as peças do grupo terem tanta sobrevida? Nesse bate-papo o grupo propõe uma dinâmica que resultará em uma performance manifesto: um painel será co-criado a partir de relatos dos públicos presentes, expressando algum tipo de preconceito que as pessoas já tenham sofrido, por ser da região em que nasceram.

11/8, sexta, 15h. Teatro. Livre. Grátis – Entrega de senhas no local com 30 minutos de antecedência.

Da grafia-corpo em cena

A escrevivência como escrita cênica do corpo negro contemporâneo

Tendo como pano de fundo a construção do espetáculo Imalè Inú Ìyágbà, Adnã Ionara realiza um bate-papo sobre a escrevivência como metodologia e caminho para a exaltação e afirmação da negritude em cena. A proposta é de trocar experiências com interessados na dança e processos criativos, de como a escrevivência, essa escrita da existência e vivência negra, é uma possibilidade de contrarresposta à narrativa hegemônica oficial sobre a existência negra, tendo-a como a tomada de posse da escrita de si, enquanto uno e coletivo. Para pessoas interessadas em dança, processos criativos e artes negras.

25/8, quinta, 15h. Teatro. Livre. Grátis – Entrega de senhas no local com 30 minutos de antecedência.

Palco Giratório: 25 anos de história

O Palco Giratório foi lançado em 1998 e, desde então, promoveu a circulação de 380 grupos artísticos, oriundos de todas as regiões brasileiras, em mais de 10.000 apresentações a um público estimado em 5 milhões de espectadores em suas turnês pelo Brasil. O encontro de artistas de diferentes locais do país alimentou debates que foram transportados para os palcos nas mais diversas linguagens. Questões da sociedade foram levadas ao público em narrativas que provocavam risos, lágrimas, estranhamento, transformação, em um grande registro histórico dos cenários que se apresentavam ano a ano.

Consulte a programação completa em: sescsp.org.br/palcogiratorio

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