“Brás Cubas”, da Armazém Companhia de Teatro, chega a São Paulo

05/03/2024

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Espetáculo adapta obra-prima de Machado de Assis e fica em cartaz de 22 de março a 5 de maio, no Sesc Santo Amaro, com sessões de sexta a domingo

Depois de circular pelo Rio de Janeiro e participar do Festival Internacional de Teatro de Wuzhen (China), a mais recente montagem da Armazém Companhia de Teatro estreia na capital paulista. A dramaturgia de Brás Cubas, assinada por Maurício Arruda Mendonça, é uma adaptação do romance de Machado de Assis, mas não no sentido clássico porque insere o próprio autor na peça, como personagem.

Brás Cubas, por sua vez, se desmembra em dois: Sérgio Machado interpreta o personagem desde seu nascimento até sua morte (não necessariamente nessa ordem) e Jopa Moraes assume já como o defunto que narra suas memórias póstumas. “Esse defunto está pouco vinculado ao século XIX, quer e precisa se comunicar com as pessoas de agora”, comenta o diretor Paulo de Moraes.

A trama e a dramaturgia

“Memórias Póstumas de Brás Cubas” é considerado um romance original desde a sua dedicatória “ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver” e prossegue na ideia de um defunto autor que, para fugir ao tédio do túmulo, escreve suas memórias.

Ele nunca se casou, nunca teve filhos. Suas ambições políticas foram frustradas. Mesmo suas amantes inspiraram nele apenas uma paixão morna. Mas há nele uma franqueza e uma aversão por si mesmo que são estonteantes. É uma história de recusas. Brás se recusa a comprometer-se com qualquer coisa e qualquer pessoa. Sua vida é só uma sequência de incidentes. Como talvez, de resto, a vida de quase todos nós.

Reunindo Literatura, Música e Teatro, a dramaturgia tem uma estrutura em três planos: o plano da memória – que são as cenas vividas por Brás; o plano da narrativa – onde entram as divagações e reflexões do defunto; e um terceiro plano em que o próprio Machado de Assis (vivido por Bruno Lourenço) invade sua narrativa com comentários que visam conectar contemporaneamente suas críticas à sociedade brasileira.

Brás Cubas
🗓️ 22/3 a 5/5/2024 | Sextas, às 21h, sábados, às 20h, e domingos, às 18h
🎟️ Ingressos à venda a partir de 12/3
📍Sesc Santo Amaro | R. Amador Bueno, 505
* Classificação indicativa: 14 anos

O elenco é formado por Bruno Lourenço, Isabel Pacheco, Jopa Moraes, Felipe Bustamante, Lorena Lima e Sérgio Machado, iluminação de Maneco Quinderé, a cenografia é de Carla Berri e Paulo de Moraes, os figurinos de Carol Lobato, a direção musical de Ricco Vianna e a direção de movimento de Patricia Selonk e Paulo Mantuano.

Foto: Mauro Kury

Saiba mais sobre a Armazém Companhia de Teatro

No fim de 2022, a Armazém Companhia de Teatro completou 35 anos de atividades ininterruptas, contabilizando mais de 40 prêmios nacionais no currículo, além de premiações no Festival Fringe de Edimburgo (na Escócia) e no Festival Off de Avignon (na França), com o Coup de Couer de la Presse d’Avignon (2014).

A companhia se formou em 1987, em Londrina, em meio à efervescência cultural vivida pela cidade paranaense na década de 1980. Liderados pelo diretor Paulo de Moraes, o senso de ousadia daqueles jovens buscando seu lugar no palco impregnaria para sempre os passos do grupo: a necessidade de selar um jogo com o seu espectador, a imersão num mundo paralelo, recriado sobretudo pela ação do corpo, da palavra, do tempo e do espaço.

Com sede no Rio de Janeiro desde 1998, e baseando seus espetáculos em pesquisas temáticas e formais, a questão determinante para a companhia segue sendo a arte do ator. Busca-se para o ator uma dinâmica de corpo, voz e pensamento que dê conta das múltiplas questões que seus espetáculos propõem. E a encenação caminha no mesmo sentido, já que é o corpo total do ator que a determina.

Apesar da construção de espetáculos tão díspares e complementares como A Ratoeira é o Gato (1993), Alice Através do Espelho (1999), Toda Nudez Será Castigada (2005), O Dia em que Sam Morreu (2014), Hamlet (2017) e Angels in America (2019), a Armazém Companhia de Teatro permanece investindo numa linguagem fragmentada, que ordene o movimento do mundo a partir de uma lógica interna. Essa lógica interna é a voz da Armazém.

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