Ubu Rei: uma sátira da estupidez

12/01/2023

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Historicamente, o humor sempre esteve em segundo plano em relação a tragédia. Ainda assim, é possível, rapidamente, pensar em alguns clássicos ocidentais que, mesmo sendo dramas, apostaram no caminho do riso. Ubu Rei é um desses clássicos. A obra de Alfred Jarry é, sobretudo, um texto atemporal. Ou seja, um texto que se permite à atualização no presente. E é justamente essa a proposta d’Os Geraldos.

Fruto do segundo encontro do grupo campinense com o diretor Gabriel Villela, que teve início com Cordel do Amor sem Fim ou A Flor do Chico, estreada em 2020, a mais nova montagem, de 2022, apresenta um olhar acurado e ácido sobre o contexto social e político brasileiro que, ao longo dos últimos anos, ganhou ares ubuescos bastante evidentes.

Com uma trilha sonora que vai de Elis Regina a Raul Seixas, passando por cantigas para crianças e canções latinoamericanas de protesto, o Ubu Rei d’Os Geraldos e de Villela é uma sátira que, sobretudo, por meio da catarse do riso, pode nos ajudar a atravessar as estradas escuras nas quais nos embrenhamos no Brasil – que poderia ser a Polônia ou, melhor dizendo, lugar nenhum, como afirmou Jarry.

Foto: Stephanie Lauria

Sinopse

A criação de pontes entre os clássicos e o espectador de hoje conduziu o grupo Os Geraldos e o diretor Gabriel Villela, em 2022, a Ubu Rei, do francês Alfred Jarry. O texto é um clássico do teatro ocidental, marco de ruptura e transgressão no século XIX, que se revela mais atual do que nunca.

Ubu Rei faz uma sátira do poder obtido por usurpação e exercido com tirania, ao apresentar Pai e Mãe Ubu, um casal entregue à barbárie que invade a Polônia e, assassinando o rei, assume o seu trono. Considerado por dadaístas e surrealistas como precursor desses movimentos, assim como do teatro do absurdo e da performance, Jarry oferece o material dramático de que precisamos para responder com violência poética à selvageria e à estupidez destes tempos.

Foto: Stephanie Lauria

Os Geraldos

O grupo Os Geraldos, com sede em Campinas (SP) desde 2008, tem três frentes de trabalho: artística, ao criar e manter em circulação seus espetáculos; formativa, ao oferecer cursos sobre a arte do ator e gestão cultural, a partir da prática do grupo e de pesquisas de mestrado e doutorado de seus integrantes; e territórios culturais, ao instituir espaços que possam sediar, para além das atividades do grupo, outros eventos artísticos, como ocorre em sua atual sede, o Teatro de Arte e Ofício (TAO), um dos mais importantes espaços culturais de Campinas.

O grupo já circulou por mais de 80 municípios, de três países e de dez estados brasileiros. E foi indicado ao Prêmio Governador do Estado de Territórios Culturais (2017), além de receber 44 prêmios, em festivais nacionais e internacionais.

Serviço

Ubu Rei

Com Os Geraldos e direção de Gabriel Villela
27/1 a 12/3, sexta a sábado, às 20h e domingos, às 18h.
Teatro Anchieta. R$ 12 a R$ 40. Adquira seu ingresso aqui ou nas bilheterias das unidades do Sesc.

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