Ed. 86 – Editorial: Envelhecimento ancestral

23/01/2024

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Luiz Deoclecio Massaro GalinaDiretor do Sesc São Paulo

Em 2023, o programa Trabalho Social com Pessoas Idosas (TSI) do Sesc completou 60 anos de existência. Ação pioneira desenvolvida pelos técnicos do Sesc São Paulo está, hoje, presente em todos os estados brasileiros, sob a coordenação do Departamento Nacional da entidade. A busca pelo bem-estar social, o olhar atento para as pessoas idosas e o espírito de pesquisa impulsionam os trabalhos desde tempos primordiais.

Esta edição da revista Mais 60 – Estudos sobre Envelhecimento foi concebida para comemorar o aniversário do programa, compartilhando

reflexões sobre as diversas temporalidades que coexistem em cada momento histórico. Considerando, como ensina Ailton Krenak, que o futuro é ancestral, a publicação se inspira na seguinte ideia: a velhice de amanhã é construída no agora e os frutos que colhemos hoje foram plantados pelos que vieram antes de nós.

Nesse contexto, é preciso considerar a multiplicidade de velhices e que envelhecer é uma questão social. Em um país de dimensões continentais como o Brasil, que ainda apresenta grandes desafios sociais para sua população, as diferenças são acentuadas. Nosso passado escravista e colonial deixou marcas profundas no envelhecimento atual, principalmente nas populações negras e indígenas, seja na saúde, no acesso ao emprego e na geração de renda, bem como nas oportunidades ligadas à educação. Os sinais estão presentes em toda a América Latina: o continente envelheceu muito rapidamente e não planejou o futuro das pessoas idosas.

Importante lembrar também os avanços na busca pelos direitos dessa população, sendo que os marcos importantes são a Constituição Cidadã de 1988 e o Estatuto da Pessoa Idosa, que completou 20 anos em 2023, construídos com a participação das pessoas idosas. O Sesc também fez parte dessa história, promovendo os Encontros Nacionais de Idosos, realizados em diversas unidades do Sesc no final do século XX, cujas discussões colaboraram para a elaboração de políticas públicas.

Olhar para o futuro do envelhecimento é olhar para como cuidamos da velhice hoje. Um ensinamento dos técnicos que começaram esse caminho em 1963 e que buscaram referências nas nações mais envelhecidas do mundo. Hoje, torna-se necessário ampliar a diversidade de parâmetros, incluindo um olhar para as culturas ancestrais, trazidas pelas populações negras e indígenas. Elas mostram que a harmonia entre gerações é possível, e que a velhice é a conexão entre passado, presente e futuro.

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