Ed. 86 – A Construção do Trabalho Social com Pessoas Idosas do Sesc São Paulo – Conexões entre Passado, Presente e Futuro

23/01/2024

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Danilo dos Santos de Miranda, no Sesc Pinheiros, ao lado da atriz Fernanda Montenegro, da atriz e cantora Zezé Motta,

do escritor Ignácio de Loyola de Brandão e da bailarina Marika Gidali, no lançamento das comemorações do programa Trabalho Social com Pessoas Idosas (TSI) que completou 60 anos em 2023.

Resumo

O artigo tem por objetivo refletir sobre o programa Trabalho Social com Pessoas Idosas (TSI), uma ação socioeducativa criada em 1963 e dedicada à valorização da pessoa idosa. O programa, que completou 60 anos em 2023, nasceu em São Paulo, mas se expandiu para o Brasil por meio dos departamentos regionais e está presente em todos os estados brasileiros.

Palavras-chave: programa Trabalho Social com Pessoas Idosas (TSI); envelhecimento; educação; pessoas idosas.

Introdução

O envelhecimento da população brasileira é um fato recente, resultado de transformações sociais, crescimento populacional, avanços da ciência e de melhores condições de vida obtidas por meio das reivindicações das próprias pessoas idosas. O Serviço Social do Comércio (Sesc), em sua busca pelo bem-estar social, iniciou o programa Trabalho Social com Pessoas Idosas (TSI) em 1963. Naquela época, apenas 5% da população tinha mais de 60 anos, algo em torno de três milhões de habitantes. Atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Censo Demográfico 2022, a população brasileira acima de 60 anos atingiu a quantidade de mais de 32,1 milhões de pessoas, perfazendo 15,6% do total da população do país.

Em 2023, o programa comemorou 60 anos de atuação na área de envelhecimento com uma série de atividades. Em setembro, o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo dos Santos de Miranda (1943-2023) abriu a agenda de eventos com um bate-papo especial, seguido de show com Ney Matogrosso no palco do Sesc Pinheiros. Para conversar sobre legado, trajetória de vida, velhices e quebra de estereótipos, Danilo convidou as atrizes Fernanda Montenegro e Zezé Motta, o escritor e jornalista Ignácio de Loyola Brandão; e a bailarina e coreógrafa Marika Gidali. Ainda em homenagem ao programa e com o intuito de refletir sobre a história construída e o futuro das ações, foram realizados o Seminário Envelhecimento, Tempo e Sociedade e o lançamento da publicação Velhices – Perspectivas e Cenário Atual na Pesquisa Idosos no Brasil, coletânea de artigos baseados em pesquisa realizada em parceria com a Fundação Perseu Abramo. Além disso, foram realizadas programações com artistas com mais de 80 anos, como Dori Caymmi Tom Zé, Martinho da Villa, Cesar Camargo Mariano, Alaíde Costa, entre outros. Para Danilo, “O Trabalho Social com Pessoas Idosas completa 60 anos de existência, sendo um dos exemplos do que, para nós, são objetivos de continuidade na Instituição: proporcionar a melhoria da qualidade de vida por meio de um trabalho sociocultural e educativo permanente”, afirmou na abertura das ações.

Desde a década de 1960, foram incontáveis os desafios que as pessoas idosas tiveram que superar. O Sesc atuou ao longo desses anos como aliado, promovendo sociabilização, ações de valorização, combate ao idadismo e relações intergeracionais. Também esteve presente apoiando com informações e reflexões a ação política das pessoas idosas. Realizou debates sobre a Constituição de 1988 e levou delegações de idosos para a Assembleia Constituinte, promoveu discussões sobre o Estatuto da Pessoa Idosa e até hoje incentiva a participação nos conselhos das pessoas idosas. Além disso, mantém parcerias e diálogos com instituições privadas e públicas que têm relação direta com o tema, como a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), a Fundação Perseu Abramo (FPA), o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), prefeituras municipais e estaduais, entre muitas outras.

Um aspecto que diferencia o trabalho do programa TSI, e que está presente desde seu início, é a preocupação em desenvolver estudos sobre o envelhecimento por meio de conferências, seminários, debates e pesquisas. Assim, em abril de 1977, foi lançada a primeira edição dos Cadernos da Terceira Idade. O boletim, criado pelo Sesc São Paulo, teve como objetivo servir de intercâmbio de informações entre os profissionais da instituição com base em artigos traduzidos de publicações estrangeiras, estudos da época e relatos de experiências do próprio Sesc, sendo pioneiro em um momento em que não havia muitas outras publicações sobre velhice fora da academia.

O trabalho iniciado com os Cadernos da Terceira Idade ganhou reconhecimento e teve continuidade com a revista A Terceira Idade, em setembro de 1988. A publicação ganhava o formato de um periódico científico e abriu o diálogo com o público por meio de seções de cartas dos leitores e de depoimentos de pessoas idosas. Também iniciou uma seção de entrevistas com personalidades com mais de 60 anos, algumas reconhecidas em suas áreas de atuação, contando suas visões sobre o envelhecimento. A publicação permitiu a integração entre prática e teoria, condição até hoje presente nas ações do programa. A revista, editada pelo Sesc São Paulo, se mantém como uma das mais longevas publicações sobre envelhecimento no Brasil. E, a partir de 2014, para incorporar ainda mais as atualizações no campo de estudos da gerontologia, passou a se chamar Mais 60: Estudos sobre Envelhecimento. Naquele momento, seu conteúdo já apostava cada vez mais num modelo híbrido entre periódico científico e conversa com públicos mais amplos por meio de um novo projeto gráfico, que passou a incluir mais espaço para entrevistas, resenhas, ensaios fotográficos e relatos de experiências. O boletim que nasceu com 24 páginas em 1977 hoje é uma publicação gratuita de 140 páginas, quadrimestral, com tiragem de 2.500 exemplares para todo o Brasil, distribuído em unidades do Sesc e outras instituições, bem como disponibilizado em formato digital.

Dando continuidade à busca por compreender a velhice brasileira e o meio que a define, foi desenvolvida em 2006 a primeira edição da pesquisa Idosos no Brasil: Vivências, Desafios e Expectativas na Terceira Idade, com o intuito de apreender o imaginário social sobre o envelhecimento entre a população urbana do país, desenvolvida em parceria com o Departamento Nacional do Sesc e a Fundação Perseu Abramo. “Uma das intenções era que o levantamento de dados contribuísse com as discussões sobre as políticas públicas voltadas ao atendimento de velhas e velhos, grupo populacional em crescimento acelerado” (DIAS, 2023, p. 11).

A pesquisa traçou o perfil sociodemográfico da população idosa, ao mesmo tempo que investigou o olhar de pessoas idosas e não idosas sobre o envelhecimento numa tentativa de se aproximar do pensamento de Simone de Beauvoir: “Para outrem, o velho é o objeto de um saber, para si mesmo, ele tem de seu estado uma experiência viva” (1990, p. 16). Ainda segundo Beauvoir, “(…) a velhice não poderia ser compreendida senão em sua totalidade; ela não é somente um fato biológico, mas também um fato cultural”. Em 2007, com o objetivo de publicizar os dados, foi lançada uma coletânea de artigos sobre a pesquisa. Entre 2019 e o início de 2020, com a intenção de atualizar os dados e entender as atuais demandas das pessoas idosas, o Sesc São Paulo e a Fundação Perseu Abramo organizaram uma segunda edição da investigação e, também, outra coletânea, lançada em 2023 com novas análises Velhices: Perspectivas e Cenário Atual da Pesquisa Idosos no Brasil. Essa edição, organizada pela pesquisadora Celina Dias Azevedo, buscou apresentar pesquisadoras e pesquisadores das diversas regiões brasileiras que investigam o envelhecimento pela perspectiva de suas áreas de atuação.

PASSADO

O TSI foi criado em São Paulo há 60 anos e até hoje é uma referência no campo do lazer e da cultura para pessoas idosas. Um dos marcos iniciais do trabalho foi uma viagem realizada por técnicos da instituição em 1962 aos Estados Unidos para conhecer o trabalho realizado nos centros sociais para idosos. Esse foi um passo importante para a criação, em 1963, do primeiro grupo de convivência, nomeado Carlos Malatesta, em homenagem a um técnico da instituição. O grupo existe até hoje de maneira independente e também comemorou 60 anos em setembro de 2023. Outra referência inicial do trabalho foi a palestra da gerontóloga francesa Claudine Attias-Donfut, trazida ao Brasil pelo Sesc para contribuir com a Semana de Estudos realizada pela entidade em 1978 (HADDAD, 2016).

Com o tempo, esse primeiro grupo criado no Sesc desenvolveu-se e reunia centenas de pessoas idosas que participavam de bailes, comemorações de aniversário e jogos de salão realizados como tentativa de amenizar o isolamento social. Uma das características dos grupos, que até hoje está presente no TSI, é promover a sociabilização: incentivar amizades, trocas de saberes, preocupações e anseios. As experiências do Carlos Malatesta foram referência para a formação de outros grupos de pessoas idosas nas demais unidades do Sesc São Paulo e serviram como modelo de atuação para outras instituições brasileiras. Com a consolidação do modelo, ocorreu a expansão do trabalho, que foi desenvolvido a partir de três propostas: o fomento ao surgimento de novos grupos, que passaram a ser chamados de “centros de convivência”; o oferecimento dos cursos de Preparação para Idade Avançada e Aposentadoria; e a criação das Escolas Abertas da Terceira Idade (COMISSÃO EDITORIAL, 2021).

O programa de Escolas Abertas foi idealizado como um recurso de transmissão constante de informações e se estruturou em “departamentos” ou núcleos temáticos e cursos de curta e longa duração, tais como gerontologia social e informação e atualização cultural (SESC SÃO PAULO, 1999).

A primeira experiência da Escola Aberta ocorreu em Campinas, em 1977, e o Sesc foi uma das primeiras instituições no país a oferecer programas educativos para as pessoas idosas, até que as universidades – seguindo o modelo das Universidades da Terceira Idade, iniciado na França e que se expandiu para outros países – se voltassem para o tema e implementassem cursos no Brasil (CACHIONI, 2012).

Ainda na década de 1970 e colhendo os frutos do trabalho com o grupo Malatesta, a instituição realizou as semanas do idoso, que aconteceram na capital paulista e em Campinas, em 1974, e depois o I Seminário Regional, sediado no Sesc Consolação, em 1976. E, finalmente, em 1979, ocorreu em São Carlos o primeiro Encontro Estadual de Idosos, que reuniu idosos e técnicos de diversos centros de convivência e Escolas da Terceira Idade com o objetivo de refletir sobre os resultados dos trabalhos realizados ao longo dos 16 anos de atuação do Sesc na área. Importante dizer que desde então já se buscava o diálogo com as pessoas idosas na reflexão da construção de ações. Os encontros estaduais aconteceram também nos anos de 1980, 1981, 1983, 1985, 1988, 1989, 1992, 1994, 1995, 1996, 1997 e 2004 (COMIS- SÃO EDITORIAL, 2021).

Em 1982, o Sesc Pompeia sediou, entre os dias 19 e 22 de setembro, o Primeiro Encontro Nacional de Idosos, com o tema O Idoso e a Participação na Comunidade Nacional, contando com as participações de técnicos das diferentes regiões do país e nomes como Clementina de Jesus e Cora Coralina. Participaram cerca de mil idosos com a proposta de refletir sobre as necessidades e aspirações das pessoas maiores de 60 anos no contexto sociocultural brasileiro, debatendo questões pertinentes ao seu universo, tais como trabalho, previdência, educação e saúde.

Além dos encontros estaduais, regionais e nacionais, na década de 1980 também foi criado o Encontro de Esporte e Cultura para a Terceira Idade, no Sesc Bertioga, que teve sua primeira edição em 1982 e contou com a participação de grupos de idosos. Nele foram desenvolvidos atividades culturais, jogos e brincadeiras. Atualmente, o encontro de idosos em Bertioga se chama Festival da Integração e atende cerca de 1.400 pessoas em duas semanas de atividades, com destaque para os debates sobre o envelhecimento contemporâneo, que incluem o olhar para a diversidade de velhices, a questão sobre a saúde mental e os no- vos arranjos familiares, entre outros temas relevantes.

Em 1985, o Sesc organizou o V Encontro Estadual do Idoso, com o tema O Idoso e a Constituinte, na cidade de São José do Rio Preto. Delegações de cerca de 16 cidades estiveram presentes, num momento em que a sociedade civil se organizava em torno da constituinte e os direitos dos idosos estavam sendo debatidos nos territórios. Do encontro resultou a Carta dos Direitos dos Idosos, que tinha o objetivo de subsidiar a escrita da Constituição de 1988.

Nos anos 2000, o Sesc prosseguiu com os debates e as reflexões. Em 2004, organizou o Encontro Internacional de Gerontologia no antigo prédio da Administração Central do Sesc São Paulo, atual Sesc Avenida Paulista, resultado de uma parceria com a Universidade de Barcelona. Reuniram-se especialistas europeus e ibero-americanos em diversas áreas da gerontologia: pesquisa social sobre o envelhecimento, atendimento aos idosos e formulação de políticas públicas e privadas para o setor.

Em 2005, o Sesc organizou novamente um Encontro Nacional de Idosos, desta vez com o intuito de debater a implementação do Estatuto do Idoso. Delegações de diferentes regiões do país discutiram a importância desse documento no campo da previdência, assistência social, educação, cultura, lazer, saúde, transporte, habitação, trabalho, violência contra a pessoa idosa, entre outros. O encontro apresentou um documento, intitulado Carta Aberta à Nação, um manifesto do grupo.

Em comemoração aos 50 anos do TSI, o Sesc promoveu o fórum Perspectivas para Ações Junto ao Cidadão Idoso, na unidade de Bertioga, em setembro de 2013, no qual participaram cerca de 120 profissionais e estudiosos da área do envelhecimento, técnicos do Sesc, gestores, militantes da luta por direitos e pessoas idosas de todo o país para discutirem questões relevantes para o processo de envelhecimento. Foram eleitos quatro eixos temáticos: formação e educação permanente; autonomia, direitos e cidadania; gerações e intergeracionalidade; e cuidado e relações sociais. O fórum deu origem à Carta de Bertioga, publicação que contém proposições relacionadas aos temas discutidos.

Nos anos 2000 também se desenvolveram as ações em rede, com a participação de todas as unidades do estado de São Paulo, apresentando temas essenciais para o bem-estar das pessoas idosas, com a Campanha de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa e a Semana de Prevenção de Quedas em Pessoas Idosas. As ações foram desenvolvidas com parceiros dos territórios e contaram com atividades reflexivas, oficinas, workshops e apresentações artísticas que levaram conteúdos informativos para pessoas idosas e não idosas, dentro e fora do Sesc

Também nos anos 2010 aconteceu uma ação em rede, inspirada em encontros regionais realizados pelas unidades do interior. O projeto Cá entre Nós foi criado para reunir as pessoas idosas frequentadoras de unidades do Sesc. Teve ainda como objetivo possibilitar que os grupos de idosos criassem uma programação para as unidades convidadas, estimulando, assim, o protagonismo.

Diretamente relacionado com o campo das artes e em comemoração ao Dia Internacional do Idoso, em 1 de outubro, a mostra Sentidos: A Longevidade na Arte era composta de apresentações artísticas de teatro e dança que refletiam sobre a temática do envelhecimento, priorizando artistas idosos e idosas. No período da pandemia essa ação se desenvolveu de modo on-line e priorizou oficinas de dança e teatro que levaram as apresentações das pessoas idosas participantes.

Construíram essa história centenas de funcionários do Sesc que alimentam e alimentaram o programa com suas inquietações, observações, estudos e trocas diretas com as pessoas idosas que, mais do que participantes, também são coautoras do trabalho. Um exemplo disso é o relato de Olga Quiroga para Áurea Soares Barroso em texto publicado no site do Sesc em 2018 ao lembrar que em 2005, durante o Encontro Nacional de Idosos realizado no Sesc Pompeia, foi convidada para participar de uma mesa, fazendo com que o Grupo de Articulação para Moradia do Idoso da Capital (Garmic) ganhasse visibilidade na cidade de São Paulo. “O movimento de moradia dos idosos deve muito ao Sesc, porque, quando a gente começou, foi o primeiro que deu espaço para gente mostrar a nossa ação lá no Sesc Pompeia. Estava acontecendo o Encontro Nacional de Idosos e o Sesc mostrou para todo mundo que a gente não era um grupo de velhos loucos, mas um grupo que queria alguma coisa na vida, um grupo organizado e reivindicando direitos de moradia para idosos”, relembra Dona Olga, 89 anos, nascida no Chile e cidadã paulistana, uma honraria concedida pela Câmara Municipal de São Paulo a pessoas nascidas em outras cidades e que desenvolvem ações significativas para a capital paulista.

Esta história exemplifica um dos conceitos da pedagogia crítica de Paulo Freire (2004), que entende a educação como um ato político que não pode ser divorciado da pedagogia, ao ressaltar que “a educação faz sentido porque mulheres e homens aprendem que através da aprendizagem podem fazerem-se e refazerem-se, porque mulheres e homens são capazes de assumirem a responsabilidade sobre si mesmos como seres capazes de conhecerem” (FREIRE, 2004, p. 15). E assim o programa se refaz continuamente.

PRESENTE

Atualmente, o programa atende pessoas idosas em todas as unidades do Sesc em São Paulo e em todos os estados brasileiros. Em São Paulo, a programação está dividida em ações em rede e ações permanentes. As ações em rede abordam questões importantes relacionadas ao envelhecimento, que afetam diretamente a qualidade de vida das pessoas, tais como a Semana de Prevenção de Quedas em Pessoas Idosas e a Campanha de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa.

Além dessas ações, também acontece anualmente, no Sesc Bertioga, o Festival da Integração, um encontro entres pessoas idosas que frequentam o Sesc no estado de São Paulo.

As ações permanentes são as atividades cotidianas que acontecem em todas as unidades, tais como oficinas, workshops, bailes, pontos de encontro e passeios, entre outras. Tratam sempre de temas relacionados ao envelhecimento. As diretrizes e os objetivos do programa orientam as ações em rede e as permanentes sob a perspectiva da valorização da cultura do envelhecimento e do protagonismo da pessoa idosa, rompendo com pensamentos estereotipados, limitantes e preconceituosos a partir de ações integradas nas áreas de saúde, educação, cultura e lazer. O programa oferece atividades divididas em três eixos: arte e expressão; corpo e movimento; e sociedade e cidadania.

O Trabalho Social com Pessoas Idosas (TSI) acontece hoje em 42 unidades do estado de São Paulo. As atividades são orientadas pela Gerência de Estudos e Programas Sociais (Gepros) e as unidades têm autonomia para dialogar com seu território e realizar parcerias com os as entidades locais. Além disso, um técnico de referência do Sesc desenvolve diretamente a programação para os maiores de 60 anos.

Para além das ações do TSI, as pessoas idosas estão presentes em todas as programações do Sesc. A instituição é vista por quem envelhece como um local amigável e uma referência de atendimento.

FUTURO

Se no início do TSI os olhares dos pesquisadores voltaram-se para as nações que já enfrentavam o envelhecimento populacional, como França e Estados Unidos, atualmente o programa busca em território nacional saídas para as questões do envelhecimento. Um olhar para as comunidades tradicionais, as populações indígenas e negras nos orientam sobre outras maneiras de enxergar o envelhecimento:

“Essas sociedades não descartam ninguém. Elas não são sociedades do descarte. Elas são sociedades de uma crescente associação, valorização, a gente poderia dizer assim, de um engrandecimento do ser. Vamos imaginar uma árvore na floresta, quanto mais antiga essa árvore na floresta, mais diversidade de vida ela expressa, porque, no seu crescimento, ela começa a abrigar muitos outros organismos e forma verdadeiros bosques em seu corpo. Então, é como se o tempo mostrasse naquela árvore majestosa uma produção incessante de benefícios para si e para os que estão ao redor dela. Para mim, é a própria ideia da prosperidade”. Ailton Krenak em entrevista na edição 84 da revista Mais 60.

A materialidade do programa TSI se realiza há 60 anos nas unida- des do Sesc por meio da presença das pessoas idosas e do olhar atento dos técnicos de referência. A instituição coloca-se como interlocutora para as questões do envelhecimento, com um olhar social para a velhice e tendo a escuta das pessoas e da sociedade como principal aliada de seu trabalho. Para os próximos anos, novos e velhos desafios terão que ser superados. Assim, todos os setores da sociedade precisam conside- rar esse crescimento e atuar pela qualidade de vida das pessoas desde a infância até a maturidade. Sendo assim, o Sesc teve há 60 anos, de forma inovadora, um olhar para o futuro que se apresenta hoje, e tem em sua bagagem trocas com pessoas idosas e pesquisadores ao longo de todo esse tempo, nos mais diversos territórios. Quem venham os próximos 60 anos!

Referências Bibliográficas

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BEAUVOIR, Simone de. A velhice. Tradução de Maria Helena Franco Monteiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.

COMISSÃO EDITORIAL. O trabalho com idosos (TSI) do Sesc: trajetórias e realizações. Mais 60: Estudos sobre Envelhecimento, São Paulo: Sesc, n.
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ENTREVISTA AILTON KRENAK. Mais 60: Estudos sobre Envelhecimento, São Paulo: Sesc, n. 84, p. 111-119, dez. 2022.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

______. Pedagogia do oprimido. 36. ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.

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HADDAD, Eneida Gonçalves de Macedo. A ideologia da velhice. 2. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2016.

NERI, Anita Liberalesso (org). Idosos no Brasil: vivências, desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo: Edições Sesc SP, 2007.Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/ agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/38186-censo-2022-nu- mero-de-pessoas-com-65-anos-ou-mais-de-idade-cresceu-57-4-em-12-anos. Acesso em: 12 nov. 2023.

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