No mês do Carnaval, conheça redutos sambistas na capital paulista

31/01/2023

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No mês do Carnaval, CONFIRA tradicionais redutos DE SÃO PAULO que respiram o ano todo no ritmo de chocalhos, surdos e tamborins

Por Luna D’Alama

Rodas de samba, choro e pagode. Blocos de rua, bailes, matinês, desfiles das escolas dos grupos especial e de acesso. Neste mês, após um hiato de três anos por conta da pandemia de Covid-19, a folia volta a ocupar o calendário brasileiro, com música, dança, glíter, confete e serpentina. E a cidade de São Paulo, que um dia já foi chamada de “túmulo do samba”, prova que respira esse gênero – nascido entre negros escravizados na Bahia do século 19, e alçado a símbolo nacional nos anos 1940 – de norte a sul, de leste a oeste, o ano inteiro. Abram alas e conheçam, a seguir, alguns dos berços e bastiões do samba na capital paulista. 

ZONA LESTE

SAMBA DA ZL

A zona leste lidera o número de escolas de samba da capital, com 24 agremiações. É sede das quadras da Nenê de Vila Matilde, Leandro de Itaquera e Acadêmicos do Tatuapé, entre outras. A região também se destaca pelo projeto social Berço do Samba de São Mateus, nascido em 1990 em encontros realizados em quintais como o da Tia Cida e no Buteco do Timaia. Em 2007, o Selo Sesc lançou um álbum que reúne 40 músicos para cantar o cotidiano dos moradores do bairro, com produção do Quinteto em Preto e Branco e participações de Beth Carvalho (1946-2019) e Almir Guineto (1946-2017). O tema virou ainda, em 2019, documentário do SescTV que mostra as rodas de samba que envolvem a trajetória do grupo.

Nenê de Vila Matilde: nenedevilamatilde.com.br

Leandro de Itaquera: instagram.com/leandrodeitaquera_oficial

Acadêmicos do Tatuapé: academicosdotatuape.com.br

Berço do Samba de São Mateus: instagram.com/bercodosambasaomateus

ZONA SUL

RODAS DE TALENTOS

A zona sul reúne clássicas rodas de samba paulistanas, como o Samba da Vela, Samba da Laje e Pagode da 27. O primeiro, fundado em 2000, em Santo Amaro, busca dar visibilidade a talentos da região, resgatando vertentes tradicionais do gênero, como o samba de terreiro e o partido alto. Já os bambas do Samba da Laje se reúnem na Vila Santa Catarina, todo segundo domingo do mês, na casa da Dona Generosa, que também serve feijoada para acompanhar a cantoria e o batuque. O Pagode da 27, por sua vez, é uma roda que acontece desde 2015 no Grajaú, nas tardes de domingo, com repertório que inclui sambas de raiz autorais e releituras de clássicos. O projeto começou com um grupo de amigos que adorava samba e organizava pequenas rodas pelo bairro, até que um dia o som se prolongou e migrou para um bar numa rua estreita chamada 27. Neste mês, o Pagode da 27 faz show na Praça de Convivência do Sesc Guarulhos, no dia 17/2.


O Samba da Vela, criado em 2000, em Santo Amaro,
é uma das disputadas rodas na zona sul de São Paulo.

Samba da Vela: instagram.com/sambadavelaoficial

Samba da Laje: instagram.com/sambadalaje

Pagode da 27: instagram.com/pagodeda27

ZONA NORTE

MORO EM JAÇANÃ

Acadêmicos do Tucuruvi, Império de Casa Verde, Rosas de Ouro e X-9 Paulistana são algumas das 21 escolas de samba da capital paulista que nasceram na zona norte. A região também está presente na canção Trem das Onze, do cantor e compositor Adoniran Barbosa (1912-1982): “Moro em Jaçanã, se eu perder esse trem que sai agora às 11 horas, só amanhã de manhã“. Quando o assunto é samba na zona norte, destaque ainda para o Samba na Feira, projeto realizado todo terceiro domingo do mês, desde 2007, numa feira livre no bairro do Limão. O local virou ponto de encontro de compositores e fãs do gênero, que se divertem entre verduras, pastéis e caldo de cana.

Acadêmicos do Tucuruvi: academicosdotucuruvi.com.br

Império de Casa Verde: instagram.com/imperiodecasaverde

Rosas de Ouro: sociedaderosasdeouro.com.br

X-9 Paulistana: x9paulistana.com.br

Samba na Feira: facebook.com/sambanafeiraoficial


Músicos que formam o Samba na Feira, na zona norte de São Paulo. Chico River.

CENTRO

PROTAGONISMO NEGRO E FEMININO

Bem antes de o Bixiga ser ocupado por imigrantes italianos e reconhecido por suas cantinas e pizzarias, esse bairro da região central tinha grande concentração da população negra. Foi lá onde se fundou o cordão carnavalesco que mais tarde se tornaria a escola de samba Vai-Vai, a maior campeã do Carnaval paulistano. Hoje sem quadra, por conta das obras do metrô, a escola deve ganhar nova sede em breve. O Centro merece destaque, ainda, porque lá foi criada, no bairro da Liberdade, em 1937, a Lavapés Pirata Negro, primeira escola de samba comandada por uma mulher, a baluarte Deolinda Madre (1909-1996), mais conhecida como Madrinha Eunice. Hoje, a agremiação é liderada pelo ator Ailton Graça e funciona no Jabaquara, zona sul da capital. Além disso, o bloco de rua mais antigo da cidade ainda em atividade também fica no Centro: a Banda Redonda foi concebida na década de 1970, por iniciativa de artistas como Plínio Marcos (1935-1999), e o grupo segue desfilando pelas ruas em volta do Teatro de Arena, na República.

Vai-Vai: vaivai.com.br

Lavapés Pirata Negro: instagram.com/lavapespiratanegro

Banda Redonda: instagram.com/bandaredonda


Ensaio da escola de samba Lavapés Pirata Negro. Marcus Chagas Oliveira

ZONA OESTE

DO BATUQUE AO CHORO

A Barra Funda é um dos mais antigos territórios do samba na cidade. Foi no Largo da Banana (na época, o maior ponto de encontro de sambistas negros de São Paulo) onde Dionísio Barbosa (1891-1977), considerado o patriarca do samba paulista, fundou, em 1914, o Grupo Carnavalesco Barra Funda. O cordão foi oficializado, quatro décadas depois, como a Escola de Samba Mocidade Camisa Verde e Branco, que mantém um trabalho de preservação da memória por meio de sua velha guarda. Além disso, ao lado do Memorial da América Latina, onde se situava o Largo da Banana, foi inaugurada, em 2022, a escultura de Geraldo Filme (1927-1995), que cresceu nas rodas de samba e tiririca (capoeira) da região, e depois se tornou um dos bambas pioneiros do samba paulista. Em 2020, Geraldo foi homenageado pelo Selo Sesc no disco Tio Gê – O samba paulista de Geraldo Filme, disponível gratuitamente nas plataformas de áudio. É também na zona oeste – mais precisamente em Perdizes – que, desde 2007, acontece a Roda do Izaías, idealizada pelo bandolinista Izaías Bueno de Almeida. Com entrada gratuita, às sextas-feiras, o espaço recebe várias gerações de chorões. Em 2021, o Sesc Pompeia lançou, em seu canal no YouTube, a websérie Izaías e a memória viva do choro, que celebra, em seis episódios, a trajetória do artista.

Camisa Verde e Branco: instagram.com/camisaverdeweb


A websérie Izaías e a memória viva do choro pode ser assistida no canal do Sesc Pompeia no YouTube. Reprodução

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