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Na maioria das vezes o desperdício vem atrelado à fartura. Onde há exiguidade, os recursos são bem utilizados. Em países onde a água rareia, como Israel, aproveita-se cada gota como se fosse a última. Para potencializar seu emprego, tecnologias são desenvolvidas e maciças campanhas conscientizam a população.

A regra confirma-se no caso oposto. No Brasil, favorecido pelas maiores reservas mundiais de água doce, abusa-se do privilégio natural e o uso extravasa o necessário. A situação é agravada porque, apesar de contarmos com plenitude de matéria-prima, no caso a água, o aparato para distribuí-la e torná-la própria ao consumo, apesar dos esforços, não é cem por cento eficiente.

Chega a ser desconcertante a maneira com que grande parte das pessoas utiliza a água. É de lastimar que muitas vezes essa atitude nociva ocorra com desinformação. Lavar carros e calçadas com mangueiras, negligenciar o conserto de uma torneira pingando ou exagerar no tempo de banho contribuem para que o consumo exceda o recomendado. A consequência é que muitas cidades sofrem com a distribuição insuficiente de água e o dinheiro escorre pelo ralo.

Mas além da água outros recursos também escasseiam devido ao desmazelo.

Um exemplo dramático vem dos alimentos. Nos lares e restaurantes, quase 30% dos produtos com plena condição de aproveitamento é jogado fora. Raramente a sobra é reutilizada, apesar da intensa pobreza que flagela muitos brasileiros. Uma exceção à regra é o programa Mesa São Paulo, capitaneado pelo Sesc, que congrega instituições e restaurantes na busca soluções adequadas para dar um destino mais digno aos alimentos.

As causas e, principalmente, as medidas que vêm sendo tomadas para estancar o desperdício são o tema da matéria de capa deste mês, que além da água e dos alimentos enfoca os prejuízos oriundos do lixo não reciclado e do abuso no consumo de energia elétrica.

Esta edição traz ainda a cobertura do Lorca na Rua, evento realizado pelo Sesc que rodou o interior do estado carregando na boléia de três caminhões peças e performances que recuperaram a obra e a vida do poeta espanhol Federico García Lorca. Sessenta anos atrás, ele próprio peregrinava nos rincões da Espanha, difundindo junto aos camponeses oprimidos pelo franquismo uma nesga de cultura e perspectiva de futuro.

Na entrevista, o diretor do MAC-USP (Museu de Arte Contemporânea-USP) e professor da ECA, Teixeira Coelho, analisa as políticas culturais e as opções de tempo livre oferecidas aos paulistanos. No Em Pauta, artigos exclusivos discutem a importância do oceano na formação histórico-econômica do Brasil.

Danilo Santos de Miranda
Diretor Departamento Regional do SESC-SP