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Drummond
O centenário de nascimento de Carlos Drummond de Andrade, comemorado neste ano, foi marcado no Sesc Araraquara pelo projeto literário Tertúlias. A mestre-de-cerimônias do evento, Juliana Santini, ao lado do compositor Mário Martinez, que musicou versos de Drummond, e do poeta João Carlos Biela, que fez leituras dramáticas de textos do autor, conduziram o público a um panorama da marcante obra poética produzida ao longo de cerca de sessenta anos. Logo no início de sua trajetória, em 1928, Drummond surpreendeu o país com o famoso poema "No meio do caminho tinha uma pedra", publicado na Revista de Antropofagia. O poeta mineiro, falecido em 1987, se firmou como um dos maiores autores brasileiros de todos os tempos e é internacionalmente reconhecido, tendo sido traduzido para diversos idiomas.
"O problema não é inventar. É ser inventado hora após hora e nunca ficar pronta nossa edição convincente"
Carlos Drummond de Andrade



Mostra Circo Mínimo
A premiada companhia Circo Mínimo mostrou em fevereiro, no Sesc Pompéia, uma retrospectiva de suas obras. Foram apresentados quatro espetáculos do repertório do grupo, criado em 1988 por Rodrigo Matheus. "Essa mostra e os catorze anos do Circo Mínimo apontam para a consolidação de uma linguagem", afirma o diretor. "O tipo de pesquisa que vem sendo desenvolvida pela companhia virou uma referência. As pessoas podem até eventualmente não gostar, mas sem dúvida é uma referência." No evento, foram apresentados Prometeu, com direção de Cristiane Paoli Quito; Moby Dick, uma adaptação do clássico de Herman Melville; Ladrão de frutas, de Rodrigo Matheus; e o experimental Alados.




Intimidade é Fato

O projeto Intimidade é Fato, idealizado pela compositora Lucina e pela produtora Patrícia Ferraz, encerrou sua primeira edição com a apresentação de Zeca Baleiro e Zé Ramalho, em fevereiro. Os espetáculos, que colocaram no palco do teatro do Sesc Pompéia dois artistas da música popular brasileira, serão transmitidos a partir de março pelo canal Multishow, e já reuniram nomes como Guinga, Carlos Navas, Lenine e Dudu Nobre. "A intenção é levar ao público artistas que tenham uma obra rica, independentemente de serem consagrados. E que, além do trabalho, compartilhem uma intimidade pessoal, ou mesmo musical", afirma Patrícia. A partir de abril, se inicia a segunda edição, que será exibida no Canal Brasil.





Godard

Considerado um dos maiores diretores do cinema mundial, Jean-Luc Godard teve grande parte de seu trabalho apresentada em fevereiro na mostra promovida pelo CineSesc e pelo Grupo Estação. Durante catorze dias, o público paulistano teve a oportunidade de assistir a clássicos restaurados, como Paixão, O pequeno soldado, Nouvelle Vague e mais treze filmes, entre eles, pela primeira vez no Brasil, Elogio ao amor, finalizado pelo diretor francês no ano passado, do alto de seus 71 anos. Em entrevista à revista Manchete em 1968, o cineasta brasileiro Glauber Rocha afirmava que Godard é "a súmula de toda a cultura clássica e contemporânea. Ele engloba Freud e Marx, Racine e Brecht, Mao-Tsé-Tung e o humanismo cristão, o rigor e a anarquia".
"Uma das razões da minha felicidade conjugal é que minha mulher adora Godard. E isto evita conflitos fundamentais"
Glauber Rocha, na revista Manchete em 1968, falando da importância da obra do cineasta francês.


Encontro em Marselha
O Diretor Regional do Sesc de São Paulo, Danilo Santos de Miranda, participou de mesa redonda no encontro internacional Novos Territórios da Arte, na "Friche Belle-de-Mai", em Marselha, França, a convite do Ministério da Cultura e da Comunicação Francês e do Secretário de Estado do Patrimônio e da Descentralização Cultural, Michel Duffour. A mesa, intitulada "A presença dos artistas em comunidades locais: A arte testada pela realidade", discutiu as relações atuais entre as artes, os artistas, as políticas culturais e a cidade, com a presença de François De Mazières, Secretário da Cultura de Versailles, Kresentia Duer, Diretora Cultural do Banco Mundial e do arquiteto francês Jean Nouvel, entre outros. O evento também contou com a participação do Secretário Municipal de Cultura de São Paulo, Marco Aurélio Garcia.


Para Dançar
Em fevereiro, o Sesc Consolação iniciou o projeto Para Dançar, com o objetivo de estimular a compreensão dos espetáculos e dos conceitos envolvidos na dança contemporânea. Nas performances, aulas abertas e apresentações, o público teve oportunidade de acompanhar mais de perto o processo de criação dos dançarinos. Entre as atividades, o espetáculo Vaidade, da Cia. Dani Lima; Artérias, da Cia. 2 Nova Dança; o infantil Entranças, da Balangandanças Cia.; aulas abertas com o dançarino e percussionista corporal Sergio Rocha, e o frevo-rock de Ângelo Madureira. O evento, que começou no dia 16 de fevereiro, segue até 9 de março nos espaços da unidade e no Teatro Sesc Anchieta.




iBest 2002

O site do Sesc São Paulo (www.sescsp.org.br) concorre novamente à mais importante premiação da Internet nacional, o iBest. A última edição do evento teve a participação de mais de 3 milhões de votantes. Os melhores sites de cada ano são premiados através de votação popular e da Academia iBest. Em 2001, o Sesc On Line foi escolhido como um dos cinco melhores sites de Cultura e Arte. Neste ano, concorre nas categorias Cultura e Arte e Associações Profissionais. Quem quiser dar seu voto, pode fazê-lo no endereço www.premioibest.com.br.




Quatro Sambas

Talvez o gênero mais característico da música brasileira, o samba se espalha por todo o país e recebe as mais variadas influências. De composições paulistas a fusões com a música eletrônica, passando pelo samba de roda baiano e pelo samba-rock dos anos de 1970, o samba continua vivo. Durante o Carnaval, no Sesc Ipiranga, quem ficou na cidade teve a oportunidade de desfrutar essas diferentes vertentes do gênero. O músico pernambucano Otto apresentou suas reinvenções do ritmo em show do disco Condom Black, premiado como o melhor de 2001 pela Associação Paulista dos Críticos de Arte. Mestre Suassuna e o Cordão de Ouro mostraram o tradicional samba de roda feito com atabaques, pandeiros e berimbaus. Já Os Opalas, com a participação do DJ Don KB, tocaram samba-rock, enquanto Osvaldinho da Cuíca mostrou tradicionais músicas do samba paulista e carioca.





Circo Cine Teatro

Durante os meses de janeiro e fevereiro, uma grande lona montada no Sesc Belenzinho abrigou o evento Circo Cine Teatro, que trouxe dezenove espetáculos circenses de diferentes estilos. Pelo picadeiro passaram desde representantes do circo tradicional até a mais nova geração de artistas. A cada dia da semana, uma programação diferente. Às terças, Hugo Possolo, dos Parlapatões, e Beto Andreta, da Pia Fraus, entre outros, comandaram sessões de cinema comentado. Entre os filmes, a rara cópia de I Clowns, de Federico Fellini. Às quintas, artistas tradicionais como Roger Avanzi e os integrantes das famílias Aurich e Medeiros apresentaram seus trabalhos. Aos sábados, era a vez de grupos de circo contemporâneo, como Linhas Aéreas e Fractons. Aos domingos, a criançada tomava a lona nos espetáculos infantis.
"O circo sempre teve mudanças, nunca foi o mesmo. Nasceu de um jeito e vem se transformando ao longo do tempo. Não tem essa coisa que o circo deve ou pode acabar. O circo nunca vai acabar"
Roger Avanzi, o palhaço Picolino, sexta geração de artistas circenses da
tradicional família Nerino, no Sesc Belenzinho.



Calabrone na Assembléia
A escultura, em bronze, "O Caixeiro", de Domenico Calabrone, obra criada para a Federação do Comércio do Estado de São Paulo, foi doada em fevereiro à Assembléia Legislativa de São Paulo. A cerimônia contou com a presença do Presidente Abram Szajman e do deputado estadual Walter Feldman, presidente da Assembléia. Na oportunidade, Szajman ressaltou a importância do caixeiro-viajante como aquele que, além de levar mercadorias, representa, ainda hoje, o elo entre brasileiros e costumes provenientes de outras culturas.




Bienal da UNE

Em fevereiro, a União Nacional dos Estudantes promoveu no Sesc Pompéia sua segunda Bienal de Arte e Cultura. Além de marcar o início do ano letivo, o evento teve como intenção unir os estudantes e a sociedade em um grito artístico contra a violência e em favor de justiça social. "De nada adianta aos estudantes correr atrás de bons empregos e salários e viver amedrontados. Queremos um país seguro, com justiça social e oportunidade de trabalho e estudos para todos", afirma Felipe Maia, presidente da UNE. No dia 19, na choperia, houve o lançamento da Carta Manifesto pela Paz, elaborada pelo ator Sérgio Mamberti. A programação do evento incluiu shows de Arnaldo Antunes, Karnak, Língua de Trapo e espetáculos teatrais como Biedermann e Incendiários, da Companhia São Jorge de Variedades, e Nada de Novo, dos Parlapatões, Patifes e Paspalhões.



Imagens do Samba
O Sesc Santo Amaro promoveu em fevereiro a exposição Imagens do Samba, do fotógrafo paulistano Marco Aurélio Olimpo. Diante de suas lentes já passaram figuras como Jamelão, Elza Soares, Dona Ivone Lara e muitos outros grandes nomes do samba em registros singelos e precisos. Segundo o jornalista Arley Pereira, o trabalho de Marco Aurélio é de fundamental importância para a preservação da cultura popular do país. "Em suas fotos em branco e preto fica fácil conviver com a suavidade de Paulinho da Viola, a malandragem dos Silva, o Moreira (foto) e o Bezerra, a saudade do Zé Keti e João Nogueira, a filosofia de Monarco e tudo mais que cerca todos os personagens, preservados e eternizados na prisão de luz criada por esse carcereiro genial", afirma Arley.




Tendências do Cinema Francês

"As principais tendências do cinema francês estão ligadas às inovações e à busca de caminhos. Desde sempre a experimentação e a renovação permanente da linguagem estiveram presentes nas produções do país", afirma Laurent Desbois, jornalista e estudioso, que em fevereiro deu o curso As tendências do cinema francês no CineSesc. Para ele, um aspecto importante da atual produção é o reencontro com seu público. "Parecia que depois das décadas de 1970 e 80 os franceses não gostavam mais de obras nacionais. Mas agora o cinema na França está conquistando um público jovem."




Blues no Belenzinho

Em uma época do ano em que todas as atenções do país parecem estar voltadas para gêneros musicais festivos, como os mais variados sambas, maracatus, músicas baianas ou frevos, o Sesc Belenzinho ofereceu uma programação alternativa a quem resolveu passar o Carnaval em São Paulo. De 2 a 23 de fevereiro, a unidade recebeu desde renomadas figuras do blues brasileiro, como André Cristovam, Lancaster (foto) e Nuno Mindelis, até novas revelações, como o guitarrista Marcelo Watanabe e o gaitista Robson Fernandes. Nos dias de Carnaval, durante todas as tardes, não faltou animação com as apresentações itinerantes da Russo Jazz Band, que tocou de dixieland a blues.



Frases

"Às vezes o trabalho do artista é o de um semeador louco que atira sementes esperando que caiam em solo fértil"
Carlos Vergara, um dos 25 artistas presentes no Artecidadezonaleste, no Sesc Belenzinho


"A televisão está completamente carente de bons programas de música. E o Intimidade reuniu nomes interessantíssimos. A gente conseguiu romper um tabu e botar na tela artistas que não são consagrados na mídia"
Patricia Ferraz, uma das idealizadoras do Intimidade é Fato, no Sesc Pompéia


"Mais de cem anos após o nascimento do cinema na França, ele ainda sobrevive como arte, em todo o mundo, em parte por conta das co-produções da França, através dos ministérios franceses, do Canal + e de outras instituições"
Laurent Debois, que ministrou o curso As tendências do cinema
francês no CineSesc


"Decidimos fazer uma retrospectiva das obras da companhia para mostrar a evolução e a diversidade dentro da unidade - exibimos as variações que o tipo de linguagem que a gente desenvolve permite"
Rodrigo Matheus, criador e diretor da companhia Circo Mínimo,
no Sesc Pompéia