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Ioga

REVISTA E - MARÇO 2008



Surgida na Índia e famosa no Ocidente, a ioga alia atividade física a técnicas de relaxamento e meditação



O time de adeptos está cheio de exemplos célebres: as atrizes Vera Fischer, Lucélia Santos e Fernanda Torres, os cantores pop Madonna e Sting, os atletas Gustavo Kuerten e Gustavo Borges e até o presidente da Colômbia Álvaro Uribe. O que, no mínimo, aguça a curiosidade: afinal, o que a ioga tem de tão bom para fazer com que de lá da Índia a prática fosse abraçada pelo Ocidente de corpo e alma? "Ela aquieta a mente", responde a professora de ioga Yu Franklin (fotos), que ministra aulas em academias, empresas e também na unidade provisória Sesc Avenida Paulista.

Além disso, a prática - seguida como uma filosofia de vida no seu país de origem - também dá ao indivíduo a chance de ele "fazer as pazes" com o corpo e a mente. O nome é uma versão aportuguesada da palavra yoga que, em sânscrito, um dos idiomas falados na Índia, está justamente associada ao conceito de união. "Tem a ver com a necessidade de ter um momento que você dedica a si próprio", explica Yu. "Com a ioga aprendemos a relaxar e tomamos um pouco de consciência do quanto vivemos em tensão."

A professora revela ainda que a ioga ensinada nas escolas e academias hoje é apenas uma das diferentes manifestações da complexa sabedoria indiana por trás de um nome tão curto. "Esse caminho para a integração através do corpo chama-se hatha ioga", explica, referindo-se à série de posturas ensinadas nas aulas. "Mas existem outros meios. A bhakti ioga, por exemplo, é uma linha mais de devoção, a dhjana ioga vai para o lado do estudo da filosofia e do conhecimento, a haja ioga é mais de meditação e assim por diante". Segundo a professora esclarece, foi a partir da hatha que surgiram as linhas existentes hoje, que ela chama de "mais modernas", a ashtanga, a iyengar e a power ioga - essa moderníssima, por sinal, criada nos Estados Unidos há cerca de dez anos (veja quadro Para diversos gostos).


  Benefícios

A ioga se apóia em várias técnicas que dependem da linha seguida. O mais comum é a realização das posturas - os chamados ásanas ou ássanas -, os exercícios respiratórios, a descontração dos músculos, o relaxamento e a meditação. A primeira parte tem o objetivo de fortalecer o corpo e desbloquear as áreas tensas que impedem o chamado fluxo de energia vital - que, segundo a filosofia que cerca a prática, seria o elemento responsável pelo bom funcionamento do nosso organismo. Já a respiração, cujo trabalho é chamado pranayama, tem o objetivo de reeducar os músculos envolvidos no movimento de aspirar e expirar, buscando aumentar a absorção de oxigênio. Descontrair os músculos na ioga recebe o nome de yoganidra, e a idéia é desenvolver uma consciência sobre cada parte do corpo.

O relaxamento é uma espécie de momento de descanso e, antes ou depois de tudo isso, é possível deparar com a parte que talvez seja a mais difícil para nós, ocidentais do mundo moderno: a meditação. Parece impossível para você? Os especialistas juram que não é. "É difícil para a maioria das pessoas fazer a meditação, digamos, perfeita, que é aquela em que você senta com a coluna totalmente ereta, fecha os olhos etc.", comenta Yu. "Isso exige um trabalho de articulação, de alongamento, de aumentar a flexibilidade articular, enfim, a pessoa teria de ter cerca de dois anos de preparação para conseguir meditar dessa forma. Mas isso não é necessário, existem outras técnicas." A professora ressalta que em todos os momentos de uma aula de ioga é possível atingir um "estado meditativo". "O próprio relaxamento na aula é considerado uma tradição de meditação. Ou seja, mesmo deitado, relaxado, se você não se envolver com seus pensamentos, embora perceba que eles estão presentes, você está meditando." Hatha, ashtanga, iyengar, power, ou simplesmente ioga, a prática tem sido a escolhida por muitos que buscam aliar exercício físico a técnicas de relaxamento e diminuição do estresse.

Entre os benefícios para o corpo estão o equilíbrio hormonal, a consciência corporal, o aumento da flexibilidade e o ganho de força. No entanto, para a professora Yu Franklin, o maior benefício está mesmo na cabeça. "A meu ver, a melhor coisa da ioga é que ela ajuda na mudança de comportamento do praticante", diz. "À medida que o aluno vai se apropriando melhor do próprio corpo, ele vai percebendo também como funciona sua mente, observando seus pensamentos. Isso permite um domínio maior das emoções no dia-a-dia."



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Para diversos gostos
Adaptadas à vida moderna, as quatro linhas básicas da ioga contemplam diferentes práticas


Ashtanga - A principal característica desse método é a realização das posturas continuamente, seguindo o ritmo da respiração. A idéia é que a dinâmica "roube" a atenção do praticante fazendo-o concentrar-se apenas no exercício e no que ele provoca interna e externamente no corpo.

Hatha - Segundo o livro Iniciação ao Yoga (Nova Era, 1998), do professor da prática José Hermógenes, essa linha "deu origem às diversas modalidades atuais". Seu foco não é no esforço físico. O método alterna a prática das posturas (aqui chamadas de asanas), exercícios respiratórios (pranayamas), controle muscular (bandha) com a repetição das chamadas "palavras de poder" (os mantras), a meditação e, por fim, o relaxamento (nidra). Iyengar - Mais dinâmico, o método recebe o nome de seu criador, o mestre indiano B.K.S. Iyengar, e prioriza realizar a hatha com ênfase na flexibilidade e na resistência. Para isso, a prática é realizada com acessórios como blocos, cintos e pranchas.

Power - Misto de hatha e ashtanga, essa não é exatamente uma linha, sobretudo se levarmos em conta a origem milenar das demais.

Por outro lado, tem sido a versão preferida das academias. A principal característica desse método é a realização dos exercícios em série e ininterruptamente. A versão aumenta a resistência e a força do corpo - por ser "puxado", provoca maior transpiração, o que seria um bom meio de eliminar as impurezas do organismo.