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Dossiê

Maria Clara Machado
Fechem os livros e abram os olhos, costumava dizer Maria Clara Machado a seus alunos de teatro, incentivando-os a mergulhar na prática e deixar de lado a teoria dramática. A frase tornou-se mítica entre as diversas gerações de artistas que passaram pelo Tablado, a companhia de teatro amador que ela fundou no Rio em 1951. Atores como Fernanda Torres, Cláudio Corrêa e Castro, Marieta Severo e Louise Cardoso foram alunos da dramaturga mineira, que dedicou grande parte de sua vida ao ensino do teatro. Maria Clara faleceu em abril deste ano, deixando como legado mais de trinta peças escritas, entre elas o clássico infantil Pluft, o fantasminha, considerada pelo escritor Ruy Castro o Hamlet do gênero. Em dezembro, ela foi a homenageada do Projeto Tertúlias, do Sesc Araraquara. A atriz Lu Mani foi a mestre de cerimônia do evento, promovendo leituras dramáticas, encenações e contando um pouco da vida dessa importante figura do teatro nacional.
"Toda manhã saio e observo o mar. Ele está ali, continuará estando, eu é que vou embora. Queria me preparar bem para a morte, mas será que alguém consegue isso? Os jovens aprendem a crescer, mas ninguém nos ensina a ser velho"
Maria Clara Machado

Recreio nas férias
Pela segunda vez consecutiva, o Sesc São Paulo atua em parceria com a prefeitura do município de São Paulo para a realização do projeto Recreio nas Férias. A cooperação prevê a visita monitorada de mais de 30 mil jovens às unidades do Sesc e também a capacitação de 780 professores e 140 coordenadores da rede municipal de ensino. O projeto, que envolve diversas secretarias municipais, como a de Educação e a de Esportes, Lazer e Recreação, pretende desenvolver ações integradas de cidadania de modo a reforçar o vínculo entre comunidade e escola, ocupar as crianças e reduzir os níveis de violência constatados durante o período das férias escolares.

Norman Jay e DJ Marky
Em dezembro, dois dos mais importantes DJs da atual cena eletrônica mundial, Norman Jay e Marky, se apresentaram no Espaço Dançante do Sesc Belenzinho. O inglês Norman Jay é um dos DJs mais requisitados do mundo e um dos principais responsáveis pelo cenário dance no Reino Unido. Já Marky, sem dúvida, é um fenômeno. Saído da periferia da capital paulista, conquistou o mundo com seu inconfundível drum'n bass. Recentemente foi eleito o melhor DJ do gênero pela DJ Sound Awards e pela revista inglesa Knowledge. As apresentações fizeram parte do projeto MPB-BPM (música popular brasileira - british popular music), promovido pelo British Council em uma parceria com o Sesc São Paulo.

Presépio da Paz
A montagem de presépios é uma manifestação popular milenar que retrata a celebração do nascimento de Jesus Cristo. Com um enfoque contemporâneo, o artista plástico Romero de Andrade Lima resgatou esse ritual no espetáculo Presépio da Paz, que esteve em cartaz no mês de dezembro no Sesc Belenzinho. "A peça é composta de uma série de hinos religiosos que recolhi ao longo do tempo. Há desde Ave-Maria até músicas do hinário popular nordestino, que é uma fonte inesgotável", explica o diretor. Além das apresentações, o público pôde também conferir uma exposição com as esculturas e imagens que constituíam o espaço cênico do espetáculo.
"Não sou um religioso, mas toda a história da arte brasileira é religiosa. Tudo está impregnado. A religião surge para mim como um sentimento claríssimo através da arte"
Romero de Andrade Lima, diretor de Presépio da Paz, que esteve
em cartaz em dezembro no Sesc Belenzinho

Mata Atlântica
A importância da diversidade biológica da mata atlântica para o Brasil e para o
mundo foi o tema da exposição que esteve em cartaz no início de dezembro no Sesc Vila Mariana. Painéis informativos, vídeos e fotos abordaram a riqueza de sua fauna e flora, além de seu processo histórico de destruição. A exposição fez parte do seminário nacional que ocorreu na unidade para divulgar e avaliar o projeto Quem faz o quê pela mata atlântica. Com o apoio do Sesc São Paulo, o projeto produziu um levantamento inédito sobre as ações desenvolvidas em benefício da conservação, recuperação e uso sustentável dos recursos naturais da mata atlântica na última década. A abertura do evento contou com a presença do ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho.

O Som da Maritaca
Viver de música no Brasil não é tarefa fácil, o que dirá de musica instrumental. Para vencer os obstáculos impostos pelo mercado nacional, o selo Maritaca, de Léa Freire, e a gravadora Núcleo Contemporâneo consolidaram sua parceria no evento O Som da Maritaca, em dezembro, no Sesc Pompéia. "O Núcleo é nosso parceiro na distribuição dos discos. Somos amigos de longa data e agora somamos esforços para que os projetos sejam bem divulgados e registrados", afirma Léa. Além das apresentações de Tibô Delor, Mozar Terra e Silvia Góes, que lançaram seus discos no evento, houve também o show do grupo Quinteto, que lançou o livro Música Instrumental Brasileira - volume I com as partituras das músicas interpretadas pelo conjunto.

Otto
Ex-integrante da banda pernambucana Mundo Livre S/A, que em meados da década passada sacudiu o cenário musical brasileiro juntamente com Chico Science e Nação Zumbi, Otto continua posicionando as antenas do país para a criatividade da nova safra de músicos pernambucanos. Aliando música eletrônica aos ritmos de sua terra, Otto lançou em dezembro, no Sesc Pompéia, seu segundo disco, Condom Black. Com produção de Apollo 9, que orquestrou também o premiado Samba pra Burro - primeiro rebento de Otto -, o CD supera com tranqüilidade a "síndrome de segundo disco", que tantas vezes acomete músicos em todo o mundo: o trabalho foi eleito pela Associação Paulista dos Críticos de Arte como o melhor disco de 2001. Em Condom Black, uma intrincada alusão ao candomblé, Otto esbanja inventividade, trazendo as mais inusitadas referências para seu caldeirão musical.

Folia de Reis
Violas, triângulo, pandeiro, caixa e uma bandeira. Essa é a estrutura mínima da tradicional manifestação popular folia de reis, que resiste ainda hoje em diversos pontos do país. Originada na Europa Medieval, a manifestação chegou ao Brasil como um rito profano-religioso português. Passando de casa em casa, a folia anuncia o nascimento de Jesus e reúne devotos e pagadores de promessa entre os dias 25 de dezembro e seis de janeiro. Em dezembro, no Sesc Vila Mariana, ocorreu uma amostra da manifestação com a Cia. de Reis Estrela da Guia, de Campinas, que trouxe como convidado especial o violeiro e pesquisador Ivan Vilela.

Semana da Cidadania
Sem dúvida a maior sensação da música instrumental brasileira dos últimos tempos, o jovem violonista gaúcho Yamandu Costa lançou, em dezembro, no Sesc Pompéia, seu primeiro disco. Nascido em Passo Fundo, o compositor e arranjador toca desde os sete anos, e teve como escola a música folclórica argentina, uruguaia e do Sul brasileiro. Em 2001, o músico foi aclamado pelo público e pelo júri do Prêmio Visa - Edição Instrumental, do qual foi o vencedor. Nas apresentações do Sesc Pompéia, além dos músicos de sua banda, Yamandu contou com a participação especial de Oswaldinho do Acordeon, do baixista Arismar do Espírito Santo e do clarinetista Proveta.

Vozes do Brasil
É inegável a importância que o rádio desempenhou durante muito tempo na cultura brasileira. Grandes ícones da música nacional, como Cauby Peixoto, Elza Soares, Luis Gonzaga e tantos outros foram revelados e construíram suas carreiras por meio desse popular meio de comunicação. "O rádio formou muita gente, mas hoje em dia a coisa mudou. Muita gente que toca no rádio nem sequer ouve rádio", afirma Patrícia Palumbo, apresentadora do Vozes do Brasil. O programa tem uma versão quinzenal que vai ao ar diretamente do Sesc Vila Mariana. O projeto, que já levou ao palco da unidade nomes como Tom Zé e Arnaldo Antunes, completou em dezembro seu primeiro aniversário. Em um programa especial, Patrícia contou com a participação de João Donato, Ná Ozzetti, Virgínia Rosa e Vânia Abreu. No evento, foi apresentada uma exposição retratando os melhores momentos dos músicos que já participaram do programa.

NY em SP
Foi inaugurada em dezembro, na galeria do Sesc Paulista, a exposição de Ana Amélia Genioli. A artista plástica paulista apresenta uma instalação especialmente concebida para o espaço da galeria, onde imagens fotográficas, feitas a partir de reflexos projetados em uma famosa rua de Nova York, são aplicadas nos vidros da fachada do Sesc. O fluxo de automóveis e pessoas soma-se ao efeito das vitrines construídas pela artista, inserindo o espectador entre os limites dos espaços virtual e real. A exposição fica em cartaz até o dia 15 de fevereiro e tem entrada livre.
"As vitrines de Ana Amélia transformam-se num instigante espelho onde a metrópole pode fragmentar-se e assumir seu caráter imagético"
Ruy Sardinha Lopes, professor de estética e história da arte da USP, sobre a exposição na galeria do Sesc Paulista

Teatro Francês
Promover um intercâmbio entre os profissionais do teatro brasileiro e atores, diretores e dramaturgos da nova cena do teatro francês foi um dos objetivos do evento Teatro Francês Contemporâneo, promovido pelo Sesc São Paulo, pelo Serviço Cultural do Consulado da França em São Paulo e pela Associação Francesa de Ação Artística (AFAA). O evento, que aconteceu durante o mês de dezembro no Sesc Consolação, realizou oficinas, master classes e debates, e pretende ser um primeiro passo para aprofundar o conhecimento sobre os rumos do novo teatro francês.

Festival Cine Brasileiro
Em dezembro, o CineSesc realizou o segundo Festival Cine Brasileiro. A idéia do evento é fazer uma retrospectiva dos principais filmes nacionais exibidos no decorrer do ano e que provavelmente terão poucas chances de ser vistos novamente na tela grande. O público teve a oportunidade de assistir tanto a filmes que tiveram destaque no circuito cinematográfico, como Copacabana, de Carla Camurati (foto), quanto a boas obras que não tiveram tanto espaço, como Milagre em Juazeiro, de Wolney de Oliveira. Antes de cada sessão, foram apresentados curta-metragens.


Frases

"Hoje em dia a tendência é as pessoas se isolarem cada vez mais. É necessário investir na formação da cidadania. É fundamental que a gente construa espaços em sociedade onde se possa viver a pluralidade da vida"
Maurício Zomignani, assistente social e integrante do Grupo Rede Família, que participou da Semana Integrada de Cidadania do Sesc Santos

"No Nordeste há uma perda do limite entre o que é erudito e o que é popular. É como se a arte popular, que em alguns lugares do mundo está restrita a um grupo fechado, no Nordeste esteja completamente misturada e contaminada aos outros tipos de manifestações artísticas"
Romero de Andrade Lima, artista plástico e diretor de Presépio da Paz, que esteve em cartazno Sesc Belenzinho

"O rap pode não revolucionar o país, mas pode muito bem revolucionar a mente das pessoas"
Rappin Hood, um dos destaques do festival internacional de rap SP Rima com Paz, no Sesc Belenzinho

"O hip hop é cultura, é informação. É um movimento popular, mas não é alienado. É o verdadeiro jornalismo das ruas"
OS + NÃO, curadores do festival internacional de rap SP Rima com Paz, que aconteceu em dezembro no Sesc Belenzinho

"O teatro existe porque existe o ator. Para acontecer o fenômeno teatral bastam um ator e um espectador"
Eugênia Thereza de Andrade, diretora de "Amores Difíceis", no Sesc Ipiranga