Sesc SP

Matérias da edição

Postado em

Dossiê

Falange Canibal
Lenine realizou, durante a primeira quinzena de junho, o pré-lançamento de seu mais novo trabalho, Falange Canibal, em seis unidades do Sesc São Paulo: Santo André, Santos, Araraquara, Piracicaba, São Carlos e Taubaté. Além das apresentações, a programação incluiu oficinas sobre o processo de criação em canção, com participação de Lenine, coordenadas por seu parceiro, o letrista Carlos Rennó. O disco, que terá seu lançamento oficial em São Paulo no Sesc Vila Mariana, em agosto, é o terceiro trabalho solo de Lenine, que antes havia gravado Baque Solto (1982), em parceria com Lula Queiroga, e, onze anos mais tarde, ao lado do percussionista Marcos Suzano, Olho de Peixe - um dos marcos da nova safra da música popular brasileira.
"Eu canibalizo tudo que estiver à distância da mordida: instrumentos, pessoas, tendências estéticas, tudo. Sofro de um apetite atroz" Lenine

Além da Copa
Enquanto as atenções de todo o país estiveram voltadas para a Copa do Mundo e para a habilidade dos profissionais envolvidos nesse grande evento, o Sesc São Caetano aproveitou a ocasião para, através do projeto Menino Bom de Bola, deslocar o olhar do público para outras características do futebol: como ferramenta de inclusão social e como fonte inspiradora das manifestações artísticas. Na programação, além da transmissão de jogos ao vivo em telão, palestras com o professor da USP Moacir Gadotti; mesas-redondas com a participação do músico Tom Zé, do diretor de cinema Ugo Giorgetti e dos ex-jogadores Afonsinho e Wladimir, e uma exposição fotográfica com fotos de Tiago Santana, Antônio Gaudério, Walter Firmo, entre outros, enfocando a paixão de crianças e adolescentes pelo esporte nos mais remotos cantos do país.

Condecoração de mérito
No Sesc Pompéia, o Presidente do Conselho Regional do Sesc São Paulo, Abram Szajman (na foto, à direita), e o Diretor Regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, receberam do Embaixador da República da Polônia, Jacek Hinz, e do Cônsul Geral em São Paulo, Andrzej Lisowski, condecorações de mérito pela contribuição às relações entre Polônia e Brasil. Em abril, em várias unidades do Sesc, aconteceu o Festival da Cultura Polonesa, incluindo diversas manifestações artísticas (leia o depoimento da curadora da mostra, Anda Rottenberg, à página 32 desta edição).

Amor segundo a filosofia
O Sesc Carmo promoveu, em junho, a primeira edição do projeto Trocando em Miúdos - A Filosofia no Dia-a-dia, que pretende colocar em discussão, através de um olhar diferenciado, temas universais do cotidiano, como a violência e a solidão. O primeiro convidado da série de palestras foi o filósofo Renato Janine Ribeiro, professor de ética e filosofia da USP, que falou sobre como as pessoas se apaixonam e quais são os artifícios da sedução. "Quando falamos em amor, em nosso tempo, tendemos a pensar mais no amor sexuado do que nas formas de amor mais generosas, como entre pais e filhos, ou mesmo entre amigos. Mas talvez o amor mais autêntico seja mesmo o que é mais generoso", afirma o professor.
"A paixão, etimologicamente, é pathos, algo que a alma sofre, a dimensão em que a psique é passiva. Isso quer dizer que no amor-paixão somos tomados, possuídos, conquistados por um sentimento sobre o qual não temos nenhum controle - a paixão se opõe, filosoficamente, à ação" Renato Janine Ribeiro

Os Mulheres Negras
Letras irreverentes, performances inusitadas e fusão de ritmos eram as principais marcas de Os Mulheres Negras, banda criada por André Abujamra e Maurício Pereira em meados da década de 1980. Em 1991, a banda se desfez deixando um público não muito amplo, porém fiel. Maurício iniciou carreira solo e André fundou o Karnak. Em junho, no Sesc Pompéia, os dois integrantes do conjunto, autodenominado "a menor big band do mundo", voltaram a se reunir para comemorar o relançamento em CD de seus dois únicos discos: Música e Ciência, de 1988, e Música Serve Para Isso, de 1990. Os álbuns foram remasterizados pelo selo Arquivo Warner, sob o comando do baterista Charles Gavin, e já podem ser encontrados nas lojas. No espetáculo, músicas antigas como Sub e John e canções inéditas da dupla.

Origami
No mês da Copa, o Sesc São Paulo, o Consulado Geral do Japão em São Paulo e a Aliança Cultural Brasil-Japão promoveram uma original ligação entre o futebol e o tradicional origami japonês. Já no século VI essa arte era praticada no país asiático, integrando rituais sagrados e religiosos. A partir do século XVII, no entanto, ela adquiriu um caráter lúdico e estético e espalhou-se pelo mundo. Em junho, no Sesc Vila Mariana, os visitantes puderam conferir trabalhos produzidos por artistas de doze países retratando o universo do futebol. Além disso, foram promovidas oficinas de origami e apresentações de vídeos sobre as regiões que abrigaram os jogos da Copa no Japão e suas manifestações culturais.

Prêmio Criança
A Fundação Abrinq promoveu em junho a cerimônia de entrega do Prêmio Criança 2002, no Sesc Vila Mariana. Essa é a décima segunda edição do evento, criado com o objetivo de identificar personalidades e instituições da sociedade civil que se destacaram na implementação de ações voltadas à melhoria da qualidade de vida das crianças e dos adolescentes no país. Desde 1989, já foram premiadas 48 iniciativas na área. A partir deste ano, o Prêmio passa a acontecer bienalmente, enfocando temas específicos. Nesta edição, foram selecionados programas, ações e projetos dedicados às crianças de zero a seis anos, divididos em quatro categorias: saúde do bebê e da gestante; convivência familiar e comunitária; violência doméstica, e educação infantil.

Música Latina
Apresentar a riqueza musical criada nas regiões centro e sul do continente americano foi o objetivo do projeto A Música Latino-Americana por seus Ritmos e Instrumentos, realizado em junho no Sesc Pinheiros. Músicos e estudiosos no tema foram convidados a promover uma viagem através de uma variada gama de instrumentos, estilos e gêneros musicais ainda pouco conhecidos do público brasileiro. Willy Verdager apresentou os ritmos andinos, como a zamba, a chacarera e a cueca; a música tradicional do Caribe e da Colômbia ficaram à cargo de Pedro La Colina; a afro-cubana foi apresentada por Edwin Pitre e a fusão de ritmos latinos com rock, jazz, pop e outros gêneros musicais couberam a Enio Di Bonito.

Peter Brook
Uma ação conjunta entre o Sesc São Paulo e o Instituto Municipal de Arte e Cultura (RioArte), do Rio de Janeiro, trouxe pela primeira vez ao Brasil a montagem de A Tragédia de Hamlet adaptada e dirigida pelo diretor inglês Peter Brook. As apresentações aconteceram durante quatro noites de junho no Sesc Vila Mariana e outras três no Rio de Janeiro. Para o diretor, considerado um dos mais importantes encenadores do teatro contemporâneo, Hamlet é uma peça que permite uma redescoberta constante: "São facetas infinitas, como uma bola de cristal a girar no ar, mostrando a cada instante uma nova possibilidade", afirma. Além das apresentações, o Sesc promoveu, no Teatro Sesc Anchieta, um encontro com a diretora assistente da montagem, Marie-Hélene Estienne, e uma palestra com o ator da companhia de Peter Brook, Sotigui Kouyaté.
"Peter Brook busca a humanidade das coisas. O ator é motivado a cuidar de si, de suas angústias. O sujeito é o que ele quer fazer - é sua liberdade de escolha. É fazer coisas bonitas não para si, mas para expressar humanidade" Marie-Hélène Estienne, diretora assistente de A Tragédia de Hamlet, de Peter Brook, que esteve em cartaz no Sesc Vila Mariana

Teatro francês
Duas gerações distintas de artistas teatrais franceses participaram, em junho, da programação da Temporada de Teatro Francês Contemporâneo, coordenada pelo Consulado Geral da França em São Paulo em parceria com o Sesc São Paulo. O filósofo, autor e diretor teatral Michel Deutsch (foto), aos 55 anos, pertence a uma das mais significativas gerações de profissionais da área. Já a jovem atriz Bérangère Jannelle, representa a nova safra de artistas franceses. Ambos ministraram workshops voltados para atores e diretores brasileiros no Sesc Consolação. Além disso, completaram a programação, no Sesc Pinheiros, leituras dramáticas de textos de autores franceses realizadas por profissionais como o ator Marcos Damigo, integrantes do Grupo Tapa e os diretores Sérgio Ferrara e Eduardo Tolentino. A programação segue até o final do ano. Confira no Em Cartaz.

Coração Inquieto
Inspirada livremente nos livros Vita Brevis, de Jostein Gaarder, e Confissões, estreou em junho, no Teatro do Sesc Belenzinho, a peça Coração Inquieto - Memórias de Santo Agostinho. A montagem tem direção e dramaturgia de Sérgio Módena e traz no elenco os atores Erika Ribeiro, Gustavo Wabner e Cadu Fávero, entre outros. O espetáculo aborda a culpa e o pecado como grandes legados da Igreja Católica, através das lembranças e reflexões registradas nas obras de uma das mais importantes figuras do catolicismo, Santo Agostinho, quando se encontrava em sua cela à beira da morte. A peça segue em cartaz, aos sábados e domingos, até 28 de julho. Confira na programação.

Alô, Alô Carnaval!
O projeto Cinema Trinta e Cinco Restaurados, realizado mensalmente pelo Sesc Ipiranga, apresentou, pela primeira vez em São Paulo, a cópia recém-restaurada de um dos maiores clássicos do cinema brasileiro: Alô, Alô Carnaval!, produzido e dirigido por Adhemar Gonzaga em 1936. O filme traz de volta às grandes telas alguns dos mais importantes ídolos da era do rádio, como Ataulfo Alves, as irmãs Carmen e Aurora Miranda e Mário Reis, interpretando inesquecíveis canções como Pierrô Apaixonado, de Noel Rosa e Heitor dos Prazeres, e Cantores do Rádio, de João de Barro, Lamartine Babo e Alberto Ribeiro. Além da projeção, houve também um encontro com Alice Gonzaga, filha de Adhemar e diretora da Cinédia, produtora do filme, e uma apresentação musical de Maria Alcina.
"Alô. Alô. Carnaval! é o filme com som ótico mais antigo integralmente preservado. É também aquele que evidencia mais claramente os elementos básicos que serviram para a formação da futura chanchada" Hernani Heffner, coordenador de pesquisa da restauração de Alô, Alô Carnaval!

O popular e o erudito
Com curadoria da pianista Marina Brandão, o Sesc Ipiranga apresentou, em junho, o quarto concerto de Quando o Erudito Encontra o Popular. O projeto pretende mostrar a versatilidade do músico brasileiro, que, segundo a curadora, mesmo tendo formação clássica, se adapta perfeitamente à música popular. "Da minha vivência como pianista nas duas áreas musicais, sempre achei possível conciliar o popular com o erudito. Daí a idéia de fazer um projeto em que se pudesse mostrar como a música clássica pode andar de mãos dadas com a popular". O concerto de junho contou com a participação do pianista Paulo Gori, que interpretou valsas de Schubert, Chopin, Lorenzo Fernandez, Adelaide Pereira da Silva e Nazareth.

Festas Juninas
Já são tradicionais as comemorações juninas promovidas por diversas unidades do Sesc São Paulo. Tanto na capital como no interior, a programação esteve repleta de atividades, apresentações e muita diversão. Entre as atividades, destacou-se a célebre festa do Sesc Pompéia. Neste ano, o tema foi o universo dos brincantes, trazendo para o público paulistano o que há de mais genuíno nas comemorações do interior do país. De Minas Gerais, vieram as rezadeiras de Jequitibá; da zona da mata pernambucana, o mestre rabequeiro Salustiano; do Rio de Janeiro, os cirandeiros de Parati; do interior de São Paulo, ritmos como o cururu, a catira e o fandango de tamancos. Tudo com uma ambientação especialmente elaborada para a grande festa que durou o mês inteiro.

Frases

"As esferas públicas devem contar com o apoio da iniciativa privada para investir na cultura, esclarecê-la quanto ao seu papel fundamental nas sociedades democráticas e também garantir, a partir de políticas culturais mais abrangentes, ações para além do incentivo, que se expandam e fundamentem propostas efetivas e duradouras" Danilo Santos de Miranda, Diretor Regional do Sesc São Paulo, na Urbis 2002

"Nosso trabalho demonstra que ainda é possível que pequenas companhias, com poucos recursos, desenvolvam projetos a longo prazo, fora de todas essas grandes estruturas e dos padrões da televisão" Stephane Brodt, integrante da companhia Amok Teatro, que apresentou, no Sesc Belenzinho, o espetáculo O Carrasco

"Se o Festival de Rio Preto já é tradicional, é porque alguma coisa estava dizendo. Se o Sesc entrou, é porque poderá dizer mais coisas. É isso que eu espero do Festival. Tenho certeza de que por mais trinta anos vamos tê-lo com grandes lances, com novos atores e novas experiências de teatro" Antunes Filho, diretor teatral, sobre o Festival Internacional de Teatro, no Sesc Rio Preto, que acontece de 17 a 28 de julho