Projeto Tripé revela a nova geração de artistas visuais
O hall do teatro é constituído, como todo o Sesc Pompéia,
de tijolos aparentes, paralelepípedos e concreto, mas é
o único local coberto por telhas de vidro. Espaço de passagem
e espera, agora também de observação da arte."
Assim descreve o texto de abertura do catálogo Tripé 2005,
fruto do Projeto Tripé, realizado na unidade desde o ano passado.
Formado por mostras periódicas, em 2005, organizou quatro: o Tripé
Espaço, o Hype, o Fotografia e o Pintura. Para cada uma delas,
três artistas exploravam um tema ou suporte (veja boxe Edições
Anteriores). Neste ano, houve mais uma etapa, o Tripé Objeto, que
durante os meses de março e abril mostrou o resultado dos registros
e interpretações dos artistas convidados sobre os mais diversos
objetos. Neste segundo semestre, o projeto segue com o Tripé Urbano,
com obras que refletem o pensamento e o olhar dos artistas Bruno Faria,
Flavia Mielnik e Rita Meireles sobre a metrópole. "O próprio
nome do projeto dá a idéia de apoio, sustentação",
diz a professora de história da arte Virgínia Gil Araújo,
convidada para o bate-papo que tradicionalmente compõe a programação.
"A iniciativa abre um espaço que amplia o circuito artístico
para aqueles jovens que buscam mostrar o trabalho."
Vários "urbanos"
A atual edição lança um olhar sobre a cidade. Percepções
que revelam as múltiplas realidades de uma metrópole. Bruno
Faria constrói uma paisagem urbana com base em revistas e folhetos
de propaganda imobiliária. Em seu trabalho, as formas surgem fiéis
ao que representam - como no caso das ilustrações de condomínios,
que Faria recorta e põe em relevo -, ou mais abstratas - como na
sugestão de volume por meio de dobraduras dos tais folhetos. Já
Flavia Mielnik parte para o registro em imagens fotográficas, sobre
as quais desenha. O resultado é uma paisagem urbana confinada em
caixas de cor azul-céu, lembrando azulejos antigos. "Procuro
na cidade rastros e desenhos que tentam se esconder na agilidade da cidade",
explica a artista. "A partir da fotografia digital, capturo detalhes,
superfícies e paisagens de casas demolidas, e com desenho reconstruo
esses espaços, traçando possibilidades de preenchimento,
de histórias e vidas que já passaram pela antiga casa."
O olhar de Rita Meireles parte de sua janela. Imagens produzidas que depois
a artista recorta, inverte e mistura ao vídeo e à pintura.
"O tema urbano costuma causar empatia no público por estar
incorporado ao dia-a-dia", diz Rita. "Meus trabalhos reforçam
percepções que todos temos da cidade." Para o artista
Bruno Faria, o tema explorado nesta edição do projeto possibilita
uma aproximação da arte com o sujeito. "A importância
do tema é a de algo que está bem próximo a todos
que vivem numa cidade caótica como a nossa", afirma.
Cenário positivo
A professora Virgínia Gil Araújo, que participará
de um bate-papo sobre o tema desta edição e sobre as artes,
acrescenta que vê como fundamental mostrar trabalhos que em princípio
ficariam restritos a exposições em universidades e escolas
de arte. "Além disso, a função cultural do Projeto
Tripé, de promover o debate crítico da arte contemporânea,
me parece ousada ao fomentar uma cultura do diálogo, democratizando
o pensamento visual colocado em discussão nos trabalhos dos jovens
artistas." Ainda segundo a professora, a iniciativa vem compor um
cenário positivo para a produção artística
atual. Para ela, um momento no qual, tem ocorrido a multiplicação
de espaços de exposição e de circuitos artísticos
alternativos. "A arte urbana traz consigo a implementação
de uma nova arte pública."
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Diferentes técnicas
e temas formam o vocabulário dos artistas que já passaram
pelo Sesc Pompéia
O
Projeto Tripé, realizado pelo Sesc Pompéia com o objetivo
de oferecer espaço de exposição e discussão
para as artes visuais, teve, em 2005, agenda movimentada, com quatro mostras
no ano de sua criação. A primeira foi a Tripé Espaço,
na qual os artistas João Carlos de Souza, Marcelo Salum e Mauro
de Souza trabalharam o espaço com mais de um tipo de matéria.
As obras discutiram o conceito de site specific ("lugar específico",
em inglês). Já em Tripé Hype foi explorada a técnica
da estratigrafia, que se utiliza da decomposição ou exploração
de um determinado objeto em camadas. O tema era o tempo, que foi desvendado
por Eduardo Salvino, Inês Raphaelian e Pedro di Pietro. Em Tripé
Fotografia, o registro fotográfico foi técnica e assunto,
uma vez que os trabalhos de Eric Rahal, José Bassit e Jussara Salles
foram apresentados em três diferentes suportes: revelação
em papel fotográfico, uso das imagens para criar objetos e a projeção.
O ano fechou com Tripé Pintura, que, por meio das obras de Amanda
Mei, Marcela Tiboni e Odilon Moraes, procurou novas saídas para
a arte pictórica. Em 2006, o Projeto Tripé já realizou
a edição Objeto, na qual Alexandre Assaly, Ana Kalaydjian
e Nino Cais empregaram diversos materiais, do metal à cerâmica,
passando pela madeira e até pelo café em pó.
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Vitrine cultural
Oficina realizada
na unidade provisória Avenida Paulista valoriza a pesquisa prática
Quem
passou em frente à unidade provisória Avenida Paulista de
fevereiro a abril notou que o espaço da galeria estava com ares
de vitrine. Grandes figuras coloridas e transparentes, feitas de vinil,
foram coladas nos vidros do local e chamavam a atenção,
sugerindo o universo pop das histórias em quadrinhos. O Projeto
Vitral (foto), de autoria do coletivo de jovens artistas Espaço
Coringa, continua, na mesma unidade, agora com uma oficina. De 11 de julho
até 3 de agosto, será realizada uma pesquisa acerca dos
métodos e conceitos utilizados na instalação do início
do ano. As aulas serão compostas de trabalhos práticos que
usarão as técnicas do desenho, da colagem e de moldes vazados.
Informações sobre como e quando se inscrever para o curso
podem ser encontradas na programação.
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