Sesc SP

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Reflexões sobre a metrópole

REVISTA E - Julho 2006


 

 


Projeto Tripé revela a nova geração de artistas visuais


O hall do teatro é constituído, como todo o Sesc Pompéia, de tijolos aparentes, paralelepípedos e concreto, mas é o único local coberto por telhas de vidro. Espaço de passagem e espera, agora também de observação da arte." Assim descreve o texto de abertura do catálogo Tripé 2005, fruto do Projeto Tripé, realizado na unidade desde o ano passado. Formado por mostras periódicas, em 2005, organizou quatro: o Tripé Espaço, o Hype, o Fotografia e o Pintura. Para cada uma delas, três artistas exploravam um tema ou suporte (veja boxe Edições Anteriores). Neste ano, houve mais uma etapa, o Tripé Objeto, que durante os meses de março e abril mostrou o resultado dos registros e interpretações dos artistas convidados sobre os mais diversos objetos. Neste segundo semestre, o projeto segue com o Tripé Urbano, com obras que refletem o pensamento e o olhar dos artistas Bruno Faria, Flavia Mielnik e Rita Meireles sobre a metrópole. "O próprio nome do projeto dá a idéia de apoio, sustentação", diz a professora de história da arte Virgínia Gil Araújo, convidada para o bate-papo que tradicionalmente compõe a programação. "A iniciativa abre um espaço que amplia o circuito artístico para aqueles jovens que buscam mostrar o trabalho."



Vários "urbanos"
A atual edição lança um olhar sobre a cidade. Percepções que revelam as múltiplas realidades de uma metrópole. Bruno Faria constrói uma paisagem urbana com base em revistas e folhetos de propaganda imobiliária. Em seu trabalho, as formas surgem fiéis ao que representam - como no caso das ilustrações de condomínios, que Faria recorta e põe em relevo -, ou mais abstratas - como na sugestão de volume por meio de dobraduras dos tais folhetos. Já Flavia Mielnik parte para o registro em imagens fotográficas, sobre as quais desenha. O resultado é uma paisagem urbana confinada em caixas de cor azul-céu, lembrando azulejos antigos. "Procuro na cidade rastros e desenhos que tentam se esconder na agilidade da cidade", explica a artista. "A partir da fotografia digital, capturo detalhes, superfícies e paisagens de casas demolidas, e com desenho reconstruo esses espaços, traçando possibilidades de preenchimento, de histórias e vidas que já passaram pela antiga casa." O olhar de Rita Meireles parte de sua janela. Imagens produzidas que depois a artista recorta, inverte e mistura ao vídeo e à pintura. "O tema urbano costuma causar empatia no público por estar incorporado ao dia-a-dia", diz Rita. "Meus trabalhos reforçam percepções que todos temos da cidade." Para o artista Bruno Faria, o tema explorado nesta edição do projeto possibilita uma aproximação da arte com o sujeito. "A importância do tema é a de algo que está bem próximo a todos que vivem numa cidade caótica como a nossa", afirma.






Cenário positivo

A professora Virgínia Gil Araújo, que participará de um bate-papo sobre o tema desta edição e sobre as artes, acrescenta que vê como fundamental mostrar trabalhos que em princípio ficariam restritos a exposições em universidades e escolas de arte. "Além disso, a função cultural do Projeto Tripé, de promover o debate crítico da arte contemporânea, me parece ousada ao fomentar uma cultura do diálogo, democratizando o pensamento visual colocado em discussão nos trabalhos dos jovens artistas." Ainda segundo a professora, a iniciativa vem compor um cenário positivo para a produção artística atual. Para ela, um momento no qual, tem ocorrido a multiplicação de espaços de exposição e de circuitos artísticos alternativos. "A arte urbana traz consigo a implementação de uma nova arte pública."




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Diferentes técnicas e temas formam o vocabulário dos artistas que já passaram pelo Sesc Pompéia


O Projeto Tripé, realizado pelo Sesc Pompéia com o objetivo de oferecer espaço de exposição e discussão para as artes visuais, teve, em 2005, agenda movimentada, com quatro mostras no ano de sua criação. A primeira foi a Tripé Espaço, na qual os artistas João Carlos de Souza, Marcelo Salum e Mauro de Souza trabalharam o espaço com mais de um tipo de matéria. As obras discutiram o conceito de site specific ("lugar específico", em inglês). Já em Tripé Hype foi explorada a técnica da estratigrafia, que se utiliza da decomposição ou exploração de um determinado objeto em camadas. O tema era o tempo, que foi desvendado por Eduardo Salvino, Inês Raphaelian e Pedro di Pietro. Em Tripé Fotografia, o registro fotográfico foi técnica e assunto, uma vez que os trabalhos de Eric Rahal, José Bassit e Jussara Salles foram apresentados em três diferentes suportes: revelação em papel fotográfico, uso das imagens para criar objetos e a projeção. O ano fechou com Tripé Pintura, que, por meio das obras de Amanda Mei, Marcela Tiboni e Odilon Moraes, procurou novas saídas para a arte pictórica. Em 2006, o Projeto Tripé já realizou a edição Objeto, na qual Alexandre Assaly, Ana Kalaydjian e Nino Cais empregaram diversos materiais, do metal à cerâmica, passando pela madeira e até pelo café em pó.








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Oficina realizada na unidade provisória Avenida Paulista valoriza a pesquisa prática


Quem passou em frente à unidade provisória Avenida Paulista de fevereiro a abril notou que o espaço da galeria estava com ares de vitrine. Grandes figuras coloridas e transparentes, feitas de vinil, foram coladas nos vidros do local e chamavam a atenção, sugerindo o universo pop das histórias em quadrinhos. O Projeto Vitral (foto), de autoria do coletivo de jovens artistas Espaço Coringa, continua, na mesma unidade, agora com uma oficina. De 11 de julho até 3 de agosto, será realizada uma pesquisa acerca dos métodos e conceitos utilizados na instalação do início do ano. As aulas serão compostas de trabalhos práticos que usarão as técnicas do desenho, da colagem e de moldes vazados. Informações sobre como e quando se inscrever para o curso podem ser encontradas na programação.





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