Sesc SP

Matérias da edição

Postado em

São Paulo

A metrópole é famosa pelas opções de entretenimento, mas também pelas dificuldades de acesso ao lazer. Nessa relação conflituosa, como garantir a diversão?

As estradas que ligam São Paulo ao litoral ou ao interior do estado invariavelmente recebem um contingente impressionante de carros em qualquer feriado prolongado – e muitas vezes até mesmo num simples final de semana. A idéia é “fugir de São Paulo”, ter bons momentos de lazer na praia, no campo ou numa cidade tranqüila, pequena, bucólica – ou seja, tudo o que a capital não é. A impressão que se tem é que a metrópole ficou mesmo com uma imagem carrancuda para seus habitantes. Lugar de trabalho, de conquistas profissionais, decisões econômicas importantes para todo o país e até mesmo de turismo de negócios – aquele que traz empresários e executivos do mundo todo. Mas e a São Paulo do lazer, onde se pode desfrutar o tempo livre com qualidade e diversidade? “Se formos entender lazer como parte da vida, assim como o trabalho, a qualidade e o desenho da cidade são fundamentais para a sensação de prazer ou de desprazer”, explicou a urbanista Raquel Rolnik, atualmente secretária nacional de Programas Urbanos do Ministério das Cidades, em entrevista à Revista E em janeiro de 1999. “Os habitantes de São Paulo têm uma noção muito clara do enorme desprazer que sentimos na cidade.” Uma das principais bandeiras da urbanista é justamente a íntima relação entre o indivíduo e a metrópole. Uma concepção que ultrapassa a simples condição de habitante de uma cidade, mas coloca cada um de nós como parte do local onde moramos. “Essa sensação de desprazer é uma expressão de como um ambiente construído pode ser extremamente desprazeroso e provocar nas pessoas uma sensação desagradável”, diz Raquel. “Ou seja, o estresse e o nervosismo dependem da qualidade do ambiente construído.”

Como se pode facilmente perceber, o panorama da capital não mudou muito de 1999 para cá. Se a vida corrida já se tornou clássica fonte de dor de cabeça para quem mora e trabalha em São Paulo, o que dizer então dos entraves que, até em seus momentos de lazer, o paulistano tem de enfrentar? Se, por um lado, é fato que a cidade oferece uma lista quase interminável de opções – afinal, são 300 salas de cinema, mais de 100 palcos de teatro dos mais diversos tipos, 12.500 restaurantes com 42 tipos de cozinhas, grandes parques como o Ibirapuera, o Parque do Carmo, o Parque Villa-Lobos etc. etc. etc.  –, por outro, é igualmente verdade que os problemas têm dificultado cada vez mais o acesso a esses locais e serviços. Os obstáculos vão desde questões ligadas ao transporte coletivo até os engarrafamentos, causados principalmente pela excessiva ênfase ao automóvel particular, passando pelo colapso na segurança. “A cidade de São Paulo, de certa forma, tem muito espaço para as pessoas que podem pagar por ele”, explica o professor de arquitetura e projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) Paulo Pellegrino. “No que diz respeito a áreas e espaços abertos, você conta com alguns parques e praças, mas que acabam ficando muito voltados para um uso mais restrito a uma certa faixa da população, que tem capacidade de deslocamento, que consegue pegar o carro, dirigir, ou pegar um transporte público – o que nem sempre é acessível e fácil. Chegar a um parque como o Villa-Lobos, por exemplo, é complicado, a não ser que você consiga ter espírito de aventureiro urbano, ou seja ciclista radical e goste de atravessar a cidade, enfim, que tenha esse tipo de iniciativa.” Ainda, segundo o professor, até quem vence a barreira da mobilidade não está totalmente livre de problemas. “Mesmo que você pegue seu carro e vá ao parque, só a hipótese de ter de arrumar um lugar para estacionar, de ficar preocupado se vão roubar seu carro, já o inibe de fazer um programa assim. Você acaba preferindo entrar num shopping. Afinal, lá vai ter garagem etc. Só que aí se começa a ‘brincar’ de circular na cidade, afinal o shopping é a imitação de uma rua, de uma praça etc. E até o shopping também não é para todo mundo.” Pellegrino explica que esses lugares obedecem a divisões sociais: a pessoa vai a um shopping classe A se pertence a esse estrato social, ou a um popular, e assim por diante. “E neles você não é um cidadão, é um consumidor.”

Em meio a esse cenário, conhecido de todo bom paulistano – seja ele japonês, seja nordestino –, a ansiedade por alguns momentos de descontração acaba tendo de ceder espaço à irritação causada pelos inconvenientes. Então, qual é a saída para se divertir em São Paulo? “Bom, se você tem um apartamento na Vila Nova Conceição, de frente para o Parque do Ibirapuera, você pode se considerar morando numa São Paulo que deu certo”, afirma Pellegrino. “Mas, se você não tem cacife para bancar isso, a saída é partir para um estilo de vida meio alternativo, fora dos padrões, que é algo que toda grande metrópole oferece.” Segundo o professor, a iniciativa de ocupar a cidade de forma criativa, para driblar os problemas de acesso, locomoção, custo elevado e demais empecilhos, é um assunto tão em voga hoje em dia que já virou até objeto de estudo. Ele cita como exemplo o livro The Rise of Creative Class (sem tradução para o português, mas cujo título seria algo como O nascimento da classe criativa), escrito pelo professor de desenvolvimento econômico regional da Escola de Políticas e Administração Públicas da universidade americana Carnegie Mellon, nos Estados Unidos Richard Florida, e que analisa as mudanças nas escolhas e nas atitudes das pessoas com relação às opções oferecidas pelas cidades onde elas moram.

A seguir, algumas dicas de lugares a visitar e programas escolhidos por quem sabe como aproveitar o que a cidade tem de melhor.


Paulo Caruso, chargista
Lugares a que costuma ir: “Não dá pra fazer do espetáculo uma rotina, perde a graça. Daí, sempre é bom sentir qual o nosso estado de espírito para encarar qualquer programa. Meus preferidos são música (jazz, MPB), cinema e, mais raramente, teatro. O último espetáculo teatral a que assisti, salvo engano, foi Les Misérables, no Teatro Brigadeiro”
Dica: “Moro na Vila Madalena, onde não faltam lugares para uma cervejinha na calçada, ou um passeio pela Praça Benedito Calixto, onde rola de tudo, música, encontro com amigos, brechó etc. Domingo, com meu filho Lucas e a mamãe, Dona Juju, arrisco uma pedalada no Parque Villa-Lobos e almoço na Casa da Fazenda, no Morumbi”
O que procura evitar: “Eventos superlotados, quando possível”

Marcelo Coelho, jornalista e escritor
Lugares a que costuma ir: “Gosto de ir ao Parque da Luz e acompanhar as exposições da Pinacoteca. Como tenho criança pequena, freqüento alguns teatros infantis (mas essa é uma área que, salvo algumas exceções, bem que poderia ser melhorada) e concertos para crianças (às vezes há apresentações beneficentes aos domingos, na Sala São Paulo). Os sebos do Centro da cidade e perto da Fnac, em Pinheiros, são boas opções para a tarde de sábado”
Dica: “O Parque da Luz, a Praça Buenos Aires e o Parque da Água Branca são bons para levar as crianças”
O que procura evitar: “A pior coisa é pegar congestionamento num programa de lazer. Procuro sempre os locais perto de casa. Apresentações em lugares como Credicard Hall, esses teatros na Marginal Pinheiros etc., para mim ficam muito fora de mão. Detesto gastar muito dinheiro, de modo que concertos, óperas, essas coisas, para mim não valem a pena quando posso comprar dez CDs com o preço do ingresso”


Eliane Pires Machado, subgerente de uma loja de surfe
Lugares a que costuma ir: “Tenho um bebê de um ano e meio, o Kevin, e por isso acabo fazendo mais programas a que possa levá-lo. Vou com ele ao Parque do Ibirapuera nos finais de semana, porque é quando tenho tempo. E às vezes passeio com ele pelos shoppings. Vou também ao Museu do Ipiranga e gosto de passear com o Kevin de bicicleta”
Dicas: “É sempre legal ir com os amigos a um dos bares de Pinheiros ou então juntar a turma e ir jogar boliche, ou pegar um cinema”
O que procura evitar: “Sair à noite nos finais de semana. Os lugares ficam lotados”




Marcos Cardieri Pelizzer, engenheiro
Lugares a que costuma ir: “Os parques públicos são sempre uma boa opção. Eu e Fernanda, minha mulher, gostamos muito de caminhar ao ar livre, talvez pelo fato de vivermos fechados no carro ou no escritório. Quando morava próximo ao Parque do Ibirapuera, costumava ir lá à noite para correr. Agora, que me mudei para o bairro do Ipiranga, freqüento o parque daqui. Gosto desses locais porque são gratuitos e abertos”
Dicas: “Uma boa pedida são os bares da região da Avenida Hélio Pellegrino e Faria Lima, na Vila Olímpia. Tem happy hour lá durante a semana, e é mais fácil para estacionar. Mas recomendo às quintas-feiras, nos finais de semana complica”
O que procura evitar: “Estacionar é uma das coisas mais sofríveis em São Paulo, junto com o trânsito, claro. Os preços cobrados pelos manobristas nos lugares ditos da moda são abusivos, ao mesmo tempo em que não dá pra deixar o carro na rua. Isso tudo desmotiva. Então acabo indo a lugares próximos de minha casa. Além disso, costumo fugir dos grandes shows em estádios, pelo tumulto e por quase sempre serem sinônimo de violência e problemas”

Maria Bonomi, artista plástica
Lugares a que costuma ir: “Parques como o Ibirapuera, Aclimação, Trianon. Caso haja um evento mais premente, bater-se de metrô até o Centrão e ir para a Pinacoteca, ou outras salas, outros museus e arredores, Rua do Choro, no Bixiga”
Dica: “São Paulo é tão multifacetada e oferece tantas possibilidades de lazer e participação que em cada sábado ou domingo livres é possível fazer sempre um programa diferente. Para mim, o básico é sair andando. Vestir-se comodamente com tênis ou sandália e sair abraçado por aí com quem se ama, olhando o céu e a calçada, pois os dois podem nos surpreender, mas até isso é muito divertido”
O que procura evitar: “Não sou amiga de shoppings. Reconheço que eles são muito práticos e a eles me dirijo apenas para fazer compras rápidas e específicas. Acho mesmo alguns shoppings odiosos, verdadeiros templos do vazio de frivolidade obtusa, pasteurizados, deprimentes. Passear pelos shoppings de maneira mais civilizada e até ‘auto-sustentável’ seria muito melhor, mas isso virá com o tempo, quando a atividade comercial deixar de ser predatória”

José Hernandez Júnior, aeroviário e ciclista
Lugares a que costuma ir: “Passo a maior parte de meu tempo livre treinando com minha bike, mas quando sobra mais um tempinho vou ao cinema, gosto muito. Só que nem tento ir a lugares muito longe de minha casa, aqui na Ponte Rasa, Zona Leste, por isso acabo indo ao Shopping Guarulhos ou ao Shopping Aricanduva”
Dicas: “Show de rock ao vivo. Vou muito ao Kazebre Rock Bar, em Aricanduva, e ao Stones Rock Bar, na Vila Prudente. Ou ainda a algum show maior no Credicard Hall, o estacionamento é tranqüilo, é fácil pra chegar, tenho amigos que moram perto, e racham o carro e a gasolina”
O que procura evitar: “Casas de forró. Acho que ciclista nenhum iria. A maioria curte rock’n’roll...”

José Castello, escritor
Lugares a que costuma ir: “Bom, sou carioca e moro em Curitiba. Nunca morei em São Paulo. Ainda assim, porque estou sempre na cidade, me arrisco a responder. Fico no programa inevitável: saio para jantar com amigos. A paisagem ‘abstrata’ de São Paulo, sem formas, sem curvas, sem seduções, é um excelente estímulo para uma conversa”
Dica: “Ir a um museu. Assistir a um bom filme. Ir a um bar com amigos. Visitar um amigo. Ir a uma livraria ou a um café. Acho que não se pode muito fugir disso, o que não significa que não seja bom”
O que procura evitar: “O pior para mim é a distância entre os lugares, o tempo que se perde dentro do carro. São Paulo não é uma cidade, é um país. Devia ter vários aeroportos e os bairros seriam ligados por aviões”

Bernardo Ajzenberg, jornalista e escritor
Lugares a que costuma ir: “Vou a restaurantes, pela variedade e boa qualidade que a cidade oferece; à Sala São Paulo, pela ótima qualidade de seus espetáculos; ao cinema; e caminho na Praça Panamericana, no Alto de Pinheiros, que é bem conservada e relativamente segura”
Dica: “Numa tarde livre, ou num sábado ou domingo de manhã, sugiro andar de bicicleta no Parque Villa-Lobos”
O que procura evitar: “Os obstáculos da cidade não chegam a me desmotivar. Curvo-me a eles. Mas é verdade que os espaços públicos que existem não podem ser usufruídos como deveriam devido às condições precárias de segurança e de manutenção”

Daniel Piza, jornalista e escritor
Lugares a que costuma ir: “Gosto muito de acordar cedo nos domingos e fazer alguns programas menos manjados. Por exemplo, ir ao Jardim Botânico, que é uma beleza, ou ao Mosteiro de São Bento, ouvir cantos gregorianos”
Dica: “Gosto ir com minhas filhas a restaurantes que sejam a céu aberto, coisa rara em São Paulo, como o do Museu da Casa Brasileira, e levá-las ao Recanto Japonês, no Ibirapuera, para dar pão às carpas. Ou então sair sozinho no sábado de manhã para sebos e livrarias no Centro antigo, ou ir à Luz e à Pinacoteca e depois comer no Mercadão [Mercado Municipal]. Mas também posso flanar pelas vitrines da Oscar Freire ou passear pelo meu bairro, Higienópolis, descobrindo prédios e casarões, além de brincar com as crianças na Praça Buenos Aires. Outro passeio agradável é percorrer lojas de design nas ruas da Vila Madalena”
O que procura evitar: “Entre as coisas que não faço ou que evito, há muitas. Não chego a restaurantes badalados depois de 13h30 ou 21h30. Não vou ao cinema em sábados e sextas às noites (é muito melhor ir às segundas e terças!) e evito Itaim e Vila Olímpia. Não vou de carro a concertos, shows, parques e museus. Prefiro pegar um táxi ou metrô a engrossar o trânsito ainda mais”

Márcia Denser, escritora
Lugares a que costuma ir: “Costumo fazer cooper no Jardim da Aclimação nos dias de semana, após as 10 horas ou no horário de almoço. É um parque pouco badalado, discreto, onde é possível realmente sentir-se em paz, absolutamente só com seus pensamentos (no meu caso, é excelente para engendrar meus textos). Umas crianças, umas babás, uns patinhos na lagoa, alguns malhadores, os habituês da terceira idade, eis tudo que você tem como companhia. Quanto a sábado e domingo, esqueça, é infernal como qualquer outro”
Dica: “Quase não saio à noite, mas ‘como minha pátria são meus amigos’, desde que esteja com eles, esta cidade é perfeita não só à noite mas 24 horas por dia. Aliás, Sampa é uma dessas raras cidades que jamais fecham. Algo que deslumbra os estrangeiros e acostuma muito mal os paulistanos”
O que procura evitar: “Existem locais que passei a evitar como o diabo foge da cruz, porque, apesar de você largar ali uma nota preta ou estar pagando um tremendo mico social, é proibido fumar, tem sempre um MIB (man in black) te mandando jogar fora o cigarro, principalmente se você for mulher ou gay ou ambos”


Sesc Verão 2006 - Programa de atividades especiais de férias realizado em todas as unidades é boa opção de lazer na cidade
Mesmo sendo primordialmente associada ao trabalho, São Paulo pode ser uma boa dica para as férias. Justamente pelo fato de muitos preferirem “fugir” da capital nesta época do ano, quem fica pode descobrir uma cidade diferente. “Várias pessoas têm um discurso do tipo ‘ah, tudo bem, eu fico aqui para ganhar meu dinheiro, e no fim de semana ou nas férias eu fujo’”, diz o professor arquitetura e projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) Paulo Pellegrino. “Só que aí fica entalado na estrada tentando sair da cidade e depois fica entalado novamente tentando voltar.” Para os que permanecem na capital durante janeiro e fevereiro, o Sesc São Paulo oferece o seu já tradicional programa especial de férias, o Sesc Verão, que este ano tem como tema Tempo, Movimento e Qualidade de Vida. “O tema partiu de uma pesquisa encomendada pelo Sesc ao Datafolha, na qual se constatou que 90% da população da cidade de São Paulo afirmam saber da importância da atividade física. Porém, mais de 60% dos entrevistados justificam que não praticam nenhuma por falta de tempo”, explica Celina K. Tamashiro, da Gerência de Desenvolvimento Físico e Esportivo (GDFE) do Sesc. “Considerando que o Sesc desenvolve suas atividades pensando no tempo livre das pessoas, acreditamos que é de fundamental importância uma reflexão sobre a administração que cada um faz do seu tempo.” A campanha de divulgação deste ano sintetiza o conceito com a frase “Dê um tempo pra você – pratique o seu tempo livre, isto faz bem pra saúde”.

Segundo esclarece Celina, a programação, a exemplo das outras edições do Sesc Verão, é bastante diversificada, composta de atividades que visam tanto a estimular quanto a relaxar os participantes, já que o tema permite diferentes abordagens dos exercícios e modalidades esportivas, até as já consagradas caminhada e corrida. Há desde clínicas e jogos até aulas que tratam da origem histórica de alguns esportes. Entre os destaques, estão a mostra temática Túnel do Tempo, do Sesc Pompéia, que pretende apresentar curiosidades e fatos históricos de esportes de diversas partes do mundo; a instalação Trajeto do Tempo, montada na praça externa da unidade Vila Mariana e cujo intuito é mostrar possibilidades de inclusão do movimento nos hábitos diários para promoção da melhoria da qualidade de vida; o circuito de atividades artísticas, jogos e brincadeiras, chamado Interatividade, do Sesc Pinheiros; o projeto Tempo de Pensar, do Sesc Belenzinho, ciclo de palestras e vivências de yoga; e os Jogos Inusitados, no Sesc Consolação, que mostrarão modalidades pouco conhecidas do grande público, como o tamboréu, parecido com o tênis, só que com raquetes de madeira, e o tchoukball, um jogo de times que utiliza a bola de handebol. Confira a grade completa de atividades no Em Cartaz desta edição.


Pequenos desbravadores, grandes descobertas - Sesc Carmo leva seus curumins para conhecer a cidade
Nada melhor que um bom amigo de infância. É mais ou menos seguindo esse pensamento que o Sesc Carmo criou, inserido no Sesc Curumim da unidade – programa de atividades voltadas para crianças de 7 a 12 anos –, o projeto Em Sintonia Com o Nosso Tempo, cujo objetivo é justamente levar a que os pequenos “façam amizade” com a cidade o mais cedo possível.

Por meio de uma série de passeios, os participantes visitam centros culturais, museus e assistem a espetáculos de teatro e musicais. O objetivo é ampliar seu universo cultural e apresentar novos recursos de lazer e cultura na cidade. “A maioria das crianças que freqüentam a unidade vive na região central de São Paulo, cercada de muitos atrativos, mas também de muitos problemas, devido à violência ao redor e à falta de espaços para brincar”, conta Silvana Takabatake, técnica da unidade que coordena o projeto. “Muitas delas são forçadas a ficar confinadas em seus pequenos apartamentos por medida de segurança ou pela visão do adulto que não percebe as opções possíveis para oferecer aos filhos.” Só no ano passado, as crianças visitaram exposições realizadas em várias instituições localizadas no Centro da cidade, como o Centro Cultural da Caixa Econômica Federal e Centro Cultural Banco do Brasil. Elas conheceram também como funciona o Centro de Controle Operacional do Metrô, foram à Estação Ciência e a fábricas de vidro e de plástico. “Quando retornamos desses passeios, costumamos falar daquilo que foi visto”, explica Silvana. “Utilizamos recursos como pintura com guache e desenhos com giz de cera e com lápis de cor, gincanas culturais com perguntas e respostas, e leituras em grupo para aprofundar o conteúdo adquirido nos passeios. No final, falamos para as crianças levarem os seus pais, amigos, vizinhos e quem estiver por perto para conhecer o que elas descobriram.” Mas não é só a região central que os curumins percorrem, não.

Eles já conheceram alguns dos museus mais importantes da cidade, como o Museu de Arte Moderna (MAM), Museu de Arte de São Paulo (Masp), Museu Brasileiro de Escultura (Mube), Museu de Arte Sacra, Museu de Arte Contemporânea (MAC), Museu do Theatro Municipal, Museu Paulista, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Centro Cultural São Paulo, Museu Lasar Segall e Museu da Imagem e do Som (MIS). Ufa! É mais do que muito paulistano das antigas conhece... Que tal seguir o exemplo?