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Pintura, música, artesanato e até ópera – são várias as habilidades desenvolvidas nos cursos permanentes do Sesc São Paulo

“Eu vivo no mundo do artesanato”, afirma dona Nelza Kutchun, 64 anos, participante do curso de customização de roupas realizado no Sesc Pompéia – parte do projeto Faces Esquecidas e uma ação do programa Sesc Gerações, cujo objetivo é reunir diferentes faixas etárias ao redor de interesses comuns. “De modo que, quando uma amiga mencionou que haveria esse curso, eu corri para me inscrever.” Para a dona-de-casa, aprender a customizar diferentes peças – ou seja, lançar mão de uma série de técnicas, como pintura, costura e recortes, para transformá-las – foi divertido, mas o intuito não era simplesmente descobrir um novo passatempo. “Eu vivo nesse meio, trabalho com isso, é importante para mim conhecer todas as técnicas disponíveis.” Moradora do bairro de Vila Nova Cachoeirinha, Zona Norte de São Paulo, dona Nelza tem no artesanato um meio de incrementar a renda da família, mas também um modo de atuar na comunidade. “A região na qual eu moro é carente. Conheço muitas pessoas, amigos, vizinhos, que vivem numa situação bem difícil. Não sou boa com as palavras, ficar falando ‘olha, calma, vai melhorar’ não é comigo. Por isso, o jeito que encontrei foi passar para elas o que aprendo nos vários cursos que faço. E dá certo. Já tenho 25 alunas.” Dona Nelza divide seu tempo entre a família – mora com o marido, aposentado, a mãe e a netinha de 11 anos – e três trabalhos voluntários que mantém com animação. “Dou aulas de artesanato e costura em um posto de saúde próximo à minha casa, em uma igreja e no projeto Família na Escola [desenvolvido pelo Ministério da Educação]. Sou autodidata e sempre tive o sonho de saber fazer o que sei hoje. Por isso procuro coisas novas nessa área. Sou até suspeita para falar de quanto foi bom esse curso no Sesc, afinal adoro essas coisas.”

A jovem Bárbara Fonseca de Oliveira, de 11 anos, foi colega de dona Nelza e também pretende dar seqüência ao que aprendeu no Sesc. “Adorei fazer as caixinhas de recados, dessas que você deixa ao lado do telefone. Gosto muito de artesanato e, sei lá, acho que sei fazer bem”, afirma com certa timidez. E sabe mesmo, pois Bárbara já vai repassar o que viu em aulas gratuitas numa ONG do bairro do Jaguaré, onde mora. Ela quer ensinar o maior número de pessoas possível a fazer as tais caixinhas. “Não sei quem serão meus alunos, mas estou ansiosa para começar.” Entre os planos de Bárbara está cursar a faculdade de ciência da computação. “Minha outra paixão é o computador”, diz. E fica animada com a possibilidade de unir os dois talentos. “Já imaginou o que daria para fazer?” Neste início de ano, pretende ficar ligada na grade de atividades da sala de Internet Livre do Pompéia. “Ficar em casa sem fazer nada nas férias não dá.”

A roupas customizadas por Dona Nelza, a caixinha de recados de Bárbara e os demais trabalhos desenvolvidos pela turma compuseram uma exposição que fez parte da mostra de resultados na unidade.


Acostumada aos palcos
Já a paixão da também dona-de-casa Maria Beatriz de Luca Ito, de 61 anos, são o teatro e a música. E ela encontrou a união perfeita no Centro de Música do Sesc Vila Mariana: a montagem da opereta A Noiva do Condutor, de Noel Rosa (1910-1937), cuja apresentação fez parte dos shows de encerramento dos cursos de 2005 do centro. “Foi um momento mágico”, diz dona Maria Beatriz. “Lembrei do primeiro dia de aula, quando a Gisele [Cruz, técnica da unidade responsável pelas aulas] nos entregou as partituras e iniciamos os ensaios. Depois, ver tudo pronto foi realmente emocionante.” A iniciação da dona-de-casa no universo das artes se deu por meio dos cursos de dança do ventre que fez no Sesc Consolação e no próprio Vila Mariana. “Depois disso, me interessei de tal forma que procurei outros cursos e outros locais. Já faz três anos, por exemplo, que me apresento no Teatro Imprensa com a minha turma da academia de dança flamenca.” Ou seja, os palcos não eram novidade para dona Maria Beatriz. “Mas nem por isso a apresentação no Sesc foi menos emocionante. A escuridão da coxia, o barulho da cortina se abrindo, o primeiro acorde, é como um nascimento.”


Para o ano que começa - O que algumas unidades reservam para 2006
Para os que costumam freqüentar os cursos permanentes das unidades do Sesc São Paulo – ou para quem não tem esse hábito, mas pensa em adquiri-lo – há muita novidade neste ano. A unidade Ipiranga, por exemplo, vai iniciar um curso de voleibol para a terceira idade. A atividade terá o objetivo de desenvolver os fundamentos e as regras básicas do esporte, com exercícios originados do vôlei tradicional, com algumas variações e adaptações, de forma a atender às necessidades do público de mais idade. No Centro de Música do Sesc Vila Mariana está prevista a criação de uma orquestra sinfônica que agrupará as famílias das cordas, madeiras, metais e percussão, com o objetivo de promover maior interação entre alunos e professores, favorecendo a prática de um repertório variado. Já o Sesc Pompéia iniciará uma atividade chamada ginástica com bioball, trabalho realizado com bolas gigantes que pretende, por meio do relaxamento e da consciência corporal, desenvolver o equilíbrio e a força; e também os projetos Esporte Criança, Jovem e Idosos, por meio dos quais os alunos de diversas faixas etárias terão contato com experiências motoras e cognitivas em várias modalidades esportivas. Para mais informações, consulte a programação das unidades no Em Cartaz.