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As razões da insatisfação

O descontentamento generalizado com a situação reinante e o desejo de mudanças fizeram de 1968 um ano de mobilizações. Na Europa, dos dois lados da Cortina de Ferro, grandes manifestações foram reprimidas pela força. Nos Estados Unidos, a luta dos movimentos sociais em favor da igualdade racial e da emancipação da mulher, que vinha ganhando impulso desde o início da década, descambou para a violência após o assassinato do presidente John Kennedy, em 1963. Passados cinco anos, outros dois assassinatos, o do pastor negro Martin Luther King e o de Robert Kennedy, candidato à presidência do país, tiveram como conseqüência o agravamento dos conflitos. Nesse período, a juventude americana, cuja bandeira até então ostentava símbolos hippies de paz e amor, passou a engrossar as multidões que marchavam bradando slogans pelo fim da Guerra do Vietnã, que terminaria somente em 1975.

No Brasil, 1968 ficou caracterizado como um ano de repressão, que culminou com a promulgação do ato institucional número 5, em 13 de dezembro, e o extenso rol de mazelas que dele decorreram. Com o AI-5 veio também o recrudescimento da censura, cujo desdobramento mais nefasto foi condenar toda uma geração a uma formação cultural mutilada, da qual até hoje o país se ressente.

Enfim, após quatro décadas, Problemas Brasileiros procura mostrar um pouco do que foi aquele ano que tanta influência exerceu na vida de todos nós. E revela que a insatisfação que gerou aquelas manifestações ainda persiste, pois infelizmente não faltam motivos, hoje como ontem, para a indignação popular. É esse o assunto de capa desta edição.

Em outra matéria, esta da área econômica, temos uma boa notícia: o mercado brasileiro de computadores cresce a olhos vistos. Estima-se que até 2010 o Brasil ocupe a terceira posição no ranking mundial dos fabricantes dessas máquinas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China. É um dado animador, pois o uso cada vez mais disseminado desses equipamentos mostra que o país aposta também na tecnologia como ferramenta indispensável para atingir o pleno desenvolvimento.

Abram Szajman
Presidente da Federação e Centro do Comércio do Estado de São Paulo
e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac