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A arte da guerra de Ai Weiwei

O artista Ai Weiwei munido de uma câmera fotográfica: arma contra o Estado<br>Foto: Divulgação
O artista Ai Weiwei munido de uma câmera fotográfica: arma contra o Estado
Foto: Divulgação

Documentário "Ai Weiwei: Sem Perdão", que retrata as obras e a rotina do artista e ativista político chinês até a sua prisão, está em cartaz no CineSesc até dia 22/agosto

No clássico “A Arte da Guerra”, escrito por Sun Tzu no século IV a.C., é criada a figura de um general cujas qualidades são o segredo, a dissimulação e a surpresa. Esse tratado sobre guerra serviu a muitos estrategistas ao longo dos séculos, para os mais variados combates. Até que, na China contemporânea, a batalha travada pelo artista Ai Weiwei para afrontar o discurso oficial da “sociedade harmoniosa”, pregada pelo Partido Comunista do país, se valesse de ferramentas como a arte e a internet.

Considerado o artista mais influente da atualidade pela revista ArtReview, Weiwei pode ser visto como a antítese da proposta de Sun Tzu especialmente por uma característica: estar na linha de frente da crítica ao Estado sem segredo algum. O artista é conhecido por usar fotografias, postagens em seu blog e no Twitter, esculturas e instalações para chamar a atenção para os problemas da China.

Arte/ativismo

Ai Weiwei se tornou famoso a partir da exposição de fotos de suas obras, como “Dropping a Han Dynasty”, em que destruiu um vaso vesuviano para alertar a necessidade de quebra do regime - ele também pintou a logo da Coca-Cola em outras obras do tipo. Contratado pelo governo para participar do projeto de arquitetura do famoso estádio das Olimpíadas de Pequim em 2008, o “Ninho de Pássaro”, Weiwei denunciou os próprios jogos esportivos como uma grande propaganda política do partido e, por conta disso teve seu blog proibido e fechado, com todo o conteúdo apagado.

A gota d'água foi quando o artista usou o blog para mobilizar pessoas a coletar o nome de mais de cinco mil crianças mortas num terremoto em Sichuan, a maioria soterrada em "escolas de tofu", construções malfeitas por causa de desvio de dinheiro público.

Weiwei se manteve crítico e ativo em sua conta no Twitter e, em 2011, foi detido sem maiores explicações pelo regime comunista chinês para depois ser acusado de sonegação fiscal.

Solto depois de 81 dias e mesmo sob a vigilância constante do governo, Ai não parou por aí. Em junho deste ano, lançou um álbum de heavy metal entitulado "The Divine Comedy" para transmitir suas críticas sobre o estado autoritário da China.

Vida documentada

Esse período conturbado, de 2008 até a saída do artista da prisão, é exatamente o retratado no documentário “Ai Weiwei: Sem Perdão”. Nele, a diretora norte-americana Alison Klayman registra o processo de trabalho, o cotidiano e as opiniões abertas de Weiwei.

“Não acho que ser ‘independente’ é uma má escolha; isso significa que você se trata bem e não há nada que o obrigue a abandonar o seu ponto de vista básico ou o seu bom senso fundamental”, define-se o artista.

A produção foi vencedora do Prêmio do Júri de Sundance em 2012 e foi exibida no último Festival de Berlim. No CineSesc, fica em cartaz entre 9 e 22 de agosto.

A Folha de S.Paulo publicou uma crítica do longa, que você pode conferir aqui.

o que: Ai Weiwei: Sem Perdão
quando:

9 a 22/agosto

onde:

CineSesc | Rua Augusta, 2075
11 3087-0500

ingressos:

De R$2,00 a R$12,00 - Os preços variam de acordo
com a categoria e os dias da semana

 

Veja o trailer do documentário (em inglês)

Site oficial: https://www.facebook.com/awwneversor