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Comigo é na prática

Foto: Raul Lorenzeti
Foto: Raul Lorenzeti



Comigo é na prática!

Começando do fim, depois que o show acabou, Hermeto foi receber o seu público. A Eonline, que esperava pra fazer uma entrevista, foi preterida. "Primeiro o meu público". E o público estava lá: fosse um menino com deficiência visual que arrancou sorrisos do bruxo enquanto pegava na barba, fossem os malucos que viajaram quilômetros, saídos do norte do país, só pra ver o maestro. Depois de várias fotos e autógrafos, o músico respondeu a duas perguntinhas curtas, mas dando aquele banho de simpatia e humildade.

"Foi uma frase muito feliz da jornalista Ana Maria Bahiana, esse negócio de bruxo pegou no mundo inteiro, rapaz! Pra você ver, você que é jovem e devia ser muito pequenininho quando isso surgiu, está aqui pra me perguntar sobre!". Calma, Hermeto. Tá certo que, de fato, ele é o bruxo, mas aquele bruxo "alegre, um alquimista, sabe?". Mas a nossa pauta estava em outro contexto.

Os espetáculos musicais do Anfiteatro do Sesc na Bienal Internacional do Livro de São Paulo seguem uma trilha especial: são baseados nos arquétipos da cultura universal. A amazona, a fada, o guerreiro, o sábio, o trovador e o bruxo trazem seu universo musical para o palco.

Dos arquétipos escolhidos para a programação, o bruxo, talvez, estivesse pronto antes de ser proposto. Hermeto Pascoal é conhecido como "o bruxo das alagoas" por tirar som dos lugares mais improváveis, numa alquimia de sensações que te jogam pra um lugar insólito ao ver sair música de uma chaleira.

 

Ao perguntar pra Hermeto o que ele havia achado de tocar na Bienal, no meio dos livros todos, ele foi certeiro, "vocês, jornalistas, têm que parar de generalizar, sabe? Comigo é na prática! Como é que vão dizer que o brasileiro não gosta de ler? No meio desse mundaréu de gente, com um monte de livros em sacolas, nas mãos, nos braços? Quem diz isso se machucou, você não acha?". A gente acha, bruxo.

Neste podcast, um pouco da apresentação que abriu a programação musical baseada nos arquétipos, além de uma rápida entrevista com a técnica Priscila Gutierrez, uma das responsáveis pela programação cultural do Anfiteatro, e trechos do show do maestro e multinstrumentista que, com sua bruxaria, levou os presentes para outro lugar que não o parque do Anhembi: um lugar mágico e musical, espaço da canção do universo.

 


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