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Carta ao leitor

Até quando o Brasil vai deixar que riquezas inestimáveis se percam em conseqüência da exploração irracional que visa unicamente vantagens de curto prazo? Na reportagem de capa desta edição, apresentamos um panorama do que vem ocorrendo no Pantanal, um exemplo preocupante dessa situação. A maior planície alagada do mundo tem uma das mais importantes concentrações de biodiversidade do planeta, mas é um ecossistema frágil, cujo equilíbrio depende das cheias periódicas – qualquer alteração na qualidade ou no ciclo das águas pode comprometer de forma irreversível o meio ambiente. Sem um manejo adequado, a implantação de projetos agropecuários pode causar sérios problemas, como o desmatamento desordenado, que deixa o solo vulnerável à erosão, e o assoreamento de rios e córregos, provocado por sedimentos arrastados pela água. A fauna também sofre: várias espécies de peixe correm risco de extinção, devido à pesca predatória e também à contaminação por agrotóxicos e substâncias utilizadas no garimpo.

Mas há outros perigos rondando o Pantanal. Pesquisadores têm alertado que num futuro próximo uma parcela significativa da população da Terra enfrentará a escassez permanente de água. À primeira vista, isso parece estar longe de ser um problema para o Brasil, que poderia, inclusive, se transformar em importante provedor mundial. Além da imensa quantidade de rios, o país tem no subsolo um dos maiores reservatórios de água doce do mundo, o aqüífero Guarani, que abrange também parte dos territórios de Argentina, Paraguai e Uruguai. Com uma capacidade estimada em 37 mil quilômetros cúbicos, ele poderia abastecer a população brasileira por cerca de 2,5 mil anos. Porém, até mesmo esse verdadeiro mar subterrâneo está ameaçado, porque o assoreamento impermeabiliza o leito dos rios – que funcionam como alimentadores do aqüífero – e impede a reposição.