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Emerson Alcalde... E aí, Biblioteca pra quê?

BIBLIOTECA LIBERTE-SE DO ESPAÇO BIBLIOTECA

“Os saraus tiveram que invadir os botecos
Pois biblioteca não era lugar de poesia
Biblioteca tinha que ter silencio”
Criolo


Seria necessário pensar em bibliotecas físicas e estruturais em velozes tempos de avanços tecnológicos e numa tendência cada vez mais visual? O tempo é rápido e curto ou pelo menos assim o parece. Mas será que devemos mergulhar cegamente nas imagens seguindo o ritmo e a sonoridade deste novo tempo? O silêncio neste caos não seria um alimento para o intelecto, não desassociando jamais da corporeidade?

Bibliotecas públicas tem sua importância não há dúvidas o problema é que são poucas se compararmos com Chile e Argentina, países geograficamente menores porém que possuem acervos duas ou três vezes o brasileiro. Insuficientes, em questões numéricas, e nem raras são apropriadas pela população, com exceção de trabalhos escolares e dos poucos leitores “tradicionais”. Nosso papal enquanto cidadãos da cultura é de cobrar do poder público que primeiramente elas funcionem e em segundo que se abram. Ao invés de ser somente circulante ser ambulante.

Tudo isso é muito lento e o papel mais significativo são das Bibliotecas Comunitárias com menos burocracias e mais próximas de casa. Comunitária traz a ideia de não pertencer a uma única pessoa e que seu partilhar não vem desassociados de interferências de outras vozes. Pois afinal estamos na comunidade. E que esta atividade individual e silenciosa, olhos grunados em letras sobre linhas horizontais da esquerda pra direita, se torne também coletiva e sonora. O leitor tradicional terá que se adaptar aos novos leitores. Aprender a dividir o espaço no seu tempo mutuamente.

Torço pelas inciativas que tiram do espaço público arquitetônico empoeirado e os levam em ônibus que por si já é uma viagem, para bicicletas que já é um esporte, para praças que já é um encontro. Pode parecer romântico, mas me parece menos utópicos que a construção e manutenção de novas bibliotecas nestas gestões preocupadas apenas com a formação tecnicista de jovens para o mercado do trabalho.

Valoroso são ações a lugares que as bibliotecas públicas não chegaram. Mais Bibliotecas móveis que percorra veredas distantes da beira da represa a divisa entre casas de alvenaria e prédio populares até as serras. Mais poesia em áudio parar se ouvir nos celulares, ser toque de chamada. Vídeos poemas nas redes sociais. Mas nada disso substitui o livro impresso. São ouras artes ou as artes como na origem se hibridizando.

Poesias nas praças para além de casais e fumaças, se a mesma for mal iluminada acendemos um lampião, se não temos o livro imprimimos da internet e compartilhemos em roda para e com os transeuntes fazer da literatura um bem comum e rotineiro. Que a biblioteca vire o novo bar e que os bares virem bibliotecas, reais espaço de convivências.

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