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Arte sem fronteiras

 

Não há limites para a arte. A cada dia, essa afirmação é chancelada pelas artes plásticas, pelo cinema, pela música e pelo teatro. Vários são os grupos cênicos que, surgidos nas últimas décadas, desenvolvem suas produções apropriando-se de elementos de manifestações artísticas diferentes e eliminando qualquer obstáculo que os distancie do público. “Essa intersecção é uma coisa que acontece bastante nos espetáculos de hoje. Eu acho interessante essa contaminação”, revela o crítico de teatro brasileiro Daniel Schenker.

A peça A Tragédia Latino-Americana (Foto), do diretor e dramaturgo Felipe Hirsch, é inspirada no cenário sociopolítico do continente. Baseada em textos de autores da literatura contemporânea, tem trilha sonora executada ao vivo e projeções audiovisuais. “Todo meu background vem de tudo que eu vi em cinema. Na música também, mas muito mais no cinema”, comenta Hirsch.

Investigações feitas no campo das artes cênicas, sobretudo nos países da América Latina, Portugal e Espanha, rompem as barreiras da diferença da língua e constroem um novo repertório, baseado na aproximação histórica, geopolítica e cultural. Para discutir as identidades dos latinos e ibéricos a partir das produções teatrais, o Sesc São Paulo criou o Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos.

“Ao participar ativamente de festivais de teatro, sobretudo dos realizados nos países da América Latina, em Portugal e na Espanha, percebemos que era hora de voltar o olhar para a produção cultural de fora do país”, comenta Sérgio Luis de Oliveira, assistente técnico do Sesc. Segundo ele, essa iniciativa tenta aproximar o Brasil dos povos vizinhos, visto que o país, historicamente, recebia pouca informação sobre o teatro produzido em todo o continente.

Espetáculos e performances com temas atuais, propostas inovadoras e estéticas contemporâneas, todos os anos, são convidados a participar. “Na última edição do festival, em 2016, após intensa pesquisa, priorizamos discutir questões de gêneros, de territórios, de refugiados, de feminismo e de violência”, explica Luiz Fernando dos Santos Silva, um dos curadores.

No mesmo ano, durante a realização do Mirada, o SescTV convidou o diretor de cinema e teatro Cristiano Burlan para produzir o documentário No se Mira Impunemente. Inspirado na obra No Se Mira Impunemente pela Ventana, do dramaturgo e artista plástico polonês Tadeusz Kantor, o filme propõe um diálogo sobre o teatro ibero-americano contemporâneo. A produção contém trechos de espetáculos e depoimentos de profissionais ligados à área teatral sobre temas tratados nessas obras, como a violência e o rompimento das fronteiras entre o teatro, as artes plásticas, a dança, a literatura e o cinema.

 

Confira entrevista exclusiva com o diretor Cristiano Burlan para a Revista do SescTV

 

Segundo Burlan, o documentário capta instantes em que a relação de som e imagem conduz a uma imersão audiovisual. “Por isso, optamos por planos de cobertura da cidade de Santos e pela filmagem de alguns ensaios gerais das peças, na busca por capturar a relação do diretor com a obra em ato de ensaio e em ato de direção”, completa.

Partindo dos 42 espetáculos e 12 países presentes no festival, o diretor escolheu obras que dialogam com a realidade social e política das nações e que provocam questões estéticas peculiares, a exemplo dos dramaturgos Antunes Filho (Brasil), com a montagem Blanche, que fala sobre cultura da violência contra a mulher, Angélica Liddel (Espanha) com Que Haré Yo Con Esta Espada?, que aborda a questão da violência, presente na sociedade burguesa, e Rodrigo García (Argentina) com 4, que provoca o público a refletir sobre o tratamento dado às criaturas e suas vidas.

 

DOCUMENTÁRIO: NO SE MIRA IMPUNEMENTE
Direção: Cristiano Burlan
Dia 23, 22h
Classificação: 16 anos
Realização: SescTV
Assista online em sesctv.org.br/aovivo
 

 

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