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Preso político, Igor Mendes lança o livro 'A Pequena Prisão' no Sesc Ipiranga

Foto de Bruna Freire e arte do Ateliê Fora de Esquadro
Foto de Bruna Freire e arte do Ateliê Fora de Esquadro

O jovem escritor Igor Mendes lança nos dias 23 e 24/9, no Sesc Ipiranga, o livro A Pequena Prisão, obra em que relata os meses em que esteve preso no complexo presidiário de Bangu, no Rio de Janeiro. O evento conta com a Performance Invisível no dia 23/9, onde uma centena de livros serão manufaturados e assinados pelo escritor, além de um debate no dia 24/9 com o autor e Brenno Tardeli, Jaime Ginzburg e João Wainer, que discutem a literatura de cárcere e o sistema prisional brasileiro.

O livro

Em dezembro de 2014, o então estudante de geografia da UERJ, Igor Mendes foi preso ao participar de um festival de cultura do Dia do Professor; meses antes em 2013, ele havia sido detido após as manifestações no Rio de Janeiro, e solto por um habeas corpus que o impedia de participar de reuniões públicas. Um processo estruturado em uma série de falhas jurídicas manteve o jovem e outros acusados em cárcere - no caso de Igor por quase sete meses.

A fragilidade do processo contra Igor foi reconhecido por diversos órgão de defesa dos direitos humanos, e o jovem recebeu a medalha Chico Mendes de Resistência da ONG 'Tortura Nunca Mais', sendo libertado em junho de 2015.  No livro, Mendes relata a rotina carcerária, a falta de plataformas para se expressar, até mesmo as frases escritas com pasta de dente nas paredes da cela, por conta da proibição do uso de papel e caneta.
A urgência do diálogo sobre o sistema penitenciário emergiu nesta obra que terá seu lançamento realizado nesses dois dias.

A performance

Em a 'Floresta que Anda', parte da trilogia cinematográfica da diretora Christiane Jatahy, Igor Mendes aparece como um dos personagens, e inspirada neste trabalho, a artista Isabel Teixeira desenvolveu a 'Perfomance Invisível'.

No dia 23/9, durante todo o dia, das 10h às 21h, dez encadernadores estarão locados no Sesc Ipiranga produzindo em série, de forma manual, um total de 100 exemplares do livro 'A Pequena Prisão'. Com a presença do autor e a coordenação do encadernador e designer gráfico Pablo Peinado, eles terão duas pausas para banho de sol, a alimentação será feita no local com 'quentinhas' (brilhosas, como são chamadas na prisão), e serão acompanhados por um performer responsável para acompanhamento ao sanitário. A produção terá uma contagem regressiva para controle da produção dos exemplares e todo o processo será acompanhado pelo público presente, que poderá se comunicar com os encadernadores, estes uniformizados com calça jeans e camiseta branca.

O lançamento

Igor Mendes acompanhará a performance com os encadernadores e, após soar o alarme do final da contagem regressiva, o escritor receberá os convidados para assinatura tanto dos exemplares manufaturados, como os da produção industrial produzidos pela editora n-1. Todo o material será vendido no local e entregue ao público dentro de 'quentinhas', que simulam as refeições servidas nos presídios.

Mesa Redonda

No mesmo local da performance, onde ainda existirão traços de todo o processo manufatureiro dos livros, inclusive com o público em contato com as mesas de trabalho dos encadernadores, acontece o debate que aproxima a literatura produzida no cárcere, gênero do discurso literário que marcou obras de autores como Graciliano Ramos, Oscar Wilde e Antonin Artaud, e o sistema presidiário brasileiro em diversos aspectos. O debate conta com a presença do próprio Igor Mendes, de Brenno Tardelli, advogado e diretor de redação do Justificando; e do pesquisador e crítico literário Jaime Ginzburg, além de mediação do jornalista, fotógrafo e cineasta João Wainer, diretor dos longas “Pixo” (2009) e “Junho – o mês que abalou o Brasil”(2014). 

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Bom para acompanhar você quando estiver correndo, com saudade do Angeli e do Laerte dos anos 80 e outras cositas más. Chega mais!