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Comida que dá ‘sustância’

Quentinha, bandéco, marmita... vários nomes são dados para a companheira da refeição diária
Quentinha, bandéco, marmita... vários nomes são dados para a companheira da refeição diária

Em busca da opinião das pessoas, Cris Rocha e Marcelo Bérgamo saíram às ruas para escolher o recheio da marmita que vai trazer o sabor do cotidiano para os participantes da palestra Centro Periférico ou Periferia Central? no Sesc Bom Retiro, dia 5/dez

“Mas marmita não é coisa de peão? É sim senhor! Peão, trabalhador, operário... afinal a origem do bairro é operária. Meu próprio pai, imigrante português, também trabalhou ali, na Rua Silva Pinto". Foi com este espírito que a atriz-cozinheira Cris Rocha saiu pelas ruas do Bom Retiro ao lado do Chef Marcelo Bérgamo levando uma marmita vazia nas mãos e a ideia na cabeça: conversar com quem encontrassem pela rua para saber o que as pessoas gostariam de comer no popularmente conhecido “bandéco”.

O brasileiríssimo feijão com arroz foi sucesso entre as sugestões que tiveram opiniões de diferentes culturas "conseguimos conversar com brasileiros (quase todos nordestinos ou filhos), coreanos, bolivianos, judeus e até um rapaz da África do Sul", relembra a atriz-cozinheira com satisfação pela diversidade de pessoas que encontraram. "Desde o taxista que trabalha há 42 anos na região e nunca comeu marmita, passando por trabalhadores braçais e comerciantes, ouvimos histórias recheadas de simpatia", Conta Cris que além de ouvir o que as pessoas gostavam de saborear em suas marmitas provou o 'de comer' de Tina, "uma sul-coreana, mesmo falando pouco o português, literalmente abriu sua marmita repleta de sushis feitos pela mãe e compartilhou conosco sua deliciosa bóia fria oriental", conclui Cris.

Mas o cardápio desta quentinha ainda não está definido. Será na palestra Centro Periférico ou Periferia Central? que os participantes degustarão a iguaria. Os bairros da Luz, Bom Retiro, Santa Ifigênia e Campos Elísios estão na região central, mas não recebem um rótulo por sua localização, ora são enxergados como centro, ora como periferia. Quem por aqui passa, percebe as várias faces da região que muda dependendo do dia da semana ou da hora do dia.

E é no cotidiano popular que estão os momentos simples, mas grandiosos. O chef passou pela experiência “ofereceram-me comida, deram-me uma marmita preparada por mãos estranhas. Uma outra cultura. Mal sabia o que estava comendo, nuances doces, defumadas, reveladoras. Não importou quem preparou, não importou o que comi. O ato em si foi mágico, simples. Comunhão, doação, descoberta. Quando imaginaria que uma marmita pudesse revelar um mundo?”

Com o alimento, que é o símbolo representativo das culturas presentes nos bairros e uma palestra-debate sobre a importância dessa região, tão peculiar, para a lógica do espaço urbano paulistano, vamos imergir no mundo dos personagens que fazem da região um espaço democrático de convivência.

o que: Centro Periférico ou Periferia Central?
quando: 5/dezembro, às 19h
onde:

Sesc Bom Retiro | Alameda Nothmann, 185 | 3332-3600

ingressos: Inscrições a partir de 2,00

:: Cilco de Olhares Luz e Sombra

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