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Espetáculos para crianças exploram no palco a solidão e a guerra

Trecho de Achados e Perdidos, da Cia. De Feitos (Foto: Mariana Chama)
Trecho de Achados e Perdidos, da Cia. De Feitos (Foto: Mariana Chama)

De 6 a 31 de maio de 2018, o Sesc Pompeia recebe uma mostra de espetáculos infantis da Cia. De Feitos; serão duas peças apresentadas aos domingos, sempre às 12h. A primeira, Achados e Perdidos, fica em cartaz do dia 6 a 13 de maio, e a segunda, Inimigos, de 20 a 27 de maio, — com sessão extra no feriado de 31 de maio, quinta-feira, às 12h.

Criada em 2008, a Cia. De Feitos é um projeto derivado da Cia. Les Commediens Tropicales — essa voltada ao teatro adulto — e, como resultado de suas pesquisas cênicas, adentra ao mundo do teatro infantil abordando temas considerados "tabus" para crianças. Essas temáticas tangem vivências "sombrias", questionamentos filosóficos e existencialistas, assuntos mais direcionadas ao público adulto, como a morte, a busca pela felicidade, a solidão e a guerra. O intuito não é o de rotular esses sentimentos ou de trazer uma moral às crianças, mas um desafio à própria Cia. sobre a linguagem cênica ideal para falar sobre esses temas, atingindo lugares e questionamentos diferentes. Para isso, se apropriam da essência de obras literárias já existentes para a criação de novos enredos.


O melancólico pinguim de Achados e Perdidos (Foto: Mariana Chama)

O espetáculo cênico-musical Achados e Perdidos, baseado na obra homônima de Oliver Jeffers, é que abre a mostra. A história original acompanha um menino que, um dia, encontra um pinguim em frente a sua casa. Confuso, o personagem busca por maneiras de ajudá-lo a voltar para casa — mesmo que isso implique em ir até o Polo Sul. O menino, então, entende que o pinguim não estava perdido: ele estava só. Em argumento do filósofo grego Epicteto, solidão não é sobre estar desacompanhado, mas sim sobre se sentir sozinho em meio a outras pessoas. O interesse da Cia. é o de expressar esse ponto de vista às crianças.

No meio do mês de maio, é a vez de encenar Inimigos, baseado na obra do escritor suíço Davide Cali e do ilustrador francês Serge Bloch. Ambos propõem uma reflexão sobre a incoerência de uma guerra. Um buraco num campo de batalha dá lugar à história. Um soldado começa a se interrogar sobre seu inimigo, considerado um animal selvagem e impiedoso; sobre seus companheiros, agora silenciosos; e sobre o porquê de estar naquele lugar, naquela situação. O recado da história é mostrar aos pequenos e aos grandões que cada inimigo está dentro de si mesmo. É também uma obra questionadora sobre os conflitos armados e suas consequências. 


Cia. De Feitos questiona a guerra em Inimigos (Foto: Mariana Chama)