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Dicas para elaborar um Projeto Social e captar recursos

 Workshop 'Formação em Elaboração de Projetos e Captação de Recursos'<br>Foto: Ronaldo Domingues
Workshop 'Formação em Elaboração de Projetos e Captação de Recursos'
Foto: Ronaldo Domingues

Dentro da programação para o Dia do Desafio,  Sesc Campo Limpo convidou a campeã mundial de basquete Magic Paula e William Boudakian, Gerente de Projetos do Instituto Passe de Mágica, para ministrar o workshop ‘Formação em Elaboração de Projetos e Captação de Recursos’. 

Sabe aquela inquietação constante, aquele sonho ou mudança ao seu redor que você quer realizar mas não sabe por onde começar? Seja na vida pessoal ou no trabalho, tudo pode ser encarado como um projeto. É  importante sonhar, olhar para a realidade que você está inserido e também para o passado. É necessário se indignar para tentar mudar e o mais importante: é preciso saber planejar.

Diante disso, o Sesc Campo Limpo convidou William Boudakian, Assistente Social e Gerente de Projetos para ministrar o workshop ‘Formação em Elaboração de Projetos e Captação de Recursos’. Ele apresentou algumas das valiosas dicas de sucesso aplicadas no Instituto Passe de Mágica, do qual faz parte, criado pela gestora esportiva, campeã mundial pela seleção brasileira de basquete e medalhista olímpica, Magic Paula. Dicas preciosas que a gente divide aqui com você.

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SONHAR => PLANEJAR => REALIZAR  => CELEBRAR

Pra começar, precisamos entender a  definição do que é um projeto.  De acordo com PMBoK - Project Management Body of Knowledge, “Um projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto serviço ou resultado exclusivo”. Segundo William, assim como na vida, temos 4 fases: infância, juventude, adulto e idoso - um projeto também deve ser encarado como um ciclo de 4 fases.

A INFÂNCIA é justamente o momento de SONHAR, é nessa fase que você expõe a sua inquietação; na JUVENTUDE a gente começa a PLANEJAR, pensar nos objetivos e nas estratégias. Quando ADULTOS, precisamos REALIZAR: colocar em prática tudo aquilo que sonhamos e planejamos. E já IDOSOS, é o momento que temos para CELEBRAR, colher os resultados e histórias, agradecer e o mais importante: dar visibilidade para que o ciclo recomece, com novos sonhos e objetivos.

“A gente precisa se indignar.

Existe uma SITUAÇÃO que é um PROBLEMA e a gente deseja uma mudança.

A partir desta situação-problema que a gente constrói um caminho.”

Portanto um projeto nada mais é do que a organização e estruturação de um caminho para atingir um sonho. Em geral, todo projeto ou sonho começa de uma angústia, uma dor, de algo que nos incomoda. A partir daí a gente começa a imaginar algo, a se projetar. “A gente precisa se indignar. Existe uma SITUAÇÃO que é um PROBLEMA e a gente deseja uma mudança. E é desta situação-problema que a gente constrói um caminho”, conclui William.


RECEITA BÁSICA: 5W2H

São vários os tipos e modelos de organização e elaboração de projetos que existem. Não há uma fórmula definida pois isso varia de acordo com o perfil e a forma de organização de cada um. São maneiras diferentes de planejamento para chegar ao mesmo objetivo. Mas existe um formato utilizado por muitas pessoas e que William adota no Passe de Mágica. É o modelo 5W2H. Esse nome, que parece mais como fórmula de medicamento vem das iniciais das palavras descritas abaixo em inglês. Segundo ele, esse formato é uma das ferramentas que sintetiza como se organizar e pode ser utilizada em todos os tipos de projeto, seja ele pequeno, médio, grande ou gigante.

WHY ( Por que?) Justificativa do Projeto, situação problema, alinhamento estratégico, contexto, dados.

“É a terra fértil pro que vem aqui pra baixo. Todos os sonhos que você tem partem desse momento da gente ver a realidade que a gente tá e se indignar. Isso é o que dá alimento, sentido e propósito. Quando a gente responde o porque, a gente responde algo que já aconteceu. É importante a gente ter isso na nossa cabeça. É com aquilo que está no nosso passado que a gente chega a uma conclusão: de que não dá pra viver desse jeito”, reflete William.

WHAT (O que?) Objetivos, resultados, metas e benefícios do projeto.

Nesse ponto definimos exatamente o que queremos. “A gente só consegue construir um objetivo, pra construir uma mudança de algo que já aconteceu. Por isso o passo anterior é muito importante.”

HOW (Como?) Escopo do Projeto – O trabalho necessário (ações) para conquistar o “O que”

Pensar a ação. Nessa etapa definimos aquilo que é concreto e começamos a destrinchar todas as ações necessárias pra conquistar, como: o que faço primeiro, segundo, terceiro; o que precisamos contratar?, etc.

WHO (Quem?) Equipe e principais interessados

Este item define quem vai fazer, quem é a equipe que precisaremos formar e quem são os principais interessados no projeto.

WHEN (Quando?) Prazo inicial, final e datas importantes.

Aqui a  gente começa a planejar o tempo. Quando será o começo? Vai ter fim?  E colocar as datas importantes no radar.

WHERE (Onde?) Abrangência do Projeto (geográfico, afetados)

Determinar a abrangência do projeto e qual o perfil das pessoas que serão afetadas e beneficiadas.

HOW MUCH (Quanto?) Orçamento, quanto custa, recursos

Dinheiro...Depois de tudo, precisamos saber quanto vai custar e quais os recursos precisaremos. “É a parte simples mas que é chata de fazer. É importante a gente definir o orçamento real”, ressalta William.

CAPTANDO RECURSOS

Agora a melhor parte: os recursos para colocar o projeto em andamento. William destaca que o processo de captação de recursos está apoiado sobre seis pilares: causa, organização, sustentabilidade, transparência, comunicação e solicitação. Como a maior parte deles é auto explicativo, vamos focar em três: causa, comunicação e solicitação.

CAUSA -> Sempre que for captar um recurso e apresentar seu projeto, comece pela CAUSA. É através dessa exposição da causa que se reafirma o ideal coletivo, que se mobilizam as pessoas em torno da ideia. A apresentação do problema é o que sensibiliza. “Não adianta você apresentar um projeto falando O QUE você vai fazer, se você não mostrar a situação-problema. É preciso conectar o apoiador com o coração”, lembra.

COMUNICAÇÃO -> É o canal em que você apresenta a sua instituição, mostra a imagem da organização perante a sociedade, qual a sua mensagem para a sociedade e doadores e também a forma como as pessoas podem doar (site, telefone, cartão de crédito).

SOLICITAÇÃO -> Após agendar a reunião com um possível apoiador, devemos preparar a proposta, e é importante esquecer aquela velha fórmula de pedir recursos sob o viés do necessitado. Precisamos ter em mente (e passar para o apoiador) que o projeto é uma causa nobre para o país e é uma grande oportunidade que você está dando para a empresa, não esquecendo de ressaltar as contrapartidas e estabelecer a reciprocidade. Dessa maneira, você constrói uma relação de justiça e igualdade de oportunidades entre o seu projeto e a empresa.

 

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