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Paisagens Postais: imaginários em trânsito

Ilustração: Thiago Lopes
Ilustração: Thiago Lopes

Sabe aquela viagem inesquecível? Quais as recordações que trouxe com você? E se pudesse retratar tudo isso num cartão-postal? Qual imagem e impressões gostaria de colocar neste pequeno quadrado de papel? Que tal aquela paisagem linda no final de tarde ou aquele alvorescer que te faz agora fechar os olhos para enxergar dentro da lembrança? Consegue expressar em palavras o sabor daquela comida regional que experimentou pela primeira vez e até agora saliva a boca quando lembra? E aquele cheiro de mar ou de mata que ao recordar te faz respirar mais fundo novamente?

Talvez a arquitetura típica do lugar tenha desenhado novos traços na geometria do seu olhar, ou a cultura local lhe trouxe novas formas de ver o mundo e enxergar o outro. Com certeza tudo isso não caberia no retângulo de apenas um cartão-postal. Ah! E ainda tem sempre aqueles “perrengues” que tornam a viagem mais divertida, pelo menos depois que retornamos, e rendem ótimas histórias para contar. Nem sempre o destino e a viagem são exatamente como imaginamos, não é verdade?

E a verdade é que sobre isto mesmo que queremos falar, sobre este imaginário construído dos lugares. Para tanto o Turismo Social do Sesc em São Paulo propõe uma reflexão com a realização do Festival de Turismo Paisagens Postais, que acontece em várias unidades do Sesc São Paulo, de 25/out a 11/nov, e traz o cartão-postal como mote de oficinas, bate-papos, encontros e passeios temáticos.

A Abertura do Festival acontece neste dia 25/10, a partir das 17h no Sesc Avenida Paulista, com a realização do bate-papo "Postais e Turismo: Imaginários em trânsito", da ambientação “Paisagens Postais” com ilustrações da série de cartões-postais confeccionados por 30 unidades do Sesc em São Paulo, e a intervenção artística “Escrita de Postais” com o Coletivo Estopô Balaio de Arte, Criação e Narrativa.

Para este bate-papo que propõe um diálogo sobre a influência dos cartões-postais na formação de imaginários coletivos e individuais dos destinos turísticos, convidamos Rubens Fernandes Junior e Euler David de Siqueira para exporem suas pesquisas sobre os cartões-postais refletindo criticamente sobre a complexidade desse objeto de viagem. Rubens Fernandes Junior é  jornalista, curador,  crítico de fotografia, e  autor do artigo “Os postais efêmeros da enigmática Série F". Euler David de Siqueira é professor e pesquisador da UFRRJ e desde 2003 desenvolve pesquisas nos campos da antropologia, da sociologia, do imaginário e da mobilidade, sendo autor do artigo:  “Corpo, mito e imaginário nos postais das praias cariocas”. 

No mês de outubro, quando se comemora os 70 anos de atividades de Turismo Social, o Sesc em São Paulo apresenta ao público os cartões-postais "Paisagens Postais". Resultado de um trabalho feito a muitas e talentosas mãos, as ilustrações da série foram realizadas por diferentes artistas - como Paulo Von Poser, Eduardo Bajzek, Edson Ramos e Sonya Mello, dentre outros - convidados a retratar as localidades onde estão inseridas 30 unidades do Sesc no Estado, a partir de um olhar voltado para a memória, o território, as identidades e o patrimônio cultural. Os postais serão distribuídos aos participantes das atividades de Turismo Social em forma de kits (contendo seis cartões da unidade e de seu entorno), a partir do Festival de Turismo até o final do mês de dezembro. Uma seleção destas ilustrações de cada unidade estarão compondo a ambientação do evento de abertura do festival no Sesc Avenida Paulista.

E para convidar o público a mergulhar neste universo dos cartões-postais e das memórias de viagem, os atores e músicos do Coletivo Estopô Balaio, realizam a atividade Escrita de Postais na qual provocam os transeuntes para escrever um cartão postal a fim de incentivar a escrita e engordar a saudade. O Coletivo é construído por artistas migrantes que vivem na cidade de São Paulo e que a partir desta experiência elabora seus projetos de intervenção urbana, residências artísticas e criação de espetáculos. Eles desenvolvem há três anos escritas de cartas nas estações de trem do estado de São Paulo.

Encontramos nas cartas a possibilidade de aprofundar a escrita de si e o diálogo com o outro; e na estação de trem a subjetividade para os encontros. Escrever cartas nas estações é uma forma de instituir o convívio no espaço público. De construir aos olhos de todos uma relação de afeto. – Estopô Balaio

Os cartões postais são uma estratégia para se conectar com o entorno, para visibilizar as paisagens urbanas que já não são mais percebidas, ao passo em que encurta a distância entre os corpos migrantes. Para tanto, os artistas do Coletivo se revezam entre escrever e cantar. Entre cada escrita, uma música é cantada a fim de atrair mais pessoas.

Ah! É claro que não poderíamos esquecer da música! Você lembra daquela música que foi a trilha sonora da sua viagem? Ao ouvir-la novamente ela ressoa na batida do seu coração? E por falar nele, o coração ficou apertado com tantas lembranças de viagens e das pessoas queridas que fizeram parte delas? Sabe qual o nome disso, é saudade. Que tal escrever um postal para gente contando tudo isso? A gente sabe como é! O tamanho da saudade é sempre proporcional a felicidade que já vivemos, não é mesmo? Mas isso é lindo!

Uma lembrança que vem agora, e por acaso cai muito bem no final deste texto e nestes dias conturbados em que vivemos, é o verso do poema "Metade", de autoria de Oswaldo Montenegro e escrito para a sua peça "João sem nome", em 1974:

"...porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade.”

E falando em saudade, o Coletivo Estopô Balaio gravou um convite especial para a abertura do Festival de Turismo Paisagens Postais: 

 

Saiba mais em sescsp.org.br/paisagenspostais