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As finais fronteiras na tela do CineSesc

O CineSesc lança a primeira etapa de sua missão espacial em 28 de novembro. A exibição do filme 2001: Uma Odisseia no Espaço é o primeiro passo do ciclo Fronteiras Finais que, entre novembro de 2018 e julho de 2019, traz ao cinema obras que se relacionam com os 50 anos da primeira caminhada humana na Lua.

Três filmes compõem o primeiro módulo dessa missão, começando por 2001: Uma Odisseia no Espaço, o quinquagenário clássico que precedeu em um ano a chegada da Apollo 11 ao nosso satélite natural. Se o espaço sideral desde muito cedo tornou-se alvo de disputas, a jornalista Ana Maria Bahiana recupera o pensamento do diretor Stanley Kubrick ao olhar para a Terra de fora dela: “Para Kubrick, a proliferação de relatos sobre esta nova fronteira da ciência era um assunto fascinante, que transcendia a hostilidade política. Era o espaço em si, a Terra como habitante do espaço e a solidão da humanidade no cosmos que o fascinavam”.

Junto com o Projeto Replicante e a Editora Aleph, o CineSesc ainda levará para sua sala, nesse primeiro momento de Fronteiras Finais, os filmes O Planeta dos Macacos e Solaris. No primeiro deles, assistimos à jornada distópica de um astronauta obrigado a confrontar novas formulações de humanidade. O jornalista Sérgio Rizzo relembra que o filme de Franklin J. Schaffner, inspirado em livro de Pierre Boulle, chegou às salas de cinema na mesma semana que o de Kubrick, e, embora muito diferentes, passaram a oferecer duas visões de futuro para uma geração que lançava olhares intergalácticos. Mas Rizzo tem um palpite de quem se deu melhor ao imaginar o porvir: “Basta dar uma olhada no atual estado de coisas para constatar que a perspectiva de Boulle tem mais a ver com o futuro que hoje imaginamos do que a de Kubrick e Clarke.”

Já em Solaris, onde testemunhamos o despreparo de um homem em conhecer os grandes mistérios do universo, temos uma espécie de versão soviética à corrida espacial produzida por Andrei Tarkovsky. A diferença, aponta o pesquisador Braulio Tavares, é que “os personagens de Tarkovsky experimentam emoções intensas, mas o tratamento em volta é todo frio, contemplativo. Um filme em que vemos mortes e ressurreições, mas a batida do coração nem muda.”

Muito antes de avançar para além das camadas da atmosfera, a imaginação e as observações astronômicas já permitiam a construção mental de imagens de mundos extraterrestres. A ficção científica, tantas vezes acusada de preconizar o futuro, incorporou em sua trajetória avanços técnicos e os desejos humanos.  Com a fusão entre arte e ciência que possibilitou a criação do cinema, multidões de pessoas comuns já puderam visitar o Cosmos dentro de uma sala escura. Fronteiras Finais é mais uma chance de enxergar os futuros distantes criados por cineastas, roteiristas, atores e técnicos em épocas não tão longínquas assim.