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Tebas, o arquiteto da São Paulo do século 18

Fotos: Bárbara Carneiro
Fotos: Bárbara Carneiro

Tebas (1721-1811) trabalhou nas fachadas da igreja do Convento do Carmo, São Bento e São Francisco nos três vértices do triângulo histórico de São Paulo. Especialista em talhar e aparelhar pedras, conquistou a alforria aos 57 anos de idade. Abílio Ferreira apresentou essa história no turismo social, em um passeio que percorreu ruas do centro histórico.

Talvez você provavelmente já saiba que o prédio do Sesc Carmo fica na Rua do Carmo, no número 147. Que ali dentro acontecem diversas atividades de segunda a sexta-feira, entre cursos, oficinas, encontros, vivências. Mas talvez você não saiba que o Sesc Carmo se espalha por outros espaços, para além das paredes do prédio que abriga a unidade desde 1963. 

A cidade foi se tornando um documento e sua história se revelava nas construções - e às vezes nos vazios - em que nossos olhos se detinham. Guiado por Abílio Ferreira, o passeio começou pela mesma Rua do Carmo onde está o Sesc. Ali, está a Igreja Nossa Senhora do Carmo, e, um dia, já esteve o Convento do Carmo.

A construção feita em pedra destoa da arquitetura do período, pois era raro esse material na São Paulo de Piratininga, devido à necessidade de transportar de outras localidades. No século XVIII, quando São Paulo estava ainda longe de se tornar uma cidade pujante, um homem escravizado, vindo de Santos, impactou sua arquitetura. Joaquim Pinto de Oliveira, conhecido como Tebas, sabia trabalhar com pedras e legou à cidade obras como as frentes das igrejas Nossa Senhora do Carmo, Ordem Terceira do Seráfico São Francisco e do Mosteiro de São Bento.

Além do Convento do Carmo, que deu lugar a outro prédio, o Chafariz da Misericórdia, construído em 1792, e a antiga Catedral da Sé de 1778 também não ocupam mais os lugares onde Tebas trabalhou. Enquanto o grupo caminhava pelas ruas, as memórias de uma cidade que não existe mais iam se desenhando no espaço. Abílio informava sobre a história, mas também sobre as lendas que rondam a figura de Tebas que, muito possivelmente, conseguiu sua alforria após a construção da torre da antiga Catedral. Bento de Oliveira Lima, mestre pedreiro, começara a construção em 1767, mas, com sua morte em 1769, sobrou para Tebas, que era seu escravo, terminar a obra. 

A documentação histórica do período não é farta, e, por isso, há inúmeras lacunas que a pesquisa tenta preencher. Sabe-se que Tebas nasceu em Santos, mas não se conhece sua filiação, nem se ainda há sucessores vivos. Supõe-se que seu nome era um apelido dado como elogio por suas obras, cheias de habilidade e presteza no fazer manual. Conhecer os talentos desse homem depois de tantos séculos nos ajuda a perceber que São Paulo é uma cidade que se mostra e esconde diante dos nossos próprios olhos.

A história de São Paulo e de muitas outras personalidades pode ser conhecida em passeios do Turismo Social. Saiba aqui quais são os próximos destinos.