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Festival Minas no Front celebra o protagonismo feminino no rock

Festival Minas no Front. 21 a 23 de junho, no Sesc Pompeia (Imagem: Juliana Lopes)
Festival Minas no Front. 21 a 23 de junho, no Sesc Pompeia (Imagem: Juliana Lopes)

Ao entrar na sessão de rock de qualquer loja que venda CDs, a predominância masculina na formação das bandas é gritante. Para provar que a realidade é bem diferente do que é exposto pelo mercado, o Sesc Pompeia apresenta Minas no Front, festival que traz outra perspectiva para esse cenário e dá espaço – que, infelizmente, ainda é muito restrito – a mulheres que detonam nesse gênero musical.

De 21 a 23 de junho, seis bandas se apresentam no palco da Comedoria do Sesc Pompeia. Os grupos Dominatrix e Cora abrem o evento na quinta-feira, dia 21/6, seguidas por Miêta e Rakta, que comandam o segundo dia de festival. Quem fecha o Minas no Front são as bandas Ema Stoned e My Magical Glowing Lens no sábado, dia 23/6. Além dos shows, três minas discotecam durante o Minas no Front; são elas Camila Mazzini, no dia 21, Amanda Buttler, no dia 22, e a DJ Lu Riot, no dia 23 de junho.  

EOnline conversou com as artistas sobre a diferença com que as mulheres são tratadas nesse ambiente. Confira!

Desigualdade 
O rock é um gênero que pode ser bastante opressivo e reprodutor de LGBTfobia, racismo, machismo e qualquer outra opressão social”, lamentam as integrantes da banda Miêta, formada por três mulheres. Gabriela Deptulski, multi-instrumentista que idealizou o projeto My Magical Glowing Lens, concorda. "Penso o rock como um dos meios mais machistas, pois a figura feminina é colocada quase sempre como a tiete”. Como ela é a única integrante fixa da formação da My Magical..., muitas vezes encontra obstáculos quando está trabalhando com homens. “Me parece que alguns homens não gostam de ver mulheres em destaque, por isso trabalhar com homens é um desafio. É sempre um desafio fazê-los compreender que quem lidera o projeto sou eu”, contou Gabriela. “Enquanto musicistas, é muito comum crescer sem muita confiança no próprio processo artístico. Diferentemente dos caras que tocam, a gente não tem muito estímulo enquanto artista”, explicaram as integrantes do Miêta.

Resistência
Temos percebido um aumento na presença de artistas femininas nos festivais. Há cantoras, compositoras, instrumentistas incríveis espalhadas por todo o país e a existência de cada uma delas é, de certa forma, um ato de resistência”, relatou Jéssica Fulganio, baterista da Ema Stoned, banda experimental que une jazz, noise e psicodelia. “Todas as vezes em que uma mulher decide se expressar seriamente através da música, seja tocando, produzindo, compondo, carregando equipamento, construindo seu equipamento, cantando (...), contribuímos para uma pequena revolução”, argumenta Jéssica.

Elisa Gargiulo, da Dominatrix, conta que durante os 23 anos de existência da banda, elas mantêm a mesma missão: “formar feminista e politicamente jovens mulheres por meio da música e denunciar as violências misóginas que acontecem dentro e fora do cenário musical. O espaço que o Sesc Pompeia está oferecendo é fundamental e representa um esforço da equipe do projeto em reafirmar as lutas das mulheres na música e na arte em geral”, conta Elisa.

Empoderamento
“A gente vê o protagonismo feminino como uma ferramenta essencial para fomentar esse processo de recobrar autoconfiança e uma rede de estímulo mútuo entre mulheres”, contam as integrantes do Miêta. “Minas no Front abre um espaço de visibilidade extremamente significativo para as mulheres que estão fazendo trabalhos incríveis, mostra que o lugar de mulher é na música, sim, e que nós somos muitas trabalhando muito bem com isso. Mulheres na linha de frente, mesmo”, completaram.

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